8 - Frank

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 O sorriso que estava plantado em meus lábios desde que havia acordado era anormal. E eu podia pensar na maior desgraça do mundo, que ele ainda se manteria ali: firme e largo. Na real? Eu me sentia uma garotinha idiota e apaixonada. Mas eu não era idiota e tão pouco estava apaixonado. Eu só... Ver aquele olhar espantado e desesperado de Gerard havia sido a coisa mais preciosa do mundo. E agora eu sabia que eu o afetava de alguma forma. E ele poderia ser hetero, gay ou o que fosse, mas ele não podia negar que eu sabia tirá-lo do sério e muito bem. E eu só sossegaria se eu conseguisse arrancar um sorriso daquele rosto. Ou um gemido.

O que diabos eu estava falando?! Eu nem era de flertar. Particularmente, eu sempre fui um gay bem resolvido, calmo, que levava caras para a cama ocasionalmente (ou banheiros, ou cantos escuros) e nada mais. E ás vezes não havia flerte, não havia nada... Era só puro e simples sexo. E eu podia morrer de vontade de querer fazê-lo com Gerard, mas, sinceramente, agir como uma criança irritante era tão divertido quanto. Se eu não podia tê-lo, eu havia achado outra forma de me satisfazer. Embora ter que ficar me tocando todas as manhãs, enquanto tomo banho, não era o tipo de rotina que eu tinha em mente. Ainda mais tendo Gerard tão perto.

Assim que acabei de vestir minha camisa listrada preta e branca, escutei a voz de Gerard ecoar na sala, provavelmente ao telefone naquela gloriosa segunda-feira. Era o meu primeiro dia de trabalho e, mesmo já tendo trabalhado antes, eu não conseguia conter aquele nervosismo e animação. Não que eu fosse viciado em trabalho, mas eu estava começando a minha vida com as minhas próprias pernas naquele exato momento. E era de verdade.

Ajeitei a calça justa, calçando meu all star preto rapidamente, para checar minha mochila. Os cadernos de cifras encontravam-se lá, assim como dois outros, os que eu usava para as letras de música e as aulas de processo criativo. Todo o material da faculdade estava ali, como sempre, e eu já havia feito um mapa, com a ajuda de Bert, para guiar-me do caminho da Biblioteca até a faculdade. Eu esperava realmente entender a letra de Bert, senão eu estaria ferrado.

Levei a mochila sobre um dos ombros e saí do quarto, apressadamente, calculando o tempo que demoraria para me perder até chegar ao trabalho. Encontrei Gerard arrumando algumas papeladas jogando-as dentro de uma maleta de couro, sobre a bancada da cozinha, enquanto falava ao telefone, a voz menos séria do que o habitual.

- Não, mãe... Está tudo bem. Preciso ir trabalhar agora, okay? Eu vou ligar mais tarde, prometo. – Gerard disse e eu passei por ele, ainda sem dizer uma palavra sequer, enquanto roubava uma das torradas no prato posto sobre a bancada, provavelmente pertencente a ele. Não recebi nenhum olhar ofensivo, portanto aproveitei para tomar um rápido gole de seu café, até ser acertado por um calhamaço das folhas, em um dos ombros. – Sim, sim... Já conversei com Evellyn. Está tudo certo entre nós.

Franzi meu cenho, enquanto terminava de comer a torrada e então observei que Gerard vestia um terno alinhado, a gravata encontrava-se desfeita ao redor do pescoço e os fios escuros encontravam-se ligeiramente úmidos pelo banho recente. E eu estava encostado na bancada, tão próximo dele, que o cheiro de sua colônia adentrou meu olfato de uma forma tão agradável, que quase grunhi em satisfação.

- Então vou passar aí durante o almoço, certo? Peça para Mikey parar de gritar, eu também sinto falta dele. – Gerard disse e eu ri baixinho, o resto da torrada ainda entre meus dedos, imaginando Mikey gritando do outro lado da linha, daquele jeito escandaloso de sempre. Eu já havia presenciado aqueles surtos dele com Gerard, então eu sabia muito bem. – Sim, eu também, mãe. Nos vemos mais tarde.

Retirei de dentro do bolso da minha jeans um segundo mapa, também feito por Bert, onde se encontrava alguns rabiscos que iriam me guiar do apartamento até o meu mais novo emprego. Eu só precisava achar o metrô e estava tudo certo. Bom, eu não sabia andar muito bem de metrô... Então esse era o problema número um.

Burn Bright || Frerard versionOnde as histórias ganham vida. Descobre agora