Beatrice

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Acordo em um lugar estranho, não sei onde estou, deve ser de madrugada ainda , pois está tudo escuro , começo a sentir medo , e ponho minha cabeça para funcionar , me lembro do que aconteceu , cheguei em casa vi minha mãe numa cena espantosa , nocautiei aqueles três caras , peguei minha bicicleta e fui pra praça, encontrei um garoto estranho que puxou papo comigo, então ele acabou ficando e me fazendo companhia, eu estava tão cansada que devo ter dormido, mas onde estou agora? Quem é aquele homem?
Levanto e vou em busca de uma lâmpada, esbarro em algumas coisas, mas finalmente acho um interruptor e acendo.
Fecho os olhos por um instante por causa da alta claridade, quando vejo que estou em um quarto, um pouco maior que o meu, tem uma cama de casal, na qual estava deitada , o quarto é todo branco, tem um armário grande, abro e vejo uma infinidade de roupas, todas masculinas, sinto vontade de ir ao banheiro, olho em volta e vejo uma porta, deve ser o banheiro , caminho até lá.
— Graças a Deus é um banheiro. — eu penso.
Faço minhas necessidades, e me olho no espelho, estou horrível! Meus cachos estão embaraçados, minha maquiagem toda borrada, lavo meu rosto, e desborro a maquiagem com um pedaço de papel higiênico, molho meu cabelo e procuro um pente, logo encontro, encontro também uma escova de dente nova, esse banheiro é realmente completo, faço minha higiene e me olho no espelho.
— Agora sim estou apresentável — eu penso em voz alta.

Quase caio pra trás de susto quando ouço uma voz.

— Apresentável ? Você está linda Beatrice. — diz uma voz que não me é estranha, mas não consigo indentificar o dono.

— Quem está aí? — perguntei com a voz trêmula.

— Calma Beatrice... Sou eu Miguel, não precisa se trancar no meu banheiro. — respondeu o estranho Miguel com sarcasmo.

— Ah! Desculpa... Quer dizer como vim parar aqui? O que fez comigo? — perguntei saindo do banheiro e olhando com receio pra ele.

— Eu trouxe você pra cá, você acabou dormindo e não achei legal te deixar dormir na praça. — disse Miguel com um sorriso.

— Nossa, que engraçado! Olha eu já vou pra casa, obrigada estranho. — eu disse caminhando em direção porta, mas ele me barrou.

— Pelo que pude perceber ontem as coisas na sua casa não estão nada fáceis, e ainda está muito cedo, aposto que nem jantou ontem, preparei um café da manhã pra gente, depois te levo pra onde quiser. — ele disse com a sua voz doce.

Fiquei alguns segundos paralisada olhando pra ele, só agora percebi o quanto é bonito, ele devem ter em torno de 25 anos, meio pálido, tem olhos azuis que mais parecem um oceano, um corpo lindo, não muito músculo , mas dava pra perceber que tinha tanquinho, e os cabelos eram pretos.
Ele me puxou pela mão me tirando do meu momento de fantasia, e me levou até a cozinha.
Chegando lá vi uma linda mesa de café da manhã, então ele me serviu e comemos em silêncio.

E então lembrei da minha mãe, de tudo que aconteceu em casa, procurei o celular mas não encontrei, ele olhou não pra mim, mas deve ter percebido que eu procurava algo.

— Ele está na cômoda do lado da cama que você dormiu. — disse ele.

— Ah... Como sabia que eu tava procurando meu celular? — perguntei curiosa, já que ele não tinha olhado pra mim.

— Deduzi. — respondeu apenas.

— Então você é bom de dedução. — disse impressionada.

Ele nada disse, apenas sorriu.
Então levantei e fui até o quarto dele e peguei meu celular, tinha várias ligações perdidas da minha mãe, suspirei, fiquei em dúvida, mas resolvi retornar.
Ela atendeu no terceiro toque.

— Oi Mãe. — disse meio receosa.

— Beatrice onde você está? — perguntou ela, sua voz irradiava raiva.

— Na casa de um amigo, depois de tudo aquilo que aconteceu não tinha condições de voltar aí. — disse me segurando pra não chorar.

— Depois do que você fez, sua idiota. Por sua culpa fiquei sem receber ontem. — ela disse super irritada.

Quase engasguei com a revelação.

— Mãe você voltou a fazer programa?  — perguntei quase sem voz.

— Sim, como você acha que tenho dinheiro pra manter nós duas? — perguntou ela em tom amargo. — Você sabe o quanto tá difícil conseguir emprego nessa cidade, cansei de fazer faxina, agora vou fazer o que faço de melhor, e tem outra coisa , estou indo embora com um amigo meu, ele é dono de uma agência de acompanhantes, vou trabalhar para ele. Você já está criada, já é quase maior de idade, vou cuidar da minha vida, o aluguel da casa onde a gente morava vence em 15 dias, então procura algo pra ganhar dinheiro se não vai ficar sem casa, já tirei tudo que era meu de lá, deixei os móveis pra você, são todos velhos mesmo, estou no aeroporto, embarco em 20 minutos. Adeus Beatrice, já fiz sacrifícios demais por você.

E então ela desliga sem ao menos me deixar falar, caio na cama atordoada, minha mãe está me abandonando para ser prostituta de luxo, agora estou totalmente sozinha no mundo, não sei o que fazer, então apenas choro.

As descobertas de Beatrice (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now