The Walking Dead - A Marcha dos Mortos

DEZESSEIS

~Kelly~

Ouvindo atentamente o plano do Senhor Daryl Dixon, deixei um pequeno bocejo escapar de minha boca. Aquilo estava entediante e se não fosse para salvar Beth, eu não estaria mais ali. Tudo bem, sei que fui ameaçada de morte por ela, mas com razão, e eu queria consertar as coisas entre nós duas, já que também acabei agindo como uma babaca ao bater nela sem pelo menos ter uma prova de que ela era de fato uma habitante do terminus.

A luz do pôr do sol atingia nossos corpos, dando o aquecimento que precisávamos naquele final de tarde frio. Há quase uma semana nossa amiga foi levada, e finalmente iríamos tentar trazê-la de volta. Graças a nosso novo companheiro - e antigo amigo de Beth - sabíamos exatamente onde ela estava, e como chegar lá. Tínhamos um bom estratagema, armas, determinação e uma boa dose de adrenalina. Tudo conspirava a nosso favor, nos dando algo de que necessitaríamos muito: confiança.

- É arriscado. Sim, eu sei que é, Mas pode muito bem funcionar. - ele falava, enquanto Lauan ouvia tudo com atenção.

- É claro que sim. Podemos fazer com que funcione. Precisamos. - ele falou, determinado a fazer com que tudo saísse como o planejado.

...

- Tudo bem, Lauan? - perguntei, olhando seu olhos verdes visíveis na noite escura.

- Bem, não posso te dizer isso com certeza. Legal seria o mais coerente para se usar.

Sua expressão era triste, e à luz da fogueira seu rosto adquiriu feições sombrias. Ja era tarde da noite, e nosso outro companheiro dormia. O grande dia estava próximo. Enfim daríamos início a busca de resgate que traria Beth de volta para nós. Estavamos todos ansiosos, o Lauan um bocadinho a mais se considerarmos o fato de que ele está apaixonado por ela.

- Compreendo. Sei muito bem o que você deve estar sentindo. Um misto de emoções nada fáceis de entender. Acho lindo este teu amor por ela, é tão belo, e sincero, quem dera todos no mundo conseguissem provar um sentimento puro como esse.

- Como você sabe que sou apaixonado pela Beth? - ele me olhou, incrédulo e, obviamente, pensando se estava tão na cara assim.

- O jeito como você olha para ela, com uma contemplação... não consigo explicar, mas é algo mágico, e que anima até quem observa - um sorriso bobo escapou de minha boca, enquanto eu passava a mão nos meus curtos cachos, tentando disfarçar a confusão estampada em minha face.

- Não é só isso que está me atingindo, Kelly. Sabe, passei muito tempo sem me importar com ninguem, às vezes por medo de me machucar, outrora por medo de machucar os outros, e agora que me importo com ela... não posso perdê-la. Não consegui proteger as únicas duas pessoas que um dia já me importaram, e não desejo que aconteça o mesmo com Beth. Eu vou salvá-la, nem que para isso seja preciso erguer o inferno ou fazer cair o céu.

- Não ligo para o que for preciso executar, saiba que sempre terá minha ajuda - olhei para o céu sem estrelas, e senti uma leve brisa bater na pele morena do meu rosto, então disse: - é a única coisa que tenho para te oferecer no momento.