Ele está horrorizado. Seus olhos estão quase saindo do globo ocular e sua pele clara ganha um tom vermelho agora. Olho para suas mãos e vejo que estão fechadas em punho.

Acho que é demais para ele. Na minha mente, só consigo vê-lo se levantar e me deixar com a certeza de que estou marcada para sempre, maculada pelo meu passado sombrio. Eu entenderei, se ele fizer.

– Eu vou matar aquele desgraçado. – finalmente quebra o silêncio. – Continue, Kimberly, mesmo que seja a porra de uma história fodida, eu preciso saber de tudo agora.

Conto todos os acontecimentos a Apollo desde os meus dez anos até chegar aos quatorze, a participação da minha mãe em tudo e os motivos de esconder esse segredo do meu pai. Ele não me interrompe sequer uma só vez. Ouve tudo até o final com a bravura de um soldado em uma missão.

– É isso. Depois de tantos anos, pensei que nunca mais veria aquele homem novamente, que estava livre dele. Até hoje. Alexandre me mostrou que é uma pessoa pior do que eu imaginava. Quem ele pensa que é para me procurar depois de doze anos, achando que é meu dono? – As lágrimas rolam pelo meu rosto.

– Ele é de fato um psicopata. – Apollo diz com voz rasgada, quase gritando. Se levanta e dá um murro na parede com toda força. Quando afasta sua mão, vejo que a parede branca está manchada de sangue.

Corro até ele e seguro sua mão. Há pequenos cortes em mais de um lugar.

– Ei, você se cortou. Calma.

– Você está me pedindo calma? Depois de tudo que acabei de ouvir e de saber que o homem cometeu um crime em seu nome, eu devo ter calma?

– Eu entendo que não era exatamente o que queria ouvir, contudo não poderia te poupar da verdade. Se acha que é muita informação para lidar, apenas me diga. Eu não vou tirar sua razão.

Seu olhar é determinado. Não há sombra de confusão nele.

– Do que está falando, mulher? Se pensa que sua confissão pode me fazer voltar atrás é porque não sabe até onde estou disposto a ir para ficarmos juntos. Meu desejo, Kim, é de cuidar de você, dizer que vai ficar tudo bem, que a defenderei, que não precisa se preocupar com mais nada.

– Só que você não pode.

– Realmente. Eu não posso mudar seu passado. Ele estará em suas lembranças para sempre e terá que conviver com ele. Porém posso mudar seu futuro e vou. Eu vou fazer o possível e o impossível para protegê-la, minha linda. Nem que seja a última coisa que faça em minha vida.

– Oh, Apollo.

Me jogo nos braços dele e sou invadida por uma sensação de segurança. Seu abraço é forte, mas carinhoso. Ele acarinha, beija meus cabelos e me sinto uma criança indefesa novamente, só que desta vez, acompanhada da pessoa certa.

– Você precisa procurar a polícia. Esse homem não pode fazer o que quiser e continuar impune.

Não me afasto do seu abraço. Sentir sua fragrância masculina é como estar no paraíso.

– Eu não tenho como provar nada. Será minha palavra contra a dele. Tenho que investigar o caso e tentar encontrar alguma pista de que ele é um assassino. Talvez assim eu consiga vê-lo na cadeia e tenha um pouco de paz.

Mordendo os lábios com força, Apollo responde:

– Você terá paz. Eu te garanto que não terá que conviver muito tempo com esse fantasma que voltou para te assombrar. Te dou minha palavra.

– Apollo... o que está pensando em fazer?

– Nada que você precise se preocupar. Venha, vamos tomar um banho e depois cama. Seu dia foi muito puxado e você precisa de uma massagem. Amanhã vamos conversar sobre a viagem do fim de semana para conhecer minha mãe. Eu também tenho segredos a revelar, mas preciso que seja depois desta viagem.

Apollo: Quando o Amor está em Jogo À venda na Saraiva e Qualis EditoraWhere stories live. Discover now