CAPÍTULO 5

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De repente os disparos pararam, está tudo silencioso, então escuto passos, cada vez mais próximos, uma voz interrompe o silêncio, meu coração está batendo tão forte que dói, não sei o que esperar, não sei o que fazer.
-Não estamos aqui para machucar vocês, só queremos conversar.
Ouço a voz da minha mãe na minha cabeça, quando ela me puxou para o beco, meu corpo então relaxa por completo e apenas se move para fora da mesa, pouco tempo depois Katherine e Christina fazem o mesmo.
-Espero que saiba o que está fazendo- A voz de Katherine soa preocupada, espantada.
-O que querem de nós? Como invadiram a Pangéia?- Não lembro de ter decidido falar isso, parece que a minha cabeça não sabe o que fazer, mas o meu corpo sabe, é como um instinto
-Você é um garoto experto Peter, não acho que qualquer pessoa deduziria que somos de fora da Pangéia... A sua mãe já deve ter lhe contado muita coisa.
-Peter quem são eles?- Christina soluça enquanto pergunta.
-Eu não sei quem são, mas sei de onde são...
-Eu lamento interromper essa conversa... Mas garanto que teremos muito tempo para esclarecer tudo, mas não aqui, os guardas da fronteira não vão demorar a chegar, eles não são do tipo que capturam a presa viva. Você sabe bem disso, não é Peter?
A imagem do homem caindo morto no dia do meu registro vem a minha cabeça como uma pancada.
-Katherine, Christina, confiem em mim, vamos ficar bem, mas agora precisamos ir com eles.
Katherine e Christina se olham por um momento como se estivessem decidindo o que fazer, depois acenam com a cabeça para mim e somos guiados até um carro preto.

***
Reconheço o lugar onde estamos, a minha mãe me trouxe aqui quando falou sobre o ataque nuclear que a Pangéia organizou.
-Esse é o único lugar da cidade que não tem câmeras, aqui é o único lugar seguro para conversarmos, a propósito meu nome é Noah, essa aqui- Ele aponta com a cabeça para a mulher que estava com ele na cafeteria e dirigiu o carro- é Annie.
Christina se apóia no ombro de Katherine e abaixa a cabeça, como se estivesse chorando, mas não vejo nenhuma lágrima, então fico mais aliviado.
-Peter, você sabe por que estamos aqui não é?
-Vocês querem vingança?
Christina levanta a cabeça rapidamente e olha para mim.
-Vingança pelo quê?
Annie olha pra mim e fala:
-Por que você não conta a elas Peter?
Meu coração aperta, não sei como contar a elas que tudo o que aprenderam era mentira, que cresceram ouvindo boas histórias sobre a Pangéia, que destruiu os continentes.
-Christina, há anos atrás, a Pangéia ordenou o ataque nuclear que destruiu os continentes...
-Isso é impossível, como a Pangéia tinha armas nucleares?
-Não tinha, eles se infiltraram no governo dos continentes e usaram as armas nucleares deles.
-Isso não pode ser verdade- Christina levanta a voz e agora está berrando- Isso não pode ser verdade, vocês não podem simplesmente acusar a Pangéia sem provas e esperar que eu acredite- Antes que ela termine de falar, Noah a interrompe:
-Mas nós temos provas.
Ele tira da bolsa que tem nas costas uma pasta cheia de papeis e entrega a Christina.
-Esses são os documentos assinados pelo conselho da Pangéia, permitindo o ataque nuclear.
Os documentos possuem a marca do conselho, Katherine está olhando incrédula para os papéis, depois repousa a mão no ombro de Christina, sei o que ela está pensando, o pai dela também faz parte do conselho, tenho certeza que ela já viu papéis assim antes.
-Christina, não há como negar, isso sem dúvida é do conselho.
Christina cai de joelhos no chão e põe as mãos sobre o rosto, vejo seu corpo todo tremer cada vez que ela soluça, sei como ela se sente, ter sido enganada a vida toda, crescer acreditando em mentiras.
-Nós não temos tempo para processar as informações, então terão que fazer isso a medida que recebem mais e mais. A Pangéia é um sistema falho, foram capazes de matar bilhões de pessoas, agora nós queremos tirar o conselho do poder, expor a verdade ao povo e derrubar a fronteira, queremos de volta o nosso mundo, que a Pangéia tomou, mas não podemos fazer isso com o conselho ainda no poder, ou eles simplesmente destruiriam a pouca população que restou, queremos acabar com esse sistema assassino.
-Vocês mataram uma idosa sem qualquer piedade, vocês também são assassinos.- Interrompe Katherine.
-Aquela "idosa" foi uma das espiãs que lançaram as bombas atômicas, ela destruiu todo um país.
Katherine olha espantada para as duas sombras que entram pela porta, eu reconheço esse homem, é o pai de Katherine, acompanhado pela minha mãe.

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