Capítulo 20

12.5K 877 60
                                    

B⃣R⃣Y⃣A⃣N⃣

— Droga... — murmuro me levantando. Micaella me olha e morde o lábio. — Deve ser algum vizinho. Volto num segundo.

Pela tela do interfone reconheço o porteiro. Ele segura uma caixa preta com um laço vermelho.

— Bom dia, Sr. Cooper. Chegou essa encomenda para o senhor — diz ele quando abro a porta. Ele estende uma caixa para mim e franzo o cenho.

— Obrigado — digo e fecho a porta ainda estranhando aquilo. Eu nunca recebi nada. Também nunca comprei nada pela internet ou mandava entregar aqui. E havia poucas pessoas que sabiam meu endereço.

Quando voltei para a sala, Micaella ainda permanecia sentada olhando para o nada. Quando notou minha presença, ela subiu a cabeça.

— É seu aniversário? — perguntou ela olhando para a caixa em minhas mãos.

— Meu aniversário já passou — digo deixando a caixa em cima da mesa de centro. Micaella olhou da caixa para mim.

— Não vai abrir? — perguntou ela parecendo mais curiosa do que eu. Ergui um canto dos lábios.

— Talvez mais tarde — digo cruzando os braços, me divertindo com sua curiosidade.

— Tudo bem — ela se inclinou sobre a mesa e passou os dedos pelo laço. — Que laço bonito. O material é bom, será que é de cetim... Oppa! — ela puxou uma das pontas e fingiu bater as costas da mão na tampa que abriu uma fresta. Segurei o riso.

Ela me olhou com a mão na boca.

— Desculpa, não sei o que aconteceu com minha mão hoje! — ela deu um tapa em sua própria mão. — Mas agora que já tá assim, por que não termina de abrir e vê o que tem dentro?

Sorri e balancei a cabeça. Me sentei ao seu lado a empurrando para o lado com o quadril, ela não reclamou. Peguei a caixa e a coloquei sobre meu colo. Quando destampo e tiro os papéis de seda, meu corpo paralisa. O sangue não parecia mais fluir pelo meu corpo. Todos os meus pelos se atiçaram com o calafrio que percorreu minha espinha.

— Ah, que fofo — disse Micaella estendendo a mão e pegando de dentro da caixa o robô de brinquedo. Ele era azul e vermelho e continha pequenos detalhes em prata.

Tinha um papel dobrado no fundo da caixa. Coloquei a tampa de volta e deixei a caixa sobre a mesa.

— Quem mandou? — perguntou ela analisando o brinquedo.

Balancei a cabeça negativamente.

— Não importa — digo tirando o robô das mãos dela e o largando no sofá. — Vamos. Preciso tomar um pouco de ar.

Assobio e logo Ruffs aparece. Coloco a coleira nele e saímos em seguida. Em questão de minutos já estamos caminhando pela pista de corrida do parque.

— Você é muito misterioso — disse Micaella quebrando o silêncio.

— Por que você acha isso? — pergunto tranquilo, não sentindo mais aquela sensação de angustia de antes.

— Tudo o que eu pergunto ou você não pode falar ou você não quer falar — diz sem me olhar e prefiro assim. Seu olhar é sempre tão intenso que me faz ter vontade de contar tudo sobre mim, até meus piores pecados.

Atração FatalOnde as histórias ganham vida. Descobre agora