Indo para casa...

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Quando vejo que já estou um tanto sóbria, decido que é hora de voltar para o meu apartamento.
Com toda certeza vou ter uma grande dificuldade para ir trabalhar hoje, mas valeu totalmente a pena.


Despeço-me do pessoal que ainda restava no apartamento. Já que a maioria havia ido embora, a única pessoa que não encontrei foi a Lucy. Acho, ou melhor, tenho certeza que ela deve estar enfiada no quarto com algum de nossos colegas. Ela não tem jeito mesmo...


Quando estou preste a fechar a porta para ir embora, alguém segura a minha mão sobre a maçaneta, instintivamente me viro para ver quem é.



- Não pretendia ir embora sem se despedir de mim, não é? - Pergunta sugestivamente



- Nossa! Mil desculpas, Ernest. Eu nunca faria isso, só pensei que você já tinha ido embora. - Respondo sem jeito.



O clima entre nós está estranho nos últimos dias, ele anda distante. Na verdade ele está muito diferente comigo, não sei explicar o que mudou. Mas tenho a absoluta convicção de que mudou.


- Sei... Vou desculpar só dessa vez hein, não se acostuma não. - Diz ele com um sorriso largo.

Eu ainda não sei como alguém pode ter um sorriso tão lindo!


- Juro não fazer novamente. Prometo, chefe! - Digo brincalhona também.


Ele está a uma distância razoável, mas de onde estou posso ver o brilho que passa por seus olhos. Ele me observa atentamente e isso me deixa um tanto quanto tímida.
Seu olhar me avalia por completo, não é uma avaliação sacana, está mais como se quisesse capturar algo além do que se possa ver.
Não consigo me manter quieta por mais tempo, então quebro o silêncio entre nós dois.


- Hum, então eu já vou indo. Não sei nem como vou conseguir ir trabalhar hoje ainda!


- E eu então? Nem me fale de trabalho! - Ele diz dramaticamente colocando a mão no peito.


- Haha, engraçadinho. Você nem trabalha direito, não precisa acordar cedo todos os santos dias. - Lanço um olhar desafiador para ele.


- Ei, eu trabalho sim! Só que é um trabalho diferente, mas ainda assim é cansativo.

Do jeito que ele fala, até parece ofendido, mas eu sei que ele só está fazendo charme. Eu que não reclamaria de ter que trabalhar a noite. Odeio ter que acordar cedo!



- Então tá. Vamos fazer assim, você fica com o meu emprego e eu fico com o seu, pode ser?



- Sua proposta é muito tentandora, mas vou ficar com o meu mesmo, obrigada! - Diz rindo.



- Que pena... Mas agora é sério, já vou indo nessa. Senão eu mal conseguirei ficar com os olhos abertos na empresa.



- Posso te levar até a portaria? - Ele pede de um jeito todo tímido, que chega a ser fofo.



- Claro que pode! - Respondo sorrindo.
Até parece que eu falaria que não.



No caminho até o lado de fora do prédio, permanecemos em silêncio, um silêncio terrivelmente constrangedor.

É estranho como em um momento tempos tanto assunto e no outro não encontro nada que possa falar com ele.



Chegamos até onde eu havia estacionado o meu carro, só o que me assusta é que ele não está onde eu o tinha deixado.
Eu tenho certeza que estacionei bem na frente do prédio. Não estou tão bêbada ao ponto de não me lembrar onde coloquei meu próprio carro!



- Onde você estacionou seu carro? Se quiser posso te acompanhar até ele. - Se pronuncia, Ernest todo gentil.



O que eu faço agora?

Digo que não sei onde está o meu carro ou minto para ele?
Bom, na verdade não tenho muita escolha, não posso falar para ele que meu carro sumiu, porque ele irá me chamar de louca.

Ou será que roubaram ele?

Só de pensar que alguém algum dia iria querer roubar aquela coisa velha, eu mesma entro no consenso de que posso estar mesmo doida.



- Éh... que.. Na verdade eu não trouxe o meu carro, estava muito calor então eu resolvi vir andando mesmo. - Caramba eu sou uma péssima mentirosa.



- Sério? Mas agora já está tarde para ir sozinha. - Deixa que eu te levo.


Quando vou responder, uma voz masculina nos interrompe. Mesmo estando de costa para o intruso, tenho absoluta certeza que sei de quem se trata. O que eu não sei é como foi que ele me achou!




- Pode deixar que eu levo a Clara embora. - Ele se posiciona bem atrás de mim, em uma atitude protetora.

Mas o que ele está pensando?

Ele pirou de vez, é isso.


- Você está de acordo, Clara? - Pergunta Ernest desconfiado.


Antes de eu sequer começar a frase sou interrompida novamente.



- Claro que ela está, você é surdo ou o que? Eu disse que vou levá-la, não precisa dar uma de babá. - Sua voz é calma, mas ao mesmo tempo ameaçadora.



- Não estou dando de uma de babá, só acho que ela tem uma boca e ela pode decidir com quem ela quer ir embora. E quem é você para chegar aqui dando ordens? - Responde meu amigo a altura.



Santo Deus, onde eu fui me enfiar? Parece até aquelas brigas de galos selvagens.

Eu não sou nenhum objeto para ficarem disputando.



- Quer parar vocês dois! Ninguém vai me levar embora, eu vou ir sozinha caminhando. - Digo em um tom chateada.



- Ah, mas não vai mesmo, você já viu que horas são? Não é seguro andar por aí sozinha! - Fala Bryan de modo decisivo.



Que droga! Eu só queria ir embora.
Melhor eu queria ir embora sozinha no meu carro, esse que eu nem sei onde está.

E se alguém realmente tiver roubado?
Como vou arrumar dinheiro para comprar outro?
Aí senhor!

Foco novamente minha mente para a briga besta, que está acontecendo na minha frente.



- Já chega! Eu só quero ir para a casa. Ernest, muito obrigada, mas eu vou com o Senhor Miller. Ele é o meu chefe, que de certo está aqui porque tem algum assunto muito importante de trabalho que não poderia esperar apenas algumas horas, até que eu chegasse à empresa, não é chefe? - Digo desafiadora.


Ele me lança um olhar nada amigável, mas concorda com a minha história.


- Bom, já que é assim tudo bem. Boa noite meu anjo. - Dito isso, Ernest se aproxima e me puxa para um abraço um tanto demorado.


Mas o que há com esses homens?

O olhar no rosto de Bryan é do mais puro ciúmes. Bendita hora que fui ligar pra ele!



***

Editado 08/12/21

Apaixonada por um CEOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora