Days On Fire

Sweet Nothing.

Florence Welch Feat. Calvin Harris

"Você pode ouvir meu mundo caindo agora?"

Não contei quantos cigarros fumei naquela noite. Um, dois... Seis.

Eu tinha acabado de sair do trabalho. Um amigo me disse que uma festa seria boa para me distrair. Tinha acabado de ter uma discussão com Mia. A princípio a mandei embora, sem ter muita força nas palavras, apenas como medida de dizê-la que não precisava mais dela. Que ela não faria mais falta aqui, mas de certo modo... Fazia. Eu reflexionei sobre tudo o que tinha acontecido nos últimos anos da minha vida. Como uma história poderia me levar a um lugar que eu nem sabia realmente se existia. Pois é muito fácil ver pela televisão algo que parece tão brilhante e iluminado, a chamada "cidade das oportunidades" sem, de fato, ter sentido o que são essas tais "oportunidades".

Por algumas razões eu temi que estivesse enlouquecendo. Muitos dos meus planos falharam. Minhas estratégias passaram longe de alcançar rapidamente uma alavancada para conseguir tocar um dos meus sonhos.

Passei a mão pelo rosto.

Eu nem sabia por onde começar. Parecia que eu teria que iniciar tudo de novo. Que um pedaço da minha vida e da minha história tinha definitivamente ido embora e todas as minhas esperanças junto dela.

Não sei ainda ao certo por que fui tão tola em focar e acreditar em uma pessoa só. Que sempre seria o meu ponto de apoio, referência e meu principal pilar para poder viver tudo isso aqui.

Mas eu sabia que ela tinha mudado. Ela tinha mudado há algum tempo e eu insisti que eu seria a pessoa a trazê-la de volta. Por alguns instantes foi caso possível, mas então eu vi as suas fotos... Havia um novo brilho nos olhos dela. Quase mau.

Ela não era mais a minha irmã.

Mamãe se desapontou quando lhe contei a história. Resolvi exclui-la de todas as minhas redes sociais. Saber que ela continuaria ali me envenaria.

Porém, talvez o pior... Foi perceber que talvez ela não tenha sentido minha falta.

Nenhum post remetendo a uma amizade rompida.

Nenhuma dor imaculada sobre eu ter ido embora.

Nenhuma chantagem barata feita pela minha parte e pelo meu drama exacerbado que fizesse o efeito de tê-la de volta. De ser chamada mais uma vez por ela de... Lerda.

Não parecia fazer sentido. Eu fingia estar bem, mas eu sempre olhava meu telefone com a esperança que ela me mandasse a mensagem de que estava tudo bem agora e que se desculpava.

De qualquer maneira, não sei se foi um homem que a tirou de mim, mas eu desconfiava. Havia algum pelas suas redondezas. Ela sempre foi de se encantar fácil, entretanto das últimas vezes não confessava nada.

Assim que "terminamos", algumas fotos me provocaram certo revirar de estômago. Eu vi que o homem que dizia amá-la e prometeu amor por uma vida inteira, ao qual defendi veementemente sobre suas boas intenções e sobre a verdade de um amor perfeito e insolúvel, circular pelas ruas com uma outra mulher.

Eu surtei.

Joguei todas as minhas frustrações para o alto abaixo. Julguei que toda a minha história seria uma mentira. Todo um amor vivido de forma completamente insana e entregue para a posteridade...