Lesly

6.7K 700 20
                                    

Ouvi gritos eufóricos quando as líderes de torcida terminaram seu número sincronizado e os garotos do time entraram correndo. Todos aplaudiam e algumas garotas levantavam cartazes com o nome de Hugo e palavras banais como; eu te amo e seja meu namorado. Pobres garotas. A claraboia que mostrava o ginásio era muito maior e de vidro, então quase todo momento eu tinha que me agachar para não ser vista. O jogo começou.

Eu não entendia nada de basquete, então, a cada vez que as líderes de torcida do time da escola pulavam com os pompons nas mãos, eu imaginava que o time havia feito ponto. O tempo havia mudado, de crepúsculo o céu havia ficado escuro. Encarei a lua que estava bem à minha vista.

O jogo se mantinha animado por todo o seu tempo, e distraída com a beleza da lua, não percebi que o time da escola havia ganhado o jogo. Fishers estava em festa. Haviam ganhado o jogo contra um time de uma escola de Ohio. Olhei para o telão esperançosa. A festa de Hugo iria acabar. Vi que ele recebia cumprimentos de várias pessoas e até mesmo do diretor da escola. Fitei novamente o telão e aconteceu. Ronan havia feito a configuração.

Todos pararam o que estavam fazendo quando o telão de LD ficou escuro e começou a transmitir um vídeo. Para minha surpresa, não era o vídeo que Hugo estava com a provável filha do diretor, era algo pior; Era um vídeo feito por uma câmera de celular, de Hugo agredindo Breno. A agressão que eu impedi. Olhei para as pessoas lá de baixo e vi seus rostos de surpresa. O áudio do vídeo estava perfeito. Ouvíamos Hugo falar palavras de ódio para Breno. Seu rosto agora era de desespero. Procurei seu pai entre as pessoas e vi que ele caminhava na direção central da quadra.

—Desligue isso! —ouvi ele gritar repetidas vezes.

Pessoas começavam a vaiar Hugo. Eu estava desnorteada e levantei no telhado. Passei por todas as janelas com um cuidado imenso para não de desequilibrar e cair. Entre vaias e gritos vindo do ginásio, minha concentração estava em risco. Não podia continuar ali. Com cuidado me levantei e corri em direção a escada, mas ela não estava mais lá.

Não havia como pular, pois era muito alto.

Vi que pessoas começavam a sair da porta da escola em direção ao estacionamento. Todos acompanhavam com vaias Hugo e seu pai que entraram em um enorme carro preto. Tentei ficar agachada para que ninguém me visse, mas uma garota, de cabelos loiros, usando o uniforme das lideres de torcida e com um rostinho perfeito, mas também falso, apontou para mim e isso fez várias pessoas virarem para me olha. A garota era a Sandra, e as pessoas era a escola inteira.


                                                                                      ****


—O que você estava fazendo lá em cima? — o diretor me perguntou quando me ajudou a descer do telhado. Foi necessário uma escada.

Não respondi. Não tinha pensado em nenhuma mentira convincente.

—Não irei repetir novamente. — ele falou me olhando. Tive vontade de pegar a câmera que ainda estava no meu bolso e mostrar o que a filhinha dele estava fazendo, mas não fiz isso.

—Lesly! — disse Daniela correndo empurrando o diretor para o lado. — Que bom que você não se machucou. Você viu algo?

—Como assim viu algo? O que você procurava lá em cima? — perguntou o diretor.

—Bem, — olhei para Daniela que fazia uma careta que supostamente achei que significava "inventa alguma mentira agora!" —Daniela havia me dito que uma das lideres de torcida havia sumido, então, subi no telhado...

—Ela é uma maluca, não é? —Daniela disse forçando um sorriso. —Mas ganhamos o jogo, e isso que importa, não é?

O tumulto se estendia de estudantes e do time de basquete. Aproveitando tudo isso, Daniela me puxou para longe e começamos a correr se livrando do tumulto e do diretor.

—Foi por pouco. — Daniela falou baixo, enquanto corríamos.

—Gostaria de saber, quem foi que tirou a escada do lugar.

Daniela me olhou com preocupação.

—Onde os meninos estão? —perguntei.

—Foram para a casa de Breno. — disse Daniela, desatado o rabo de cavalo e deixando os suaves cabelos negros caírem sobre as costas.

—Vamos para lá também. Precisamos comemorar a nossa vitória. Em ambos os sentidos — sugeri sorrindo.

Amor Sobre RodasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora