Era assustador, pensar que a vida da pessoa que você mais ama no mundo todo está na mão de desconhecidos, que eles têm a capacidade de acabar com toda as dores e desconfortos que ela sente, assim como conseguem acalmar familiares. Eu confiava nos profissionais que trabalhavam ali e confiava na vontade que Camila sentia de viver, precisava acreditar na minha fé e que tudo daria certo no final.

Não precisávamos dizer nada, não havia o que ser dito. Apenas nos sentamos ali, em silencio, e cada um ficou sozinho com seus pensamentos, provavelmente porque cada um precisava daquele espaço.

Primeiramente liguei para a minha mãe, informando o que estava acontecendo e até mesmo chorando mais um pouco no meio do corredor, um colo dela seria muito bom naquele momento, por esse motivo ela disse que estava indo para o aeroporto de Miami com meu pai e que naquela noite mesmo chegariam em New York. Depois liguei para Normani, que estava no meio de uma aula e não demorou nada para dizer que estava a caminho do hospital e que iria se encarregar de ligar para David, Ally e Lucy, para que eu não precisasse me incomodar em falar mais com eles. Terceiramente liguei para Dinah, que quando escutou o que havia acontecido começou a chorar ao telefone, podia escutar uma pessoa no fundo tentando acalma-la, minha amiga logo disse que estava a caminho.

Quando me sentei novamente ao lado de Sofia peguei uma revista qualquer e comecei a folha-la, vendo uma matéria pequena onde aparecia Camila e eu, era algo sobre eu ter parado a minha turnê para ficar com ela. Depois de ler a matéria peguei meu celular e fiquei passando fotos e mais fotos minhas e dela, como uma forma de me deixar mais calma, o que não adiantou muito já que algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto sem que eu tivesse controle.

- Lauren? - David tinha uma expressão apreensiva, sua pele estava pálida e ele parecia afobado em me achar. Assim que meu melhor amigo colocou seus olhos em mim, abriu os braços e eu me levantei, andando em sua direção - Vai ficar tudo bem, tampinha. - Acaricia meu cabelo e me abraça apertado, escondo meu rosto em seu peito - Não precisa chorar, Laur.

- Ela desmaiou nos meus braços e eu não fiz nada... - Sussurro e ele suspira.

- Não havia o que ser feito. - Me abraça ainda mais apertado - Ela tinha que vir para cá e ser cuidada por profissionais, tampinha, vai dar tudo certo. - O abraço ainda mais apertado e ele se deixa ser abraçado, sabendo que eu precisa daquilo mais que tudo naquele momento.

Nós nos sentamos e a sala de espera foi ficando lotada, haviam alguns pacientes esperando seus oncologistas e então havia todos os nossos amigos e seus familiares, todos ali aguardando respostas ou qualquer outra coisa que nos mostrasse que Camila ficaria bem, nós sabíamos que aquilo iria demorar, mas não nos importávamos de esperar.

Mesmo o cômodo inteiro estando lotado de amigos e familiares de Camila ninguém se atrevia a falar nada, as vezes dava para escutar as pessoas conversando bem baixinho, mas não demorava nada para que elas parassem. Ashley chegou quando o sol já havia se posto, a esposa do meu melhor amigo fez questão de me abraçar apertado e ter certeza de que eu estava bem, ficando ao meu lado o tempo todo.

Ally se encarregou de ficar com Sofia, conseguiu até mesmo fazê-la andar um pouco pelo hospital e depois de uma meia hora me mandou uma mensagem alegando que estavam na lanchonete do hospital comendo alguma coisa, ou tentando. Patrick estava extremamente ansioso e podia ver Marie tremer nervosa, o que me deixou levemente tensa, com medo que seu coração não aguentasse essas emoções.

Quando me levantei todos os olhares foram em minha direção, informei que iria ao banheiro e Normani fez questão de me acompanhar. Eu não queria ser acompanhada porque não queria que ninguém me visse ficar desesperada, como aconteceu mais cedo, na posição em que eu estava não podia desmoronar sem que todos comentassem, preferia sofrer sozinha. Assim que entramos no cômodo ainda mais branco que os outros apoiei minhas mãos na pia e senti minha cabeça latejar, assim como meus olhos arderem indicando que as lágrimas vinham com tudo.

Letters To Camila - Segunda TemporadaWhere stories live. Discover now