VINTE E TRÊS

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O sangue escorrendo pelas bordas do meu taco manchava as folhas secas que se espalhavam pelo chão da florestas. A gigantesca massa de corpos podres havia passado, deixando apenas pequenos resquícios de sua existência para trás. Eu, Beth, Kelly e Daryl lutávamos contra um desses resquícios - um mínimo grupo de sete zumbis que andavam sem rumo pela floresta.

Ossos se partiam e corpos caiam enquanto nós quatro, naquela espécie de dança louca, matavamos zumbis para conseguir seguir em frente. Uma das flechas lançadas por Daryl acertou a cabeça do último morto - um velho em um grau avançado de decomposição, mostrando as gengivas roxas que seguravam os dentes podres e com o braço esquerdo destruído.

- E agora? - Kelly questionou. - Perdemos todas as nossa coisas em um carro que está sabe lá Deus onde no meio daquele tsunami de mortos, estamos sem água, sem comida, sem água e sem direção.

- Se meu senso de direção não estiver errado, seguindo nesta direção - Daryl apontou com o indicador uma direção e prosseguiu: - chegaremos rapidamente a Alexandria.

- E estamos nos baseando em que? No teu senso de direção? O mesmo que nos levou direto para aquele monstro? - ela se referia a horda. - Ah, estamos ferrados!

- Calma, Kelly. O que aconteceu para estar tão irritada? Nós vamos chegar lá, temos de confiar nele se quisermos chegar nesse tal lugar. Agora precisamos de fato dele, mas do que imaginamos. - eu falei, segurando no ombro dela, tentando passar uma possível sensação de conforto.

- Eu estou calma, então pode parar. Não me venha com essa história de "fique calma que nós vamos ficar bem", pois isso é a pior mentira que pode-se ser dita nesta porra de mundo. - ela deu meia volta e seguiu para um declive atrás de nós.

- Fiquem aqui, vocês dois. Vou atrás dela e já volto. - Daryl nos encarou seriamente.

- O que droga foi isso? - Beth perguntou, poucos segundos depois que nossos amigos terem saído.

- Não faço a menor ideia, Kelly estava muito exaltada, algo muito errado deve estar acontecendo.

- E... - Beth encarou sua blusa amarela, e em seguida o chão, como se houvesse algo muito interessante ali para ser observado. - E se ela ouviu nossa conversa ontem à noite?

- Se for isso, Daryl provavelmente já está morto uma hora dessa. - eu falei, fitando o horizonte.

Nós corremos e, da borda do declive, vimos o momento no qual Daryl a envolveu em um abraço apertado seguido por um beijo prolongado e envolvente. A cena era bela, até mesmo para a tensão do momento. O cabelo curto e cacheado de Kelly balançava com a brisa que passava ao mesmo tempo em que as mãos de Daryl passeavam pelo seu corpo, sentindo cada centímetro, cada pedacinho.

O quebrar de um galho chamou a minha atenção, e quando me virei para trás, no mesmo momento que Beth, meu coração saltou no peito. À nossa frente, três homens estavam de pé, nos encarando com um certo ar de divertimento.

The Walking Dead - A Marcha dos MortosWhere stories live. Discover now