VINTE E QUATRO

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- Quem diria que nos veríamos novamente, Lauan.

Um calafrio percorreu minha espinha ao ver meu nome ser pronunciado por aqueles lábios malditos. Depois de tanto tempo imaginei que esse problema estaria enterrado, e que eu jamais voltaria a ver esse desgraçado novamente. Mas eu estava muito enganado. Ali estava ele, Bruno, o memso ruivo que tirou a vida do meu irmão anos atrás, nos olhando de cima como se fosse alguém superior.

- Olá Bruno. E aí, o que tem feito ultimamente? Torturado e matado muitas crianças inocentes? - tentei manter minha voz firme, não poderia deixá-lo ver que sua aparição tinha me afetado.

- Não, e você, anda levando muita gente na direção da morte como antigamente? E quem é essa? Sua nova vítima? - a voz dele era impassível, tinha uma frieza calculista de botar medo em qualquer um.

- Quem é ele Lauan? - Beth me olhou, enquanto erguia uma faca acima da cintura.

- Um velho e detestável conhecido, alguém que jamais imaginei que fosse voltar a ver.

- Peguem eles garotos. - ele disse, estalando os dedos para que seus capangas agissem.

- Quem são esses Bruno, seus novos cachorrinhos de estimação? Vejo que agora trabalha com adolescentes também, que ironia, não? - falei, me referindo a um garoto gordinho que começava a se mexer.

Beth já com a faca que puxou da cintura empunhada, entrava em posição de ataque, apenas aguardando o menor deslize de nossos adversários. Já eu continuava imóvel, se meu raciocínio estivesse correto - e ele estava -, eles ainda não tinham visto Daryl e Kelly, então se eu quisesse ter alguma esperança de continuar vivendo, deveria levá-los para o mais longe possível dali. Fiz um pequeno sinal para Beth, mostrando o barranco em nossa retaguarda, e instantaneamente ela entendeu o que eu quis dizer, baixou a mão que segurava a pequena arma e apertou a minha com a outra.

...

- De onde você conhece aquele cara, Lauan? - Beth me perguntou, tentando se mexer dentro das cordas apertadas que nos envolvia junto a um tronco de uma árvore, um de costas para o outro.

- Alguma vez já te falei sobre meu irmão mais novo? - olhei para ela, sentindo um peso doloroso tomar conta de mim. Ela apenas acenou com a cabeça, dizendo que não, o que me incentivou a prosseguir. - Eu tinha um irmão mais novo. Seu nome era Lucas e ele era de uma bondade sem igual. Quando tudo isso começou, nossa mãe e meu padrasto saíram em busca de suprimentos. Minha mãe não voltou, mas Josh... ah, ele sim voltou.

"Foi o primeiro zumbi que matei. Logo após ter matado o que restara de Josh, levei meu irmão a um supermercado que ficava no final do quarteirão, foi lá onde conheci Bruno, e outras pessoas também. Passamos em torno de uma semana dentro do tal mercado e saímos depois, estava se tornando perigoso demais continuar naquele lugar. Dos doze, contando comigo e com lucas, apenas quatro conseguiram chegar até a floresta, pois Bruno esbarrou em uma lata de lixo e atraiu uma enxurrada de mortos para a rua onde estávamos."

"Após isso, ele pirou, e quase matou meu irmão. Lex, uma bela mulher que conseguira escapar junto conosco, o expulsou, o que apenas aumentou a ira dele. Ele se juntou com outros caras, nos seguiu e matou a Lex, torturou meu irmão e depois tirou a vida dele também."

- Mas por que ele fez isso? - ela fitou o horizonte, tentando ver se Bruno e seus capangas estavam por perto. Eles haviam nos amarrado em um tronco e saído para investigar as redondezas, em busca de qualquer coisa que sugerisse perigo.

- Como eu era o único que morava naquele quarteirão, fiquei responsável por liderar nosso grupo através de toda aquela área até chegarmos à floresta. Ele me considera culpado pela morte de todos aqueles do grupo, inclusive de sua mulher e seu irmão gêmeo que não conseguiram escapar. Então ele se vingou no meu irmão. É por isso que ainda estou vivo. Ele me causou uma dor insuportável que eu jamais conseguiria esquecer, e então me deixou conviver com ela. - uma lágrima escorreu do meu olho esquerdo.

- Segundo o que você acabou de contar, o único responsável por todo o acontecido foi ele mesmo. Ele quem bateu na lata, ele quem atraiu os zumbis.

- É, só que ele não pensa assim. - ouvi um barulho no matagal à minha frente e quando olhei, lá estavam eles: Daryl e Kelly, com o dedo na boca mandando-me ficar quieto.

- Ah, droga. Eles estão voltando. O que faremos, Lauan?

- Nós? Nada, iremos ficar quietos. - permiti a formação de um breve sorriso em meu rosto.

The Walking Dead - A Marcha dos MortosWhere stories live. Discover now