Conversa

421 23 0
                                    



Ofego.

Mexo-me desconfortavelmente na cadeira. Já faz vinte minutos que entramos no escritório de meu pai para contar a história e dez minutos que ele está sem fala.

— Fale alguma coisa! — berro, já cansada do silêncio.

Ben me dá um olhar repreensivo e eu reviro os olhos.

— estou... — meu pai começa — surpreso.

— percebi — pigarreio.

— você não pode abandonar esse trato — ele nos corta.

Meu queixo vai ao chão.

WHAT??!

— POR QUÊ? — me altero.

— Isso irá prejudicar milhares de pessoas, inclusive eu.

Levanto-me da cadeira.

— O senhor está pensando em dinheiro ao invés da minha felicidade? — olho em seus olhos.

— Entenda que...

Saio da sala antes que ele termine.

Vou andando a passos firmes até a entrada.

As lágrimas tampam minha visão, mas consigo abrir a porta e sair de casa. Ando pela rua, a chorar. Minha tristeza vai se misturando com a felicidade de andar por aquela rua novamente...

A rua em que já brinquei de tantas coisas, andei de bicicleta, skate, fugi de casa... As casas continuam iguais. Será que com os mesmos moradores?

Logo uma pessoa especial vem em minha mente e eu ando até a casa em que ela morava. Espero que ainda esteja lá.

Abro a cancela da varanda e percorro o pequeno jardim de entrada. Subo as escadas e toco a campainha.

Uma vez...

Duas vezes...

Três vezes...

Quatro vezes...

Desisto e dou meia volta. Por que ela ainda estaria aqui, Natalie?

— Ei!

Viro-me e vejo um homem. Alto, cabelos negros, olhos verdes... É parecido.

Só pode ser.

Thomas.

Ando de volta até a entrada e fico cara a cara com ele.

— Thomas! — sorrio.

— Ah... Meu Deus! — ele está perplexo — Natalie!

Nos abraçamos.

— Como você está grande! Já é uma mulher feita.

— E você continua o mesmo! — rimos.

— Veio atrás de mamãe, certo? — ele sorri.

— Sim — sorrio de volta.

— Entre — ele dá passagem para que eu entre.

A casa continua a mesma. De madeira, escura, por causa das poucas janelas.

— Onde ela está? — pergunto.

— Lá em cima, no quarto. Já não consegue mais andar — ele sobe as escadas e eu acompanho.

Ele abre a porta de um quarto e dá espaço para que eu entre. Respiro fundo. Entro.

Meus olhos percorrem o quarto, simples, mas com uma enorme e confortável cama, abrigando o corpo velho de uma pequena mulher.

𝐓𝐡𝐞 𝐏𝐡𝐨𝐭𝐨𝐬𝐡𝐨𝐨𝐭Where stories live. Discover now