Capítulo 45

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M⃣I⃣C⃣A⃣E⃣L⃣L⃣A⃣

Quando atravessamos a porta, o cômodo do outro lado era três vezes maior que o quarto de Bryan. Havia mais pessoas do que imaginei. Pierre ocupava a ponta de uma mesa comprida preta, o rapaz que sempre o acompanhava estava ao seu lado direito. Outros cinco homens estavam distribuídos pelos demais lugares. Havia uma mulher também. Todos já passavam da casa dos sessenta anos.

Meu corpo paralisou quando o vi. Edgar estava em pé ao fundo da sala. O homem que quase conseguiu destruir minha vida. Seu olhar para mim era de genuíno ódio. Agora sabia o porquê de minha energia está sendo sugada antes mesmo de entrar. Todas aquelas pessoas me faziam sentir mal. Os olhares delas eram gélidos e sem vida. A postura soberba parecia característica principal para ser membro daquele comitê. O comitê da morte. Era assim que os via. Eram eles que tomavam as decisões. O poder de escolha sobre a vida e a morte de muitas pessoas estavam nas mãos deles. E infelizmente, de certa forma, meu destino também estava estendido em uma bandeja à mercê deles.

Bryan colocou a mão no meio das minhas costas e gentilmente me fez voltar a andar. Não tinha percebido que eu havia paralisado. Sentamos na ponta da mesa, onde havia duas cadeiras lado a lado. Na outra extremidade, Pierre nos observava atento.

— Micaella Almeida Campos — me assustei quando alguém disse meu nome. A voz pertencia a um senhor de cabelos ralos e olhar desconfiado. — Você acusa Edgar de tentativa de abuso sexual e agressões físicas, correto?

Balanço a cabeça positivamente.

— Sei que deve estar assustada, jovem, mas precisamos que você verbalize para darmos prosseguimento — disse um outro senhor de cabelos completamente grisalhos e longos.

— Sim. Ele tentou me estuprar e me agrediu fisicamente — digo tentando deixar a voz firme.

Uma risada sarcástica preencheu o lugar.

— Isso é ridículo! — a voz de Edgar me causou náuseas. — Eu só fui afetuoso com ela. Em nenhum momento tirei meu pau das calças!

Fechei os olhos. Apertei a mão de Bryan. Não acredito que ele disse mesmo aquilo. Edgar era a pior pessoa que já havia conhecido na minha vida. Ele era imundo, sua alma já tinha apodrecido há muito tempo.

— O que ele fez exatamente com você, Micaella? — perguntou a única mulher daquele conselho ridículo.

Respiro fundo e solto o ar pelo nariz. Conto exatamente tudo o que aconteceu naquele dia, a forma nojenta e asquerosa que Edgar me prensou contra a parede e depois no chão tentando colocar a mão por dentro da minha blusa. Contei como ele me agrediu e também que ele me obrigou a dançar na boate para ganhar dinheiro para ele. Todos ficaram em silêncio quando terminei de falar. Pierre respirou fundo e ergueu a cabeça.

— Imagino que você tenha ciência de que tudo o que você ouviu e viu desde que chegou, terá que ser mantido em segredo — o sotaque francês de Pierre era muito acentuado. — Acho que nm preciso dizer que se você disser qualquer coisa a alguém acabará prejudicando somente o seu... — ele olhou para Bryan.

— Eu entendo perfeitamente — digo com firmeza. — Eu só quero viver em paz, bem longe de Edgar e tudo isso.

— Ótimo. O que faremos com Edgar é assunto da M.I.N.Y, mas ele não te trará mais problemas — disse Pierre mexendo em sua bengala. Ele olha para Edgar e inclina a cabeça. — Edgar, você não tem nada a dizer? Não vai se defender das acusações?

Em um ato estranho e repentino, Edgar abaixa a cabeça e começa a chorar copiosamente.

— Eu não queria ter feito nada disso... — diz Edgar com a voz audível apesar do choro. — Mas essa maldita garota me lembra a Clarissa!E em um momento de amargura fiz o que fiz. Mas fiz porque estava bêbado! Não estava sóbrio naquele dia!

— Não ouse usar essa boca imunda para citar minha mãe, seu nojento! — digo tão alto que minha voz reverbera pela sala. Minhas mãos foram parar em cima da mesa. Meu corpo estava mais inclinado para frente.

— Ela era linda... Clary era deslumbrante! Daria tudo para ver suas curvas novamente... — havia malicia e saudosismo em sua voz. Meu sangue ferveu tanto que achei que fosse derreter minha pele.

— Seu nojento! Ela era sua irmã! — grito me levantando e todos me fitam. Bryan segura meu braço.

Edgar solta uma risada fria e calculista. Seus olhos gélidos se voltam para mim.

— Não garota estúpida, Clary nunca foi minha irmã — o brilho demoníaco se ascende em seus olhos. — Eu sou o seu pai.

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