Lesly

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Levei Breno para casa. Fomos o caminho todo conversando sobre a matéria. Graças a ele, tínhamos feito um progresso grande no trabalho.

—Obrigado novamente, Lesly. — falou Breno quando chegamos em frente sua casa.

—Eu que agradeço por me ajudar a entender a matéria.

—Então, podemos fazer a segunda tabela amanhã. Se você não estiver ocupada. — falou Breno sorridente.

Amanhã. Era Sexta-feira. Infelizmente, eu iria provar alguns vestidos para o chá que mamãe fazia todos os meses para mostrar para as amigas dela como sua vida era perfeita, ou em outras palavras, uma deliciosa tarde entre amigas ricas.

—Amanhã não vai dar, — reparei em seu rosto de decepção. — mas podemos fazer na semana que vem. Nesse mesmo horário.

—Claro. Será ótimo. —  disse ele sorrindo.

Ficamos parados por alguns minutos sem dizer nada. Breno morava em um bairro calmo. Não havia pessoas nas ruas e nem carros. Tão diferente do meu bairro, que era sempre movimentado por carros enormes. Senti uma paz naquele momento.

—Melhor você ir entrando ou sua mãe vai ter um ataque. — falei na tentativa de quebrar o mafioso silêncio que nos beirava.

—Ela não é minha mãe. Bem, eu a considerado mãe, mas... — ele parou de falar de repente. — Melhor eu entrar. Boa noite, Lesly Medley.

Ele entrou e eu fiquei ali sozinha. Eu não conhecia absolutamente nada sobre Breno.

               
   
           
                                     ****


Fui pra casa e vi o carro da mamãe aberto com várias caixas dentro. Era a decoração do chá. Entrei e vi mais caixas espalhadas pela enorme sala. Mamãe estava conversando ao telefone e acenou para mim quando me viu.
Não queria participar da decoração da festa. Estava farta daquilo, desde pequena minha mãe me obrigava a participar disso. Penteava meu cabelo, colocava o melhor vestido que eu tinha e fazia eu ficar mais de 3 horas ouvindo o papo dela com suas amigas. Tive até que fazer aula de etiqueta para sabe me portar na mesa.

Subi as escadas e fui para meu quarto, joguei a bolsa com os exercícios na mesa e me deitei na cama. Vi meu celular ao lado da cama e o peguei. Havia mensagens de Hugo, Sandra, Daniela e da minha mãe. Joguei ele novamente sobre a cama, e a lembrança daquela tarde venha na minha cabeça. A paciência de Breno e ele fugindo do assunto de sua mãe. Muitas pessoas do colégio, diziam que ele perdeu os pais em um acidente de carro, outras diziam que ele havia sido rejeitado pelos pais, que o viam de cadeira de rodas e o consideraram um fardo.

Me senti mal por ter tocado nesse assunto com ele, mesmo sem saber o que era verdade. Peguei meu celular novamente e disquei seu número. Ele atendeu depois de 3 toques.

—Garota das letras? — aparentemente ele havia gravado o meu número e de bônus recebi um apelido.

—Olá, garoto dos números. — retribui e ouvi sua risada. Ficamos em silêncio.

—Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa com a caderneta? — Breno perguntou e percebi que havia cometido um erro telefonando para ele.

—Não. Ela está, digamos, bem. — falei soltando uma risada nervosa. — Eu só queria me desculpar, por ter falado sobre sua... mãe.

Ele apenas me respondeu com sua respiração.

—Está tudo bem. Não precisava se preocupar com isso. — minutos depois, ele me respondeu. — Eu não costumo viver muito no passado.

— Muitas pessoas vivem. — falei sincera e ficamos em silêncio novamente. Cada um ouvindo a respiração do outro.

Amor Sobre RodasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora