Lágrimas

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Sinto meu coração bater cada vez mais rápido.

— Me le-leva... Embora — é tudo o que consigo dizer.

Ele abre a boca pra falar algo, mas desiste. Volta correndo para casa e depois de um tempo, seu carro para ao meu lado. Abro a porta e entro no carro.

Não olho para ele. Não tenho coragem. Eu sou uma grande vadia. A maior vadia de todas. A maior da história. Mas é claro que ele tem outra! Eu que estava me iludindo que não, porque o queria para mim.

Eu quero.

"Eu te avisei!" minha anjinha fala entre lágrimas.

Minha diabinha está sentada no canto, calada. É a primeira vez que isso acontece.

Ele dirige calado, mas seus dedos estão brancos de tanto apertar o volante.

Após uma eternidade, ele estaciona em frente a casa de Hanna.

— Talie, eu...

— Até nunca mais, Ben — saio do carro antes que ele comece.

Não quero ouvir a voz dele. Não quero sentir seu cheiro, lembrar dos seus toques... Meus olhos marejam. Toco a campainha freneticamente. O carro ainda está parado e eu consigo sentir o olhar dele me penetrando.

"Venha atrás de mim" penso, quase como uma prece.

Mas isso não acontece.

Hanna abre a porta e toma um susto quando me vê. Entro na casa quase correndo e vou direto para o quarto, batendo a porta. Hanna não faz nada. Ela sabe como eu sou... Nessas horas prefiro ficar só.

Tiro meu vestido rapidamente, depois os saltos. Entro no chuveiro ainda de lingerie. Só dá tempo de ligar o chuveiro, para que minhas lágrimas transbordem. Choro. Choro como nunca antes.

Nunca senti uma dor dessas antes.

Existem as dores físicas e as sentimentais... As do amor são as que machucam mais.

Minhas lágrimas se misturam com a água e eu tiro a lingerie, sentando-me no chão.

Fecho os olhos e tento controlar minha respiração.

"Tá tudo bem" sussurro.

"Vai ficar tudo bem".

"Não é a primeira vez que uma decepção acontece... Você está sempre fazendo merda, Natalie Dormer!" começo a soluçar.

Passo quase uma hora embaixo do chuveiro, quando lembro das pessoas morrendo de sede ao redor do mundo e então desligo o chuveiro.

Passo mais dez minutos criando coragem para levantar, até que o faço. Caminho nua até o quarto, pego uma toalha e enrolo o cabelo, caindo na cama logo em seguida. Me embrulho inteira, ficando em posição fetal. Nada pode me atingir aqui.

Ouço batidas na porta — Nat?

É Mia.

Levanto-me e boto uma calcinha, me enrolando no roupão em seguida. Ando até a porta e abro.

Ela sorri calmamente para mim e entra. Fecho a porta.

— Então... — ela senta na cama — quer conversar?

— Não — respondo.

— Então venha aqui — ela se levanta e pega uma escova.

Sento-me na cama e logo sinto suas mãos tirarem a toalha da minha cabeça. Fecho os olhos sentindo o pente percorrendo meus cabelos.

𝐓𝐡𝐞 𝐏𝐡𝐨𝐭𝐨𝐬𝐡𝐨𝐨𝐭Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt