O que pode ter acontecido?

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Antes de ver aquela morena linda de olhos verdes aterrissar em minha frente num vestiário, meu únicos focos eram ser cada dia melhor no futebol e me vingar de Eduardo Nóbrega. Eu não posso dizer exatamente que esses objetivos movimentavam a minha vida com tanta intensidade já que eu sempre soube lidar com a imprensa e meu anseio de vingança ainda estava em um estágio digamos... empírico.

Kimberly dividiu a minha vida em dois momentos A.K. e D.K., se é que você entende o meu jogo de palavras. A partir do segundo momento, eu entrei no olho do furacão e tenho um leão para matar todos os dias. Isso não quer dizer que estou reclamando, entenda.

Acontece que ultimamente tenho sentido falta de dias mais tranquilos, de apenas segurá-la em meus braços e ter a certeza de que nada ruim pode acontecer, sentir seu afago que começa sem propósito, mas termina... com sexo selvagem de abalar as estruturas.

Meus planos agora se tornaram viver momentos bons ao lado dela, ainda que simples, mas que sejam carregados de significados, que nos permitam construir memórias, ter histórias para contar aos nossos filhos, sabe? Depois da tempestade, vem a calmaria. Não é o que pregam por aí? Eu nunca quis acreditar tanto nisso.

Eu não vou atrás de Kimberly imediatamente quando ela sai do quarto. Tenho aprendido a respeitar seu tempo. Ouço vozes vindo da cozinha. Ela está conversando com minha mãe e isso me tranquiliza, já que Dona Zélia sempre sabe o que dizer na hora certa. Decido me aproximar depois de alguns minutos.

– Eu confiei nele, Zélia. Apollo não podia permitir que minha família soubesse sobre o meu passado. Eu não quero que ninguém mais sofra por uma história que eu já enterrei. Como vou olhar na cara deles agora? Deus, eu tenho certeza de que meu pai está se culpando.

– Calma, meu anjinho. Você o deixou terminar de explicar? Deu o direito a ele de dizer por que decidiu fazer isso? Um relacionamento só sobrevive com muita conversa, ainda mais em um momento conturbado como esse. Ouça-o, Kim. Apenas escute o que tem a dizer mesmo que pareça difícil.

– Ele tem que parar de tomar decisões em meu nome sem me consultar. Eu não sou criança e tenho direito a decidir o que é melhor para mim. Ele tem essa ideia fixa de que deve me proteger, mas está fazendo isso a todo custo. Eu sou uma mulher adulta, droga. Sempre soube me cuidar antes dele, agora não seria diferente.

– Talvez esteja falando com a pessoa errada. Você já disse isso a ele, Kim?

Entro na cozinha e puxo uma cadeira ao lado dela, sentando-me.

– Não precisa. Acabei de escutar. – pego um copo vazio sobre a mesa e o encho com água, tomando um gole, em seguida. – Eu sei o quanto é uma mulher forte e independente e a admiro demais por isso. Acontece que há um psicopata à solta que só começou a se sentir ameaçado agora que estamos juntos. Você quer que eu faça o que, Kimberly? Cruze os braços e espere pelo pior? Este não sou eu.

Ela belisca um pedaço de bolo que está sobre a mesa, praticamente sem perceber o que está fazendo.

– Quero que converse comigo. Que me consulte antes de agir.

– Neste caso eu não pude fazer isso. Eu já sabia qual seria sua resposta. Lembra que me disse há pouco que confia em mim e que eu jamais a magoaria de propósito? Por que não acredita em suas próprias palavras?

Minha mãe sai à francesa, nos deixando a sós na cozinha.

– De propósito ou não, você me afetou. Eu tenho direito a estar chateada com você. Me prometa que não vai mais fazer isso. Me prometa que vamos conversar antes de tomar decisões precipitadas. Por favor, Apollo.

Apollo: Quando o Amor está em Jogo À venda na Saraiva e Qualis EditoraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora