Capítulo 10

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O sol estava escaldante. Emílio já havia caminhado por mais de vinte minutos por aquela mata, dirigindo-se à casa abandonada, o local do encontro. O coração batia apressadamente não só pelo longo trecho percorrido, mas pela ansiedade. Seria sua primeira vez. Estava nervoso, ainda mais por ser a sua primeira vez com o homem que sempre sonhou.

Ao avistar a casa, seu coração começou a pulsar ainda mais forte; seus passos tornaram-se ainda mais rápidos em direção a casa. Estava chegando o momento. Finalmente, o grande momento. Estando a poucos passos do local, tomou um susto. Viu o amado e sorriu, mas logo o sorriso se desfez. Sentiu um tomate se espatifar em seu rosto. Parou. Olhou para o amado e não entendeu o que ele havia acabado de fazer. O homem que tanto amava, que seria o primeiro a lhe proporcionar o prazer que tanto sonhou, andou até ele, cuspiu em seu rosto e finalizou dizendo:

- Nunca, sua bicha escrota. Nunca.

Emílio despertou do sono sentindo seu coração pulsar forte. Suava, apesar do ar-condicionado estar ligado. Arrastou-se na cama até chegar ao criado-mudo, pegou o sino, balançou-o e começou a gritar:

- Charles! Charles!

Charles, que dormia em um quarto ao lado, acordou assustado com os gritos. Levantou-se da cama e dirigiu-se com pressa até o quarto de Emílio. Este ainda se encontrava na cama balançando o sino e chamando pelo nome do mordomo. Ao se aproximar, Charles envolveu Emílio em um abraço, falando:

- Calma. Vai passar. Calma.

Apertando Charles como se o medo fosse se dissipar, Emílio disse:

- Ele voltou, Charles. Ele voltou. Precisamos fazer de novo. Precisamos.

Aquelas palavras preocuparam Charles, pois sabia o que elas significavam. No entanto, mesmo atordoado com o pedido, naquele momento não podia transparecer que havia ficado incomodado. Imediatamente, respondeu ao patrão:

- Claro, chefe. Iremos fazer de novo. Quando quiser.

Ainda nos braços do mordomo, pediu:

- Que seja breve, Charles. Que seja breve.

...

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Reféns do MedoWhere stories live. Discover now