Stop Crying Your Heart Out.

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Oasis





Mia

I can change my mind.

Esse era um dos momentos que eu poderia precisar de um cigarro. Decidi colocar algumas ideias na pauta para finalmente assumirem alguma personalidade.

Bruna já tinha ido há uma semana. Não que eu estivesse necessariamente contando, mas existia quem me lembrasse o suficiente disso.

Algumas vezes me dediquei a pensar sobre isso. Sim, eu sabia que tinha sido muito dura e até sem coração, mas... Na verdade eu realmente me achava dentro de uma loucura, onde eu buscava ardentemente achar a sanidade. Eu mal conseguia dar um passo para respirar sem lembrar que eu seria vítima de algum pensamento ruim sobre.

Além disso, ela tinha deixado claro que já tinha encontrado alguém com quem tinha pensamento parecido, mas eu nunca entendi a real necessidade de pessoas que falassem coisas que ela gostasse de ouvir e não de uma verdade nua e crua. A realidade a traria uma melhor reflexão.

Eu acreditei que tinha atuado da forma mais sensata, afinal... Muitas coisas não se encaixavam desde então. Jared e eu quase não nos víamos como um casal. Pensando bem...

Eu não o via mais como um potencial companheiro.

Segurei meu lápis com a boca, tentando amordaçar as palavras que eram ditas livremente dentro da minha cabeça e não havia um só motivo que me faria parar.

Celular vibrando.

Olhei para o visor. Era ele. Dei um sorriso físico e com a alma. Pode ser completamente estúpido você se dedicar a se apaixonar novamente. Correr o risco, perder tudo por tantas vezes... Tão pouco.

Porém, diferente das outras vezes, nessa eu me senti... Viva.

E eu gostaria de ter explicado isso a Bruna com mais cuidado, mas não tivemos tempo.

E eu também não insisti.

Todas as minhas faltas e muitas vezes as vezes que a deixei sem resposta, não foram propositais. Ok. Talvez algumas.

Eu a considerava uma boa amiga e uma pessoa que ainda tinha muito o que aprender. A diferença entre eu e ela era que eu reconhecia isso.

Para ser sincera eu me pergunto se isso é uma crise ou se de fato estamos no começo do fim.

Ainda não reconheço. De qualquer maneira, eu sei quem lê tudo isso.

Eu sei quem lê a minha mente. Foi onde tudo começou.

E digo que foi um prazer tê-la ao meu lado.

O melhor ainda está por vir.


Wake up.


Tudo parecia tão branco. O teto estava embaçado, mas eu sabia reconhecer que não era o do meu apartamento. Minha cabeça latejava com uma dor incessante. Mal consegui levantar e tive de apoiar meu peso na cama para suportar.

Em passos lentos fui ao banheiro, recolhi algumas coisas minhas espalhadas pelo chão e resolvi dar o fora. Estando onde estivesse, eu não gostaria de trocar algumas palavras essa manhã.

-Então acordou, han.

Visualizei com apenas um olho aberto.

-O que? Ah, é. –Reconheci que estava em sua casa.

-Está indo embora? Nem vai me dizer o que aconteceu ontem? –Usou tom baixo. Quase mordaz.

Ontem.

Eu nem lembrava de ontem. Meu cérebro ainda estava dopado pela tequila, mas tudo foi reavivado de maneira intensa quando me fez recordar.

-E então? Vai falar ou serei obrigado a adivinhar? –Disse-me cruzando os braços.

-Olha, Vinay... –Pensei um pouco. Sim, eu deveria fazer isso. O cara tinha deixado eu dormir na casa dele. Dar satisfações seria o mínimo.

Caminhei até a mesa da cozinha e depositei todos os meus itens. Respirei fundo e comecei. Ele me ouviu com atenção, sem me interromper nenhuma vez ou para apresentar outra emoção que não fosse a de suas sobrancelhas franzidas em tensão.

-Então a noite não foi tão boa. –Completei.

Mexi com os braços para tentar contornar meu desconforto. Depois de alguns segundos, levantou do banco que estava, distanciou um pouco de mim e me trouxe um capacete.

-Tome isso. Vou te levar para casa.

Se essa tivesse sido minha primeira viagem de moto, talvez tivesse me feito desistido de ter a minha. Vinay não acelerava o suficiente, mal deu para sentir o vento rasgando a minha pele como o habitual e não tinha um clima de descontração entre nós. O apertei sutilmente com as pernas para ocasionar alguma surpresa, mas foi indiferente. Me rendi ao desânimo e esperei que chegássemos ao destino final.

Com os pés na porta, ele me deixou sem emitir uma palavra. Nem se deu o trabalho de olhar para o lado, mas eu vi o quão correu para longe. Eu não entendia o que aquilo poderia dizer. Eu só sentia que me escondia algo. Talvez se eu ainda falasse com a Mia, ela poderia me ajudar com isso, mas ela não estava aqui agora.

Nem nunca ia estar.


Annitsrik C.

Everything has a price.

As minhas pantufas eram lindas. Muitas das peças dentro do meu armário não me convenciam tanto como essa pantufa.

Sorri, batendo meus pés um contra o outro.

Levantei para um banho. Eu adorava como o meu corpo dizia exatamente o que eu deveria ser. Como todas essas curvas enlouqueciam qualquer homem. Como eu conquistava tudo o que eu queria. E que poderia fazer o que eu quisesse.

Eu já tinha boas histórias para contar. Até para os meus filhos, caso os tivesse. Então eu lembrei.

Meus olhos pararam. Eu lembrei. Tinha sido um idiota para mim. Eu poderia ter usado ele como alguma coisa que se move, mas que não assume muita relevância nos dias cotidianos.

Ainda que não tivesse qualquer ressentimento ou dores, o seu jeito de ursinho tinha cativado uma parte doce minha. A parte que muitas vezes forcei parecer ser.

Abaixei meus olhos.

Mas seu irmão tinha que ser um idiota.

Tinha tudo passado, então...

O celular toca.

Riso.

Se eu não acreditasse em destino, eu poderia jurar que ganharia na loteria.

E eu ganhei, ursinho...

Você não poderia deixar quem te cativou tanto.

Eu já tinha você.


S.L.

Eu não sou vítima dos seus erros.

Era apenas uma tentativa. Eu já tinha te dado a chance, mas você insistia em desperdiçar. Em tantas vielas escuras que eu consegui andar, você resolveu se meter no meio delas.

Não era a minha moto que iria buscá-la quando quisesse ajuda.

Mas era a dele que seria a primeira em te meter em confusão.

Você fez suas escolhas. Eu fiz as minhas.

-Annitsrik? Está afim de sair em tour comigo?



Days On FireOù les histoires vivent. Découvrez maintenant