Breno

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Minha cadeira de rodas nova, era mais confortável. Ainda não era motorizada, mas dava pro gasto. Girei exibindo para meus tios a minha habilidade com a cadeira e ambos aplaudiram. Por anos fazia esse giro e encerrava me curvando. Me achava um ótimo dançarino.

—Você deveria entrar para um musical. — disse Tia Verônica animada.

—Você não acha que está forçando os braços demais? — perguntou Tio Luís.

—Que nada, tio. Aliás olhe para mim; estou ficando mais musculoso fazendo força com os braços. — respondi, fazendo meus tios darem risadas conjuntas. Apesar da brincadeira, eu realmente me sentia mais forte.

A cadeira de rodas tinha custado um bom dinheiro, e assim usaram praticamente toda a economia que meus pais haviam deixado para mim. Não toquei mais no assunto sobre esse dinheiro e nossos outros planos. Tudo havia estragado e virado pó, mas por alguma razão meus tios me encorajaram que foi o melhor a ser feito.

—Quando aquela sua amiga vai vir aqui novamente? — tia Verônica perguntou quando eu havia parado de completar mais um giro.

—Quem? Lesly?— corei quando falei.

—Ela mesmo. Parece uma boa menina, além de muito bonita. — tia Verônica disse sorrindo e eu senti meu rosto mais quente do que o normal.

—Eu não sei. Na verdade, eu preciso perguntar pra ela. — falei sem jeito e parti para o meu quarto.

Peguei meu celular e disquei o número dela.  O visor de chamada apitava e meu coração latejava a cada toque.

—Garota das letras na linha. — ouvi sua voz doce dizer. Como eu amo essa menina.

—Olá, será que ela poderia trazer aqui para casa, dois quilos de dicionários para eu melhorar a minha escrita? — falei e ouvi sua risada aguda do outro lado da linha.

Oi Breno. — ela conseguiu dizer depois de respirar e parar de rir.

—Oi Lesly. — senti sua respiração, como se ela estivesse próxima de mim. — Quando faremos as cadernetas? Estamos um pouco atrasados.

—Quando for um bom momento para você.

Uma hora muito boa para mim seria agora. Podíamos ir na biblioteca. — falei e ficamos em silêncio durante alguns minutos.

—Mas e sua cadeira? — droga. Ela ainda não sabia que eu havia comprado.

Meus tios compraram outra. Não é uma de ouro, mas dá pro gasto. — senti sua risada novamente. Eu estava apaixonado pela risada dela. — Tudo bem pra você ir agora?

—Tudo bem. Irei aí. — sorri imediatamente.

Use a porta dessa vez, invés da janela. — falei dando uma longa risada depois.

Ela riu novamente e depois desligou. Agora eu sei como é a voz dos anjos; É a Lesly rindo.

Amor Sobre RodasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora