Capítulo 2 - A Starless Sky

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Essa era provavelmente a coisa mais louca que ela já fez desde que perdeu a visão, e também a mais egoísta. E a mais idiota. Onde raios Lauren estava com a cabeça quando decidiu fugir de um restaurante cubano com uma total e irritante desconhecida?

Camila a arrastara pelo que Lauren imaginou ser a cozinha do restaurante, arrancando algumas reclamações e xingamentos em espanhol dos cozinheiros, e logo depois a morena conseguiu respirar um ar livre de temperos. Estavam do lado de fora, finalmente.

— Então, senhorita fujona, para onde deseja ir agora? – perguntou Camila.

— É... – Lauren não tinha pensado nessa parte ainda, porém, não admitiria para garota a sua frente. Então, resolveu desconversar. – Como conseguiu passar pelo restaurante assim? Por acaso é dona ou algo do tipo?

— Um dia, talvez. – ela soltou uma meia risada, meio suspiro. – Meus pais são donos do restaurante, não viu o nome? – Camila não percebeu a tolice que acabara de falar, e continuou a tagarelar. – Meu sobrenome está espalhado por quase todo local. Não é nada animador, para falar a verdade. Meus pais esperam que eu assuma esse lugar em breve, mesmo que estar nesse ramo não seja o meu maior sonho.

— Eu realmente não estou interessada na sua triste história. Só quero ir embora daqui e trocar de roupa.

— Claro que quer. – a latina riu com sarcasmo. – Onde quer que eu a leve?

Lauren bufou, sua raiva voltando com tudo.

— Não sou nenhuma criança, pelo amor de Deus! Posso encontrar o caminho de casa sozinha, muito obrigada.

Lauren pegou sua bengala e saiu empurrando algumas caixas que estavam em seu caminho. Sentia o olhar da latina nas suas costas, e isso só a fez querer sair dali o mais rápido possível. Estava tão focada em provar que era capaz de sair dali sem ajuda, que não percebeu sua bengala bater em algo baixo levando-a a tropeçar.

— Que merda! – xingou, tentando levantar-se. Humilhada era pouco para como ela se sentia no momento, e a risada histérica que se aproximava não ajudava em nada sua situação.

— Você deveria colocar amortecedores, sabia? – Camila comentou, ajudando-a a levantar. Lauren protestou. – Orgulho não vai leva-la a lugar algum, se quer saber.

— Estou pouco me importando para o que acha, se quer saber. – zombou ela, livrando-se das mãos da latina.

— Deveria prestar mais atenção para onde anda, ou vai acabar com um braço quebrado ou algo assim.

— Isso é algum tipo de piada? –  Lauren ralhou, enfurecida. Ela já estava cheia das pessoas zombarem dela, tentarem demonstrar compaixão pelo o que tinha acontecido. Ela estava cega, e não morta! – Viu a ceguinha tentando fazer tudo sozinha, e resolveu caçoar mais um pouco dela? Eu já estou cheia das pessoas tentarem me ajudar! Eu não morri, porra! Quer mesmo me ajudar? Dê-me um par de olhos novos ou me mate de uma vez!

— Quer ir a minha casa e trocar de roupa? – a latina continuou, indiferente a repentina explosão de Lauren.

— O quê?!

— Perguntei se quer ir a minha casa tirar essa calça molhada, ou prefere pegar um resfriado? Além de cega, é surda também?

— Quer saber? Foda-se!

Lauren sentia que seus nervos estourariam a qualquer momento. Quem aquela garota pensava que era? Meu Deus! Como ela queria poder ver onde ela estava e dá-lhe umas boas tapas! Talvez assim baixasse a bola dela.

Ela desviou dos obstáculos tomando mais cuidado para não tropeçar novamente, ouviu o barulho do tráfego cada vez mais próximo e sabia que estava perto da rua. A verdade era que agora ela estava realmente pensando na burrada que havia feito. Como ela fugiria de um restaurante sem nem mesmo saber onde estava indo? Ela tinha deixado sua bolsa com o celular na mesa onde sua família estava, e nem ao menos tinha dinheiro para pegar um táxi e sair dali. Suas únicas opções eram voltar ao restaurante e passar por mais uma humilhação pública, ou dar meia volta e pedir ajuda a Camila.

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