Breno

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Lesly me levou até a farmácia mais próxima, e pediu para que eu esperasse um pouco. Estava ventando e eu sentia meu rosto arder. Quando saiu estava com um frasco na mão e uma compressa. Fomos em direção ao um banco que havia em frente a farmácia, ela se sentou e fiquei em sua frente. Ela estava tão linda e eu possivelmente horrível.

—Devo estar horrível. — falei.

—Não diga nada. — ela tirou alguns comprimidos do frasco e me deu. — Tome. Vai ajudar a aliviar a dor. 

Coloquei na boca de uma vez só. Lesly se levantou e colocou a compressa sobre meu olho.

—Levante a cabeça um pouco.

Levantei e vi Lesly na minha frente. O vento bateu em seus cabelos que voam na direção certa; longe de seu rosto.
Segurei a compressa com uma mão e Lesly se sentou.

—Desculpe. — ela murmurou. 

—Está tudo bem.

—Não está. Nunca esteve. Hugo pensa que pode fazer isso. Me desculpe, droga.

Lesly fez a última coisa que pensei que ela faria; se levantou novamente e me abraçou. Um abraço rápido, mas que foi o melhor que eu já tinha recebido.
Depois do abraço, um silêncio constrangedor tomou conta do ar.

—Vou te levar para casa.

—Não precisa, Lesly. Estou bem. A dor até parou.

—Está menos roxo. — falou Lesly forçando um curto sorriso.

—Obrigado pela ajuda. Queria te recompensar, mas estou sem dinheiro no momento...

—Não precisa pagar nada. — ela disse.— Me deixe te levar em casa, assim você terá me pagando.

—Se você insiste...

Durante todo o caminho não falamos nada. Não tinha o que falar. O vento soprou e levou todas as minhas palavras, e imagino que as dela também.

  —Te vejo amanhã? — ela perguntou quando já havíamos chegado em frente a minha casa.

Apenas assenti com a cabeça e entrei em casa.
Minha tia me cercou me enchendo de perguntas. Eu estava tão cansado, que menti dizendo que havia caído, mas um pedestre qualquer havia me ajudado. Senti que tia Verônica não tinha acredito, porém ela não disse nada a respeito e me deu um saco de gelo, que virou meu novo melhor amigo.  

No meu quarto mil pensamentos corriam na minha cabeça, eram tantos que eu tentava estabelecer uma regra, mas foi em vão. Dormi e não sonhei com nada.


                                                                         

                                                                                   ****


Todos os olhares no café foram voltados para mim.

—Machucado feio, Breno.— tio Luis disse depois de um gole de café.

—A queda foi forte — falei com calma. — Que bom que tinha um senhor para me ajudar.

—Ontem não havia sido um jovem que estava indo em direção a faculdade, quando te viu no chão?  —retrucou minha tia enquanto enchia minha xícara com chá morno. Ela se sentou e me encarou de frente. — Você é um péssimo mentiroso.

—O que realmente aconteceu? — perguntou Tio Luís.

—Eu caí! Já falei. Podemos mudar de assunto, por favor?— pedi.

Amor Sobre RodasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora