Capítulo 2

87 5 1
                                    

Rio de Janeiro, 2014

Em frente ao espelho do banheiro, Brenda Ellen acabava de retocar a maquiagem. Ouviu a campainha tocar e gritou:

— Lucas?! Abre a porta pra mim! Deve ser a Monique!

Lucas, que estava em seu quarto acessando um site, minimizou a página e respondeu:

— Já vou!

Levantou-se e atendeu a porta.

— Oi, lindão — disse Monique ao entrar.

— Oi, Monique.

— Cadê a sua mãe?

— Está no banheiro se arrumando.

— Ainda? Nossa, mas ela tá enrolando muito. Peraí que já vou lá perturbar.

Monique se dirigiu até o banheiro e disse, batendo à porta:

— Como é que é, senhorita? O mundo lá fora nos espera.

Brenda já estava pronta. No entanto, ficou algum tempo se olhando no espelho, indagando se deveria ou não sair naquela noite. Embora há um bom tempo estivesse precisando se divertir, estava preocupada. Não se sentia confortável em deixar Lucas sozinho, mesmo que ele já tivesse seus 16 anos.

Brenda, enfim, abriu a porta. Monique, ao vê-la, percebeu no rosto a mensagem "não estou muito a fim de sair" e protestou:

— Mas que cara é essa, amiga? Nós vamos para a balada, não para um enterro. Vamos logo melhorando essa cara, hein.

— Você sabe meus motivos, Monique.

— Eu sei, Brenda. Mas vai ficar tudo bem. Vamos lá conversar com o seu filhote.

Brenda e Monique foram até o quarto de Lucas. Este, ao perceber que as duas se aproximavam, novamente minimizou a página que acessava.

— Lucas, você acredita que a sua mãe está preocupada em te deixar sozinho? — indagou Monique ao entrar.

Lucas olhou para a mãe e ficou incomodado. Afinal, ela estava linda em um ousado vestido preto. Sentia ciúmes, embora não assumisse. Mas ele também tinha seus motivos, já que Brenda era uma daquelas mulheres impossíveis de não se notar. Loira, alta, com hipnotizantes olhos azuis. Não havia quem não ficasse fascinado por sua beleza.

Conquanto o rosto de Lucas traduzisse "mãe, não vá e fique aqui comigo", ele engoliu o egoísmo e respondeu:

— Pode ir, mãe. Vai ficar tudo bem.

— Ouviu? — indagou Monique.

— É. Acho que não tem nada de mais você ficar sozinho aqui. Mas, pelo amor de Deus, me liga se precisar de alguma coisa. Meu celular estará ligado. Tranque a porta e não abra para ninguém. E...

— Ih, Brenda! Chega! — interrompeu Monique. — Você já deve estar repetindo isso pela milésima vez. O Lucas não é um bebê. Ele sabe se cuidar. Que paranoia!

Reféns do MedoWhere stories live. Discover now