CAPÍTULO 7

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    A minha mãe está me encarando, Noah em uma gargalhada fala:
    -Viu Meredith? Não foi tão difícil.
    -Você não tinha o direito de contar isso a ele- Minha mãe esta berrando, todos olham para Noah com um olhar de reprovação.
    -Eu não tinha o direito de contar ao meu filho, que ele cresceu sendo enganado? Eu deveria deixar o meu filho continuar achando que era filho de um assassino? Já passou pela sua cabeça que eu talvez tenha direito de falar disso com ele tanto quanto você?
    Cada vez que ouço a palavra “meu”, como se fosse um objeto, como se pertencesse a ele, sinto náuseas, em menos de três minutos descobri que não sou filho do homem com quem convivi todos os meus dezesseis anos de vida e imediatamente descubro também quem é meu pai verdadeiro, alguém que não conhecia até a tarde de hoje e que já me trata como um objeto que pertence a ele, não aguento ficar mais aqui, com essas pessoas todas me encarando, esperando a minha reação, então saio correndo da garagem, galpão ou seja lá onde estamos, escuto passos atrás de mim.
    -Eu preciso ficar sozinho mãe, não quero conversar.
    -Então acho melhor você falar isso diretamente a ela
    Olho para trás, não foi a minha mãe que me seguiu, Christina está bem ao lado da porta do galpão.
    -Me desculpe, achei que fosse a minha... Por que está aqui?
    -Bem, acho que devo a você um abraço.- Ela se aproxima com cuidado, como se estivesse se aproximando de um animal selvagem. Depois de um tempo parada ao meu lado ela estende seus braços ao redor do meu corpo, ela é mais baixa que eu, mas seu abraço é aconchegante.- Não é o fim do mundo Peter, você vai dar a sua mãe a chance de se explicar, ela com certeza escondeu isso de você para te proteger.
    -Como esconder algo assim de mim poderia me proteger?
    -O que você faria tivesse descoberto isso antes? Tem certeza que não teria confrontado sua mãe, ou até mesmo Stalin? O que acha que aconteceria a você e a sua mãe se ele soubesse que você não é filho dele?
    Fico Em silêncio, Christina tem razão, eu não conseguiria me manter frio e indiferente com Stalin se soubesse disso antes, a minha mãe provavelmente sabia disso também, por isso não me contou.
    -Não é o fim do mundo Peter, vai ficar tudo bem.
    -Preciso fazer você me dever mais abraços.
    Sinto o corpo dela tremer enquanto ri.
    -Você está melhor?
    Estou melhor, mas não quero que esse momento acabe, não quero me afastar dela, não quero voltar para dentro, mas não temos tempo a perder.
    -Sim, já podemos voltar.
    Ela me abraça com mais força por um instante.
    -Estou sempre ao seu lado... Caso precise de qualquer coisa- Ela me solta e voltamos para o galpão.       

***
    A minha mãe está sentada em uma cadeira velha, com as mãos no rosto, não sei o que dizer então apenas fico ao seu lado, até que ela perceba que estou lá.
    -Peter, eu ia te contar, só não achei que estivesse preparado.
    Ela abre a boca, como se fosse falar mais, mas não espero pra ouvir o que ela tem a dizer, a levanto da cadeira e a abraço com o máximo de força que consigo.
    -Está tudo bem mãe, eu entendo, está tudo bem, nós estamos bem.
    Sinto uma pontada no coração, nunca quis fazer a minha mãe chorar.
    -Obrigado- Ela aperta mais o corpo contra o meu enquanto fala.
    -Não tem que me agradecer.
    Ouço uma pequena risada, penso vir de Noah, mas não me importo, só quero ficar com a minha mãe, não me importo se ela mentiu para mim, ela sempre esteve tentando me proteger.
    -Muito bem, agora que estamos todos bem vou explicar para vocês como vai funcionar o nosso ataque.- A voz de Mikhael enche os meus ouvidos, lembro de onde estamos, do que estamos fazendo.

PangéiaWhere stories live. Discover now