CAPÍTULO 9

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Sem revisão



Alicia

O jantar foi muito agradável, apesar de algumas perguntas sobre o meu "relacionamento" com o Henrique. Ele explicou que éramos apenas amigos e jurei ouvir uma bufada de decepção dos pais dele. Rever dona Teresa e Hamilton, pais do Henrique, e o Lucas, irmão mais novo dele, me fez sentir saudades não só de anos atrás como da minha família também. Fazia tempo que não os via e por mais que eu esteja acostumada com distancia é inevitável não sentir falta da minha mãe e da minha irmã. Sempre que eu posso eu vou passar minhas férias ou folgas prolongadas com elas no Brasil ou elas vêm passar comigo em Seattle, mas fazia quase um ano que tanto eu quanto elas não tivemos tempo algum para isso.

Durante o jantar Teresa me conta sobre o restaurante que abriu em Seattle assim que se mudou e que desde o primeiro dia até hoje é o maior sucesso. Senhor Hamilton agora é dono de uma joalheria e vive viajando para suas filiais, que não são poucas e estão por todo o EUA e até no Canadá! Luke se formou em direito e agora trabalhava em Nova York, atuando na área criminal. Eles me contaram de tudo um pouco e me senti bem de estar ali, surpreendendo até a mim mesma.

Dona Teresa não aparentava ser mãe de dois marmanjos já crescidos e criados, ao contrário, aparentava ser muito mais jovem. Seus cabelos castanhos escuros, que nem os dos filhos, já tinham alguns fios brancos aparecendo. Seus olhos verdes eram idênticos ao de Henrique, assim como o sorriso. Seu Hamilton não ficava para trás! Acho que o gene dessa família é como vinho: quanto mais velho, melhor fica! Ele não tinha essas barrigas salientes que normalmente homens da sua idade têm. Seu cabelo agora estava um grisalho escuro. Seus olhos castanhos marcantes são idênticos ao de Lucas. Mas o que realmente me deixou impressionada foi como o Luke havia crescido. Ele estava mais alto, seus cabelos castanhos escuros penteados perfeitamente, barba rasa, olhos castanhos marcantes iguais ao do pai e tinha um porte físico de dar inveja a qualquer um. Ele era muito parecido com Henrique e fico imaginando o estrago que esses dois podem fazem à sanidade das mulheres quando saem juntos.

- Então Aly. - A voz de Luke me tira dos meus pensamentos, me fazendo olhar para o mesmo sentado na poltrona logo a minha frente. - Por que medicina pediátrica?

Pensei um pouco na minha resposta. Já haviam me perguntado muito isso, mas sempre era difícil explicar. Olhei para ele, que sorria em expectativa.

- Eu amo crianças. Medicina já era algo certo na minha vida e a pediatria se consolidou depois de um tempo. No começo eu me senti insegura sobre a especialização, por justamente amar crianças, mas depois eu vi que era isso mesmo que queria.

- Por que insegura querida? - Foi a vez do Sr. Hamilton perguntar.

- Justamente por amar tanto criança! Talvez por conta disso eu não conseguisse vê-las sofrer, entende? - Luke, Hamilton e Teresa assentiram, enquanto Henrique me observava e pude notar a sombra de um sorriso em seus lábios. - Eu nem sempre trabalhei em consultório, fazendo apenas consultas ou tratamentos não tão graves ou invasivos. Eu trabalhava na urgência e emergência, com pacientes com ferimentos muito graves ou quase mortos. Fiquei com medo de não conseguir separar a razão da emoção e ao invés de ajudar a salvar a vida de uma criança, acabar fazendo o contrário. - Os quatro estavam bem atentos em mim, como se estivessem em uma palestra. Era engraçado e ao mesmo tempo estranho.

- E quando você percebeu que poderia fazer isso? - Henrique perguntou.

Sorri internamente. Eu estou em uma entrevista ou interrogatório e nem me avisaram, pensei.

- Quando eu comecei a estudar. - Sorri, lembrando-me do primeiro dia de aula e de como eu me apaixonei mais ainda por aquilo que sempre sonhei em fazer. - O medo foi substituído pela vontade enorme de fazer algo, de ser o instrumento de Deus na vida de pequenos anjinhos.

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