Bryan

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É sábado a noite, e eu não consigo tirar da cabeça o beijo que eu dei nela.
Na única mulher que foi capaz de capturar meu coração e depois o destruiu sem a menor piedade, ela não pensou nos meus sentimentos, foi embora me deixando sozinho e sem chão.

Já se passou quatro anos desde que ela havia me deixado. Demorou muito para me acostumar com a sua ausência, os primeiros dias foram os piores eu me senti um caco.


***


Eu tinha aparentemente tudo o que uma pessoa poderia querer, mas ao mesmo tempo não tinha nada.

Toda a minha felicidade eu havia depositado em uma pessoa.

Tem noção de como é ruim ver isso escapar das suas mãos e não poder fazer nada? E o pior de tudo é que ela nem sequer acreditou no meu amor, me desprezou como se eu fosse um nada.


Ela simplesmente brincou comigo o tempo todo, como eu pude ser tão idiota?

Porque eu sou assim? Porque não aprendi da primeira vez que me dei mal, novamente eu me entreguei a alguém que não nutria os mesmos sentimentos que os meus.
Porque eu sou sempre o idiota da relação? Eu já devia ter previsto que algo assim iria acontecer.

Mas eu sou um trouxa que nunca aprende.

E foi assim durante meses, lembrando e relembrando dos momentos que passei com ela, eu não conseguia pensar em outra coisa. Estava preso em algo que nunca existiu, mas eu gostava de imaginar que um dia ela ao menos gostou um pouco de mim e se ela tivesse me dado a oportunidade de fazê-la se apaixonar por mim, tenho certeza que teria conseguido.

Porém, ela nem me deu tempo para tal coisa.

Mas em um dia qualquer eu acordei me sentindo diferente, como se tudo tivesse mudado dentro de mim.

Até mesmo a cor do céu parecia estar mais bonita nesse dia. Ou talvez não tinha nada haver com o dia e sim comigo mesmo eu havia tomado a decisão de não sofrer mais, de não ficar deprimido por algo que não foi como o esperado.

Enfim, todo aquele amor havia se tornado uma mágoa profunda.

Acordei sentindo raiva de uma mulher que me iludiu e que me enganou, fingindo ser uma pessoa que não era. Ela me fez acreditar na sua inocência e fragilidade, logo eu que não me importava com mais ninguém a não ser eu mesmo, queria de todo jeito cuidar daquela criatura tão indefesa que eu encontrei por acaso em um ônibus.

Eu havia esquecido das minhas próprias questões pessoais e tentei focar totalmente em consertar algo que eu nem sabia se precisava de conserto.

Mas então toda aquela dor que eu sentia todas as manhãs quando acordava e via que ela não voltou para mim, havia sumido, assim como uma brisa fresca em meio a um dia quente, passou em um piscar de olhos. No lugar ficou a certeza de que eu jamais me deixaria ser enganado novamente, se for preciso seria eu quem ocuparia o cargo de enganador.

Meus dias sendo o bom moço tinham chegado aí fim.

Eu espero nunca mais ter que me encontrar com a Clara, porque se um dia o destino nos unisse novamente eu não seria mais o bobo da história.



Foi nesse dia que eu decidi que precisava me mudar, pois tudo nessa cidade me fazia lembrar dela.
Tomei um decisão bem louca nessa época, mas foi a melhor decisão que poderia ter tomado, vendi metade das ações da minha empresa para um empresário qualquer e o deixei no comando, enquanto eu decidia o que fazer com a minha vida. A única certeza era que eu não ficaria mais no Brasil.



Para minha sorte ou azar alguns dias após tê-la vendido, meu pai acabou falecendo. Claro que ele ter partido dessa era uma coisa péssima, só que nós não eramos muito próximos, eu nem me lembro quando tinha sido a última vez que eu conversei com ele.

Para o meu pai tudo o que lhe importava era seu trabalho e a sua fortuna, por isso e outras questões que eu decidi não ir morar com ele e ficar com a minha mãe no Brasil, ela foi meu porto seguro por muito tempo e a razão por eu ter chegado aonde cheguei, infelizmente eu havia a perdido esse ano também. Mas a história é longa e muito triste para ficar revivendo.

Enfim, eu nunca utilizei um só centavo daquele dinheiro, lutei para ter o meu próprio. Ao contrário do meu irmão Christian, que só sabia ficar na bota do coroa, não gostava nem de trabalhar, era um completo vagabundo.


No fim das contas isso serviu para eu me mudar de vez, tive que viajar para Sidney. O que me custou horas de avião só para ir ao enterro do velho e eu tinha que estar presente quando fosse aberto o testamento. Essa parte quase não me interessava, já que eu fui com a total certeza que ele deixaria tudo para o seu filho querido, mas também não me importaria eu tinha meus próprio negócios e nunca fiz questão mesmo desse dinheiro.

Agora imagina a cara de espanto de todos na sala quando foi anunciado que toda a fortuna seria dívida em partes iguais para os filhos. Christian e eu éramos donos de todas as suas empresas.
Meu pai deixou metade de todos os seus bens para mim e a outra pro meu irmão, isso claro resultou uma briga entre nós dois, pois ele não aceitou o fato de eu ser o filho afastado e levar parte de tudo, ele nem sequer imaginava que eu tão pouco estava interessado nesse patrimônio todo, mas como eu não sou de levar desaforo para casa, não pude deixar meu querido irmão ganhar essa. Então por fim não teve outro jeito a não ser ele dividir tudo em partes iguais.


Agora eu não era apenas milionário, graças ao meu pai e às minhas empresas no Brasil, eu era umas das pessoas mais poderosas da América! Considerado um dos bilionários mais jovem do mundo. Gostaria que todo esse status e dinheiro trouxesse pelo menos um pingo de felicidade...

Eu poderia ser muitas coisas, mas feliz estava longe de ser.



***

Editado 29/11/21

Apaixonada por um CEOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora