Capítulo 26

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B⃣R⃣Y⃣A⃣N⃣

Estou me sentindo péssimo com tudo o aconteceu com Micaella. Sinto culpa pela forma como a fiz sair da boate. Não sei o que aconteceu para ela ter parado no hospital, mas sei que se eu não tivesse gritado e a insultado, ela não teria saído no meio da noite em uma cidade desconhecida. Se eu pudesse voltar no tempo, teria feito tudo diferente.

Na noite da nossa pequena discussão, havia ido à boate porque Rick tinha um serviço para mim. Mas ao entrar em seu escritório ao invés de Rick encontro a mulher ruiva sentada atrás da mesa. Ela se mantinha ocupada tirando os pelos da sua sobrancelha.

— Cade o Rick? — pergunto fazendo-a me notar. Rapidamente ela larga a pinça e o espelho e se levanta.

— Ele saiu, disse que volta em meia hora — disse ela se aproximando mais que o necessário.

— Certo. Vou esperar lá em baixo — digo e ela segura minha mão mais rápido do que eu consigo me mexer.

— Pra que a pressa? — pergunta ela prensando seu corpo ao meu. — A gente pode aproveitar essa meia hora para nos conhecermos melhor...

Ela passa a mão sobre a minha calça e cola os lábios nos meus. Agarro os cabelos dela com força e retribuo o beijo. Penso em Micaella. Penso nos lábios dela, na sua pele aveludada, no seu corpo farto... Afasto a imagem dela dos meus pensamentos. Micaella que se dane!

Quando percebo já estou colocando a ruiva em cima da mesa. Ela tira minha blusa e eu abaixo o vestido dela. Beijo-a novamente. Não é como beijar Micaella, não tem nenhum terço do desejo que sinto quando a toco... Desde quando aquela garota virou parâmetro de comparação? Afasto mais uma vez ela dos meus pensamentos.

Já estávamos quase nus. Desço minha boca pelo pescoço dela e a mesma puxa meus cabelos, seus gemidos ecoam pela sala. Sinto uma energia diferente atravessar meu corpo. Então abro os olhos e é quando vejo Micaella parada no meio da porta. Consigo notar a dor e o ódio se misturando em seu olhar. Aquilo faz meu coração doer. Ela passa mão no rosto e fecha a porta com força. A ruiva se assusta e vira em direção ao barulho.

— O que foi isso? — pergunta assustada.

Não respondo. Visto minha calça e calço os sapatos.

— Aonde você vai? — pergunta ela quando pego minha blusa do chão.

— Resolver uma coisa — digo indo em direção à porta.

— Mas e eu? Você não vai terminar o que começou? — pergunta indignada.

— Na verdade, eu nem queria ter começado — digo juntando as sobrancelhas.

— Sua fama esconde bem o broxa que você é — disse ela e rio sem humor.

— Meu pau só ficou duro porque eu estava literalmente pensando em outra — digo mais para mim mesmo. — Não me leve a mal, você é bonita, mas é que depois que eu conheci ela, as outras parecem pouco para mim.

Deixo a ruiva para trás com cara de ofendida e desço as escadas correndo. Meu coração dispara de ansiedade para encontrá-la logo. Ando pelo salão amontoado de homens eufóricos com o show procurando por Micaella. Ela não estava ali. Não estava no bar, nem em uma das mesas ou no banheiro. Viro em direção ao palco para ver se eu passei por ela, mas bem no centro do palcão estava ela. Ela era o show daquela noite.

Engulo em seco. Meu maxilar trava. Meu sangue ferve de raiva ao vê-la se exibindo para todos. Tenho vontade de socar todos aqueles malditos bêbados, todos os que jogam dinheiro como se ela fosse uma garota de programa e os que gritavam coisas imundas por cima da música alta. Eu vi quando ela me achou entre a multidão. Mesmo de longe eu podia sentir seu olhar frio penetrando minha pele.

Quando a música acabou ela desceu do palco e atravessou a boate tão rápido que foi difícil acompanhar. A segui até o camarim. Ela estava com as mãos no rosto quando entrei.

— O que você quer? — pergunta ela ríspida, seu ódio por mim era quase palpável.

— O que eu quero? — pergunto indignado, a raiva estava me dominando.— Eu queria que você não fosse assim, queria que você não tivesse se feito de boa moça pra depois...

Trinco os dentes. Ela se levanta e para em minha frente.

— Pra depois o que, Bryan? — pergunta aumentando o tom de voz. — ANDA, BRYAN! DIGA!

— PRA DEPOIS SE MOSTRAR UMA PERFEITA VADIA! — grito deixando escapar toda raiva que estava me consumindo e recebo um tapa em troca.

Meu peito infla de raiva. Encaro suas íris perfeitamente cinzas e dilatadas. Ela também estava brava comigo.

— Eu pensei que você fosse diferente, mas vi que estava enganado — digo apertando os dentes.

— Não, Bryan, fui eu que pensei que você fosse diferente — diz ela em tom decepcionado. — Mas você é só mais um playboy babaca!

E ficamos apenas eu e toda minha raiva. Desconto dando um murro na porta e saio do camarim. Vou para o bar e peço uma dose dupla de whisky. O gosto amargo da bebida impregna minha boca. Fixo meu olhar em uma garrafa azul atrás do bartender e deixo os pensamentos saírem e o meu corpo se acalmar. Não sei quanto tempo passou, quanto tempo fiquei lá sentado, olhando para aquela garrafa azul. Mas despertei do meu transe quando percebi uma movimentação diferente ao meu redor. Os clientes já haviam ido embora, as garotas também deixavam a boate e os membros da facção estavam agitados.

— O que aconteceu? — pergunto ao bartender que estava passando álcool nos copos com um pano.

— Parece que a sobrinha do Edd sumiu — diz ele e meu coração acelera automaticamente.

— O quê? Como assim ela sumiu? — pergunto me levantando. — Há quanto tempo ela está sumida?

— Tem umas três horas, desde que acabou o show.

— E alguém viu pra que direção ela foi ou se falou com alguém lá fora? — pergunto desesperado por pistas.

— Não sei, cara, sou só o barman.

Bufo em frustração e deixo o bar. Busco por informações com os seguranças da boate que viram ela sair, mas a única coisa que consigo deles é a direção para onde Micaella foi. Dirijo pelas proximidades olhando cada rua e cada beco, mas não há nenhum sinal dela, nada que me leve até ela.

Tento não pensar no pior. Tento não pensar que ela não conhece nada em Nova York e que nenhum cara tirou vantagem disso. Tento não pensar que ela trombou com alguém de más intenções ou que ela está onde não queria, fazendo o que não queria. Tento não pensar um monte de merda, mas é impossível quando a culpa lateja nos meus ouvidos dizendo que eu sou o culpado de Micaella ter desaparecido.

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Atração FatalOnde as histórias ganham vida. Descobre agora