Capítulo 15

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Mandou preparar um salmão com molho de alcaparras. Enquanto esperava a refeição ficar pronta, degustava um vinho branco seco sentado à mesa de jantar. Olhou para o relógio de ouro no pulso. Faltavam quinze minutos para o horário marcado. Metódico ao extremo, jantava, pontualmente, todos os dias às 19h.

Na cozinha da mansão, a chef, apressadamente, dava os últimos ajustes no prato do patrão. Charles também estava preocupado com o horário. Os olhos ora fitavam a chef ora o relógio. Mas, por fim, o prato ficara pronto cinco minutos antes do horário marcado. Imediatamente, Charles se dirigiu até a sala de jantar para servir Emílio, que, ao notar a presença do mordomo, olhou no relógio e o elogiou:

— Assim que eu gosto, Charles. Pontualidade. Espero que esteja uma delícia, pois há tempos que desejo comer salmão.

Charles serviu o patrão e disse:

— Bom apetite.

— Obrigada. Quem sabe um dia me dê uma loucura e deixe você jantar aqui comigo — completou, dando uma risadinha.

Charles forçou um sorriso e saiu.

Logo, Emílio se serviu. No entanto, seu rosto evidenciou que não estava de acordo com suas papilas gustativas. Cuspiu no prato e, furioso, começou a balançar o sino freneticamente. Ao ouvir o ininterrupto som do sino, Charles já se preparava para problemas. Apressadamente, dirigiu-se até o patrão, que, ao vê-lo, atirou o prato em sua direção. Esquivou-se a tempo e indagou:

— O que foi, chefe?

— O que foi?! Será que eu estou rodeado de incompetentes? Que porcaria de salmão é esse que foi servido? Está horrível. Sem gosto nenhum.

— Eu vou até a cozinheira e já volto.

A chef, que já ouvira o que o patrão achara do prato, chorava sentada em uma cadeira. Assim que ela avistou Charles adentrar, perguntou:

— Como? Como você consegue aturar esse monstro? Eu não aguento mais. E eu só estou aqui há dois meses.

— O que você acha que deu errado?

Com os olhos mirados no chão e carregados de tristeza, a chef balançou a cabeça e respondeu:

— Até que demorei a entender por que o salário era tão alto. Mas esqueça isso, Charles. Eu não vou nem me prestar ao trabalho de explicar. Você sabe que não tem problema nenhum — ela encarou Charles e completou. — O único problema aqui é aquele demônio! Vamos ver quanto tempo a próxima vai durar — levantou-se e saiu.

Charles ficou ali, parado, sem reação, com olhos vagos, pensando na vida.

...

Horário de almoço. Brenda e Monique marcaram de almoçar juntas em um restaurante. Sentaram-se à mesa, e o garçom entregou o cardápio. Antes de decidirem pelo prato, pediram suco de laranja. Brenda folheava o cardápio quando Monique a indagou:

— Menina, e a cirurgia? Vai fazer mesmo?

— Desisti — respondeu sem tirar os olhos do cardápio.

Monique a olhou desconfiada e persistiu:

— Desistiu? Mas do nada? Estava tão empolgada.

— É, desisti. É que... Deixa pra lá.

— Ai, agora conta, amiga.

— É que eu resolvi investir na carreira do Lucas. É isso.

— Ah, tá. Mas e como estão indo as coisas?

— Estão indo muito bem. Ele já foi chamado para quatro trabalhos. E estou surpresa com ele. Não sabia que ele tinha jeito pro negócio.

O celular de Brenda tocou. Ela o pegou e se informou pela bina que era o filho ligando. Atendeu:

— Oi, filho.

— Mãe, você não vai acreditar. Fui chamado para desfilar no Fashion Rio, mãe! Porra, tô muito feliz!

— Nossa, filho, que notícia maravilhosa! Quando eu chegar em casa, vamos comemorar.

— Claro! Mãe, te amo! Só liguei pra te dar essa notícia. Tchau.

— Tchau, filho.

Enfim o acordo com o dono da agência havia se firmado. Brenda se sentia feliz ao ajudar o filho. Por mais que sentisse certo remorso em tomar uma atitude daquela, tinha convicção de que Lucas alcançaria o sucesso por puro mérito. Ela só estava dando um empurrãozinho. Agora, só tinha de ter o cuidado de Lucas jamais desconfiar do que ela havia feito. Conhecia o filho. Ele nunca permitiria que ela fizesse isso.

...

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