Dia D

342 20 0
                                    


Dobro minhas roupas uma a uma, sendo seguida pelo olhar de Ben. Ele está sentado na cama, de braços cruzados. Olha pra mim, depois fita o nada.

— No que está pensando? — quebro o silêncio.

— Em nós dois... Separados.

— Está com medo?

— Estou triste. Já me sinto vazio...

— Eu não vou demorar. O que você pretende fazer?

— Eu tenho três sessões de fotos marcadas pra esses dias, mas não posso sair de Washington sem olhar para meu pai.

— Vai conversar com ele?

— Vou esclarecer as coisas pra ele. Dar-lhe um tempo para pensar. Semana que vem voltarei, mas antes tenho que conversar com Kat. Nem preciso ir até ela, ela vai me achar. Bom, quando voltar (e você vai estar comigo) ouviremos o que ele tem a dizer. Querendo ou não eles vão me deixar em paz e nós viveremos felizes para sempre.

— Kat — faço careta.

Ele ri — sério que de tudo o que falei você só notou isto?

— Eu notei tudo, babaca. Mas um apelido carinhoso não sai sem ser notado.

— É só modo de falar — ele puxa minha cintura, fazendo-me deitar na cama — você é o meu amor.

— Ben... — começo — você já sentiu algo por ela?

Eu tinha que perguntar. Essa dúvida me assombra.

— Sentir... Eu sinto. Mas não é a mesma coisa que sinto por você. Eu sinto um carinho enorme por ela. Ao longo desses anos tenho visto o esforço dela para me conquistar... Não posso desejar mal a quem me ama. Mas nunca senti... Desejo. Paixão. Nunca a vi como uma mulher de verdade, por mais que ela seja lindíssima. É só que... Quando eu estava com ela, pensava em você. Em quão você era MAIS que ela. Nas poucas vezes que nos relacionamos, eu estava bêbado como o inferno. Não sei... Não era pra ser. Eu sempre soube que pertencia a outra pessoa.

Sorrio.

— obrigada. Por falar a verdade.

— E você? Teve algo com outros caras?

— sim — confesso — já me relacionei com vários caras, não nego. Mas eram só tentativas frustradas de preencher o vazio que você tinha deixado em mim. Algo sério, nunca quis. No fundo, eu sempre te esperei.

Ele beija minha testa — isso é o suficiente.

— Mais alguma curiosidade? — pergunto.

— Por enquanto, não. E você?

— também não.

— Então volte às malas — ele ri.

Reviro os olhos e obedeço.

Após uma hora, tudo fica pronto.

Benjamim leva as malas para o andar de baixo enquanto vou tomar um banho. Ponho uma roupa confortável e penteio meus cabelos. Mia aparece pra avisar que o táxi nos espera.

Desço as escadas e me despeço de meus pais. Saímos de casa e Ben está ajudando o taxista a colocar as malas no carro. Quando ele termina, olha para mim e sorri.

— Ei, vai ficar tudo bem — ele pega minha mão.

— Vai sim — sorrio.

Nosso beijo é calmo e terno. Sinto que ele quer me transmitir paz e é exatamente o que consegue.

— eu amo você — ele beija minha testa.

— eu amo você — beijo sua boca.

— Agora vamos! — Mia entra no carro.

𝐓𝐡𝐞 𝐏𝐡𝐨𝐭𝐨𝐬𝐡𝐨𝐨𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora