Enfim, Europa

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 – Sim, você pode contar comigo, minha irmãzinha.

Ela dá pulos de alegria e corre em minha direção para me dar um abraço apertado. Reviro os olhos e percebo que Nina não para de rir. Ela me conhece e sabe que não vou entregar o ouro ao bandido assim tão fácil.

– Ah, eu sabia que você não ia me deixar na mão. Já pensou em se tornar cunhada daquele homem? Só preciso de um empurrãozinho seu e ele não vai resistir aos meus encantos. Já consigo me enxergar entrando de branco na igreja vestida de fel e granada.

– Fel e granada... claro. Acontece que não é para conhecer Apollo Assunção que você pode contar comigo.

– Não? E para que seria?

– Estou à sua disposição para levá-la a um psiquiatra e internar você de uma vez por todas.

– Ficou louca, Kim? Para quê eu preciso de um pediatra? Já cresci faz muito tempo. Olha que mulher linda me tornei, olha. – Ela dá uma volta em torno de si mesma, passando a mão pelo corpo.

Céus, essa garota é muito sem noção.

– Tenho certeza de que a louca aqui não sou eu. Espero que tenha entendido o que eu disse. Não vou te apresentar a ninguém. Se quiser conhecê-lo terá que ser por conta própria. Me inclua fora dessa.

– Sabia. Eu bem que avisei a mamãe. Você tem inveja de mim, Kimberly, sempre teve. Só porque sou a mais bonita, mais gostosa e mais... inteligente.

Eu tenho outra opção além de rir dessa criatura? É demais para minha cabeça.

– Concordo, Verônica você é tudo isso. Então que tal usar toooda sua inteligência e tentar se aproximar dele sozinha? Não acha que o gostinho de saber que conseguiu por esforço próprio é melhor?

Ela coloca o dedo no queixo e fica olhando para cima como se estivesse pesando cada palavra minha. Minha irmã pensando? Estou quase vendo uma fumacinha sair da sua cabeça.

– Talvez você tenha razão. Linda como eu sou, não vou ter problemas em entrar em uma dessas festas de celebridades. Apollo Assunção não perde por esperar. O furacão Verônica está chegando.

– Uau! Gostei de ver. É assim que se diz, menina. Agora pode nos deixar em paz? Sua enorme beleza está me ofuscando.

– Está bem. Vou deixá-la com a baleia devoradora de doces. Nina, me faça um favor, nunca diga a alguém que é minha prima.

Desta vez não sei se terei forças para controlar a ira de Nina. Nem sei se devo controlar também. Veronica está merecendo levar umas porradas.

– Vagabunda, está louca para eu quebrar seu rostinho perfeito, não é? A única a sentir vergonha aqui sou eu. Vá agora ou não respondo por mim. – Com muito esforço, seguro minha prima que está prestes a voar em seu pescoço.

Ela dá um risinho e sai da loja, desfilando seu rebolado de forma exagerada. Deus, como é burra e convencida. A imagem e semelhança de Helena.

– Não dê tanta importância às loucuras de Verônica. Ela não fala coisa com coisa. – Digo a Nina que está tremendo de raiva.

– Eu devia ter cumprido minha promessa. Devia ter arrancado sua petulância aos tapas. Talvez agora eu estivesse com menos raiva. Pior é saber que ela tem uma certa razão. Estou cada vez mais gorda.

Droga! Aquela cadela conseguiu destilar seu veneno mesmo.

– Agora quem gostaria de ter quebrado o nariz dela sou eu. Por que não acredita em mim? Você é linda fora do peso ou não. É linda em todos os sentidos. E a pessoa que você é por dentro te torna ainda mais maravilhosa. Não acredite em uma só palavra daquela víbora.

Apollo: Quando o Amor está em Jogo À venda na Saraiva e Qualis EditoraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora