Capítulo 23

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M⃣I⃣C⃣A⃣E⃣L⃣L⃣A⃣

O homem que estava parado à porta era bonito. Ele tinha olhos castanhos escuros, quase pretos, uma barba rala muito bem feita e boca pequena. Alguns traços pareciam familiares. Ele usava um terno preto e uma gravata cinza. Seu porte era muito elegante.

— Olá — disse ele, revelando uma voz macia e branda. Seus olhos se estreitaram minimamente. — Tenho quase certeza que você não é o Edd.

— Ah, não. Desse horror os céus me pouparam — digo fazendo careta. — Sr. Miller, né?

— Pode me chamar de Derick — ele estendeu a mão a qual apertei.

— Sou a Micaella — abro a porta um pouco mais. — Entre.

Derick caminha com extrema graciosidade. Me lembra um flamingo em águas rasas.

— Edd não está? — perguntou ele com as mãos nos bolsos. Seus olhar examinava o apartamento.

— Ele precisou sair, mas acho que não demora a voltar... — infelizmente.

Nos sentamos distantes no sofá. Ele passa a me analisar. Talvez seja a maneira despojada que estou sentada ou o meu sotaque, mas algo parece deixá-lo entretido.

— Você é amigo de Edgar? — pergunto para quebrar o silêncio. Ele estreita os olhos, parece não ter entendido minha pergunta. — Edd. Você é amigo de Edd?

— Ah, Edd. Não. Para falar a verdade, nem nos conhecemos — diz ele cruzando as pernas. — Mas quero fazer negócios com ele.

Isso desperta minha curiosidade.

— Ah, sim. Acho que ele me falou algo do tipo — digo com naturalidade. — Tem a ver com a boate, né?

Torço para que ele caia nessa e me dê o máximo de informações possíveis. Ele inclina a cabeça levemente.

— Não. São outros tipos de negócios — diz e vejo um minúsculo sorriso surgir em seus lábios. — Você e Edd são...

— Parentes. — completo, antes que ele diga outra coisa. — Ele é meu tio.

— Ah, sim — seu olhar desce até minha camiseta. — Que banda é essa?

De modo instintivo, também olho para minha blusa.

Charlie Brown Jr. — respondo. — É uma banda de rock brasileira.

— Então você...

— Sim, sou brasileira — o interrompo e ele abre um meio sorriso.

— Ia dizer que você gosta de rock.

— Nunca saberei se era isso mesmo que você ia dizer — digo dando de ombros.

— Então você não confia nas pessoas.

— Não nas que eu conheço só a três minutos.

— Mas você abriu a porta para mim e está conversando comigo — disse ele tentando parecer esperto.

— Eu também faço isso com os entregadores de comida e com o correio — dou de ombros novamente.

Seus lábios abriram um sorriso maior desta vez.

— Você é boa com respostas rápidas — diz ele.

— Talvez eu coloque essa qualidade no meu currículo — digo estalando a língua.

Derick ri tão suave que é como se nem tivesse rido.

— Você é muito agradável, mas eu não posso mais esperar por Edd — diz ele olhando para o relógio em seu pulso.

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