— Fatou! — Aleksandr acenou pra mim sentado no corredor do lado de fora da classe. — Parece que você começou a acordar cedo agora, hã?
— Não é como se eu quisesse. — Respondi sinceramente com a voz mais sonolenta possível.
— Haha! É bom para você começar a se acostumar com uma nova rotina!
Aleksandr sempre chegava mais cedo que os outros alunos. É incrível pensar que alguém como ele possa ser tão esforçado na escola. Às vezes parecia que ele só fingia ser um idiota.
— Afinal, as garotas sempre ficam mais lindas quando estão com cara de sono.
Não. Ele é um idiota genuíno.
O sentimento de ter acordado cedo demais começou a crescer dentro de mim quando já haviam passado quase quarenta minutos e até então nenhum aluno além de nós dois tinha chegado à porta da classe. Ele acorda cedo assim todo dia? Como ele sobrevive?
Eu passei grande parte do dia anterior inteiro dormindo e por isso ainda não tinha visto como estava a "rotina" de cada um nesse confinamento sem sentido. Foi um tanto quanto interessante ver a escola calma com a falta de alunos.
Essa calma toda foi o bastante para me fazer cair no sono novamente. Só fui acordado algum tempo depois por alguns cutucões na minha testa. Evellyn...
— Ah, então ele ainda está vivo. Que pena.
Olhei para ela com uma expressão de puro desgosto.
— Ugh, mas os olhos de peixe morto dizem o contrário.
— O que você quer? — Perguntei com a voz arrastada.
— De você? Nada.
A educação de Evellyn novamente mostra ser capaz de escapar dos limites humanos.
Atrás de Evellyn, Julia vinha com olhares baixos e pensativos. Parecia que ela não tinha dormido muito bem desde o ocorrido e teria passado a noite inteira tentando descobrir o tão falado "erro" que Amós explicitou.
— Isamu, precisamos conversar. — Julia falou pesadamente.
I-Isamu? Eu já estava tão acostumado a ser chamado de Fatou pelos meus colegas, considerando que a pronúncia era muito mais fácil, que por alguns segundos fiquei realmente constrangido, é claro que voltei ao normal rapidamente, dada a seriedade da situação.
Aleksandr e Evellyn se entreolharam e logo desviaram o olhar. Eles provavelmente entenderam errado. Não vamos ter um mal-entendido aqui, certo? Não importa. A situação estava muito séria pra eu pensar em algo tão trivial. Julia parecia nervosa.
Me levantei e segui Julia.
●
O pátio parecia completamente vazio.
Ainda que só tivessem passado três dias, uma sensação de nostalgia me veio ao ir com Julia para o mesmo local que conversamos da primeira vez. Talvez seja porque ela não era a mesma pessoa?
Sim. Aquela Julia não era a mesma de três dias atrás. Talvez ela até possa ser a mesma, mas aquela máscara que ela vestia no dia que conversamos pela primeira vez finalmente caiu completamente. A verdadeira Julia Brontë estava a minha frente, e ela era muito mais fácil de entender do que a antiga.
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A Borboleta na Tormenta
Science FictionA BORBOLETA NA TORMENTA História por MRN Revisão por Isuzu Tany Distribuição: My Light Novel - www.mylightnovel.com.br Sinopse: Isamu Fatou é um garoto assolado pelo tédio. Dias sempre repetitivos e uma vida completamente passiva criaram uma rotina...
Coragem
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