Quebrando as regras

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– Eu não sei o que ou quem te fez mudar de ideia, Kimberly, mas se eu soubesse, iria agradecer de joelhos a essa pessoa. Não sabe o quanto estou contente em ouvi-la dizer que vai fazer a entrevista.

Meu chefe quase começou a pular de alegria quando finalmente disse que aceitava me esforçar para fazer a tal entrevista. É como se eu tivesse anunciado o fim de todos os seus problemas.

– Não disse que vou fazer. Eu apenas disse que vou tentar. Você tem ideia de quantos jornalistas devem estar de prontidão para entrevistar esse cara? É mais fácil conseguir uma entrevista exclusiva com o presidente dos Estados Unidos.

– Tente, Kimberly. Tente com todas as suas forças. Use sua influência e conhecimento pelo menos uma vez na vida, garota. Deve servir de alguma coisa ser filha de Eduardo Nóbrega e irmã de Eros.

Se ele soubesse que ser filha de um homem como meu pai me trouxe mais problemas do que oportunidades... com certeza voltaria atrás em suas palavras.

– Se eu quisesse ter qualquer relação com as atividades que meu pai e meu irmão exercem, sem dúvidas eu não estaria aqui e sem dúvidas não estaríamos tendo essa conversa. Me tornei jornalista por decisão própria, Olavo. Não quero e nem preciso da influência do Sr. Eduardo Nóbrega.

– Sei disso, Kim, não me entenda mal. É que na nossa profissão, muitas vezes dependemos de contatos pessoais também. Quando se conhecem as pessoas certas, é mais fácil conseguir tarefas difíceis como esta.

– Tem razão, mas só estou entrando nessa por um motivo. Você estava procurando alguém para agradecer? Então terá sua oportunidade. Foi Tânia, sua secretária, quem me convenceu. Aliás, ela não. Foi sua história de vida. Você sabia que o filho dela está doente?

– Tânia? Não, eu não sabia. O que Gustavo tem?

– Não vou entrar em detalhes. Você só precisa saber que ele está precisando muito da mãe neste momento. A minha condição para tentar essa entrevista é que antecipe as férias dela. Eu já a liberei por conta própria hoje, apesar de sua resistência. Ela não queria ir sem sua autorização.

– Você deu férias para ela?

– Não. Quem tem o poder de dar férias a ela é você. Apenas pedi para que tirasse o resto do dia de folga. Tânia sempre foi muito responsável e competente. A emissora tem que apoiá-la agora.

Me surpreendo ao perceber que Olavo não parece irritado. Seu olhar mostra um lado que eu ainda não conhecia de um cara sensível e que se preocupa com os outros.

– Vou mandar o RH providenciar as férias de Tânia. Vou pedir para que entrem em contato e, se ela precisar de mais dias para acompanhar o filho depois, estará liberada. Satisfeita agora?

– Satisfeitíssima.

– Mas eu ainda não.

Olavo senta diante de sua mesa, tão concentrado em meu rosto, que me deu até medo. Trac, trac. Comecei a estralar os dedos, um a um, enquanto esperava com ansiedade o que viria a seguir.

– Eu preciso... não, eu imploro para que dê o máximo de si para conseguir essa entrevista. Sei o quanto é brilhante e que vai conseguir caso se dedique. Kimberly, o emprego de Tânia e de milhares de pessoas podem depender do seu esforço. Eu tenho que ter esta informação em primeira mão, entendeu?

Estrategista!

Eu sei que jogo ele está jogando. Quer colocar toda a carga de responsabilidade em cima de mim para que eu me empenhe mais. Até parece que ele não me conhece. Eu sempre dou o máximo de mim quando aceito um desafio. Com este, não será diferente.

Apollo: Quando o Amor está em Jogo À venda na Saraiva e Qualis EditoraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora