Capítulo 07 a doença.

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-Desculpe, mas não será possível conseguir esse emprego, devido a sua idade. -Disse a moça sem ao menos me olhar.

-Por favor, eu preciso de um emprego, moro de alguel com minha tia e estamos quase sendo expuls..

--Próximo! --Disse ela me interrompendo.

--Por favor, escute minha história de vida...

--Todos vem com histórias parecidas quando não conseguem o emprego, agora se retire por favor, tenho que continuar o meu trabalho. --Disse em um tom rude.

E assim eu volto pra casa, estou a três dia nessa humilhação, é da escola pra rua procurar um serviço e da rua pra casa. E sempre chego com os olhos inchados pelo choro.

*******

--Tia! --A chamei fechando a porta da sala e indo em direção a cozinha.

--Tia, cheguei !--Falei alto, mas nem um sinal dela.

--Estranho. --Terminei minha água botando o copo sobre o balcão e indo pro quarto dela.

Chego no quarto e me deparo com uma cena que eu achava que nunca fosse ver novamente. Minha tia, caída no chão com o canto da boca sujo de sangue. Ela vomitou sangue de novo, é a segunda vez que isso acontece, porém ela insiste que não quer ir ao hospital.
Chega, agora ela vai.

Desço as escadas correndo e chorando, chego a casa de Alexander (O marido da vizinha que cuidava do meu pai no hospital (tio Ollavo) ) e o chamo ,ele é sempre prestativo nessas horas, o único vizinho que pelo menos se prontifica quando peço que me leve ao hospital em casos como esse. Ele é taxista e como sabe da nossa condição financeira, nos leva de graça. Pelo menos isso também, já que só ajuda com isso.
******

-Senhorita Alasca Miller ? --Disse a médica chegando perto com uma prancheta na mão.

-Eu, o que aconteceu com ela ?

-Bom, sua tia está passando por alguns exames, não foi confirmado ainda nada, pois seria preciso marcar uma consulta mas como isso iria demorar e como a senhorita disse ela já vem apresentando sintomas estranhos a algum tempo, desconfiamos que seja um tumor, pela revisão feita pelo doutor Felipe Dellavuega todos os sintomas coincidem ao mesmo. Mas como eu disse, nada confirmado ainda, como a senhorita é a única da família poderia assinar para os exames que serão feitos agora, mas é menor de idade, então precisamos de alguém responsável.

-Mas nós não temos ninguém...-Eu disse já chorando muito. Olhei para Alexander que estava parado na porta me esperando e fui até ele.

--Alexander, por favor assine os exames da minha mãezinha, tem que ser maior de idade e pra ela fazer esses malditos exames precisa da sua assinatura.

--Eu não quero me meter nisso, Alasca, me deixe fora.

--Por favor, Alexander, é só uma assinatura, por favor! Não custa nada PORRA! --Eu disse aos prantos.

--Tudo bem. --Disse me olhando assustado.

Alexander não é uma pessoa má igual aos outros vizinhos, mas ele tem medo, pois perdeu uma filha quando teve que assinar para responsabilizar a cirurgia da mesma, ela morreu na cirurgia e ele sente culpa de si mesmo por isso.

Eu também não sou de falar palavrões, palavras essas que não fazem parte do meu vocabulário, mas quando estou nervosa ou com medo de algo elas saem de minha boca sem eu ao menos perceber.

******

Os exames foram feitos, o resultado sai daqui uma hora, a médica me disse que encontrou 50% de chance de ser apenas um pequeno tumor, beligno que com uma cirurgia ela ficará curada.
Mas também os outros 50% a chance é de ser maligno.
Mas isso não ajudou em nada. E ainda aguardo o resultado para saber se ela está com câncer ou não! Em qual parte de seu corpo! E se é beligno ou maligno!

Vejo um médico já de idade, baixinho e gordinho vir em minha direção e me levanto imediatamente esperando notícias da mãezinha.

-Senhorita Miller ?--Ele pergunta com um olhar no qual eu não consigo entender muito o que se passava ali.

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