Terror no Ônibus

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"Apesar de inúmeros relatos de diversas pessoas em inúmeros locais espalhados pelo mundo sobre o avistamento de criaturas bizarras, ainda existe quem não acredita, dizendo que isso não passa de imaginação.
Seria mesmo?"

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O relato que vou contar, aconteceu entre os anos de 1986 e 1989.

Meus tios e primos moravam no Lami, uma área no extremo sul de Porto Alegre.
Na verdade é mais para Viamão, no Rio Grande do Sul do que para a capital.
Meu tio, já falecido, tinha um pequeno "boteco". Naquela região, e naquela época, o vizinho mais próximo ficava a mais de um quilometro de distância.
O pasto e árvores centenárias predominavam a paisagem.
Para atender a região, haviam dois ônibus na parte da manhã, e mais dois no inicio da noite.

Naquela época existiam rumores de que um bicho muito grande, com corpo de homem e cabeça de animal, havia sido visto nas proximidades, e diziam que ele atacava tanto os animais quanto as pessoas.
Várias pessoas diziam terem sido atacadas por este monstro, e escapado por muita sorte.
Outros juravam ter perdido um ou dois bois para a criatura.

Minha tia, muito cética, dedicada aos filhos e afazeres do dia a dia, não gostava de dar atenção a estas "invenções do povo", conforme dizia. Porém, certo dia suas descrenças foram postas à prova.
Estava ela e um de meus primos retornando a sua casa, de ônibus, já na escuridão da noite.
Menos de dez pessoas estavam no ônibus, quando em uma determinada parte do trajeto, alguma coisa muito grande saiu do mato e bateu na lateral direita do coletivo, e voltou para o mato.
A batida fez com que o motorista, talvez por susto, perdesse o controle, e freasse bruscamente, parando parcialmente dentro de uma vala.

Apesar do susto, não houve feridos, mas as pessoas se assustaram muito com aquele acontecimento.
Com o fato, o motorista se irritou muito, e saiu do ônibus resmungando e xingando, indo verificar o estrago e ao mesmo tempo chamar ajuda.
Por estarem no escuro, e ainda muito longe de casa, todos ficaram em seus lugares.
Poucos minutos após a saída do motorista, todos ouviram um grunhido estranho, o qual não poderia ser de algum animal ou ser humano, segundo as testemunhas contaram.
Com isso as pessoas entraram em pânico, e começaram a se aglomerar bem junto à cadeira do cobrador.
O silêncio tomou conta das pessoas. Todos ficaram atentos a todo o som externo, quando sem aviso, uma nova batida foi dada na mesma lateral do ônibus.

Todos se levantaram, e correram para o lado contrário.
Algumas das pessoas começaram a chorar e rezar, sendo que uma senhora ficou descontrolada, e minha tia, com muito medo permaneceu protegendo seu filho.
Neste instante o ônibus começou a ser violentamente sacudido, como algo ou alguma coisa estivesse chacoalhando o veículo de um lado para o outro.
O pavor ia crescendo à medida que o ônibus balançava.
Parecia que seria tombado a qualquer momento.
Observando através das janelas, podia-se ver um vulto grande do lado de fora, mas não dava para saber o que era aquilo..

Sem o menor aviso tudo parou, e o que quer que fosse que estava provocando aquilo, começou à se dirigir para a frente do ônibus, onde a porta estava aberta. Nesse momento um pavor tão grande tomou conta da minha tia, que ela queria morrer e não ver o que os atacava.
Antes mesmo de a criatura entrar no ônibus, foi possível sentir um cheiro terrível, de algo pôdre, insuportável.
Todos fugiram para o fundo do ônibus e se encolheram em um canto, o que os fez parecer como uma única e disforme massa de gente amontoada.
Quem teve coragem de olhar, jura ter visto um grande homem nu, de pele escura, com uma enorme cabeça de bode, com chifres enormes e olhos amarelos, o qual correu até a roleta (catraca) e parou.
Ficou alguns segundos forçando e bufando raivosamente, para em seguida dar as costas, descer do ônibus e desaparecer no mato.

O choro desenfreado tomou conta das pessoas. As pessoas estavam em choque, totalmente apavoradas.
O cobrador pulou a roleta e correu para fechar a porta do coletivo.
Alguns longos minutos se passaram, quando um outro ônibus encostou ao lado deste.
Um outro motorista, que foi chamado para socorrer o carro estragado, foi informado do ocorrido, e saiu para encontrar o primeiro motorista que ainda não tinha retornado.
Por sorte, estava andando no acostamento da estrada, retornando do local que ligou para a empresa de ônibus.

A Brigada Militar foi acionada, vieram ambulâncias, peritos, rádio e televisão.
O caso foi repercutido por alguns meses, havendo até matérias de jornal e entrevistas com as vítimas.
Grupos de busca procuraram rastros da criatura, mas nunca foram encontrados.
Várias teses foram formuladas sobre o que teria atacado o ônibus. Mas nada comprovado.

Fora alguns animais mortos, o que foi atribuído à criatura, nada mais ocorreu.
Nos dias de hoje aquela região está povoada e bem diferente da época em que ocorreram os fatos, deixando o mistério da criatura que atacou o ônibus perdida e sem explicação para o desconforto e desasossêgo das pessoas que presenciaram aquele fato tão perturbador e apavorante.

Erike

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