Capítulo 1 - Jane, a babá

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POV LIAM

A vida era mais fácil quando meu fim de semana não era preenchido por documentos e contratos chatos que faziam minha vida um inferno, mas basicamente eram o que garantiam uma vida mais do que confortável para mim e minha filha Olívia. Conseguia manter os empregados, seguranças, motoristas e uma babá que dormia aqui em casa todos os dias.

Respirei fundo quando outro grito de Olívia ecoou pelo andar superior, todos os dias era a mesma coisa. A diversão da Olívia era atormentar e tornar impossível a vida da Jane, a babá. No começo achei que existia algo de errado com Jane, que talvez ela maltratasse Olívia quando estava longe dos meus olhos. Por isso instalei câmeras no quarto da pequena e o que descobri é que não existia nada de errado.

Jane era extremamente eficiente no seu trabalho por mais que Olívia não facilitasse. E quando eu digo não facilitar, estou falando sério. Ela tacava coisas pelo quarto, gritava e chorava. E confesso que estava impressionado com as coisas que ela fazia, digo, ela tem 3 anos, é bem educada. Ainda lembro do dia que ela empurrou Jane na piscina quando a mesma tentou levá-la para jantar. O problema é, Jane não sabe nadar. E Olívia ria descontrolada em volta da piscina até que minha irmã Ruth resgatou a pobre moça.

Após esse episódio tive uma conversa séria com a pequena que começou a chorar no meio da conversa e se cobriu com o cobertor e se recusou a falar comigo por uma semana. Talvez ela sentisse falta da mãe. Se bem que minha ex-mulher não é nada maternal e me abandonou assim que deu a luz.

"Talvez ela sinta falta do pai" Ruth havia declarado em diversos momentos. "Para de culpar a vaca da mãe dela, culpe a si mesmo, ela não sente falta de quem não conhece. Você é o pai que não dá atenção"

Ruth podia ter razão? A culpa seria minha? Confesso que sou viciado em trabalho e poderia pegar mais leve nos meus horários. Mas eu não queria chegar em casa e ver que eu sou um péssimo pai e não tenho ninguém além de empregados para conversar. Nem namorada, nem namorado.

A porta do escritório se abriu atraindo minha atenção e notei a baixinha com os braços cruzados e olhos castanhos determinados.

- Quelo passea, papa - bateu os pés.

- Agora estou ocupado.

- Quelo passea.

- Já disse que agora não, Olívia.

No mesmo instante Jane bateu na porta já aberta e pediu licença para entrar.

- Jane, arrume a Olívia e a leve no parque sim?

- Claro, senhor Payne. Vamos Olívia, deixa seu pai trabalhar.

A pequena olhou pra mim e para Jane antes de gritar a plenos pulmões.

- NO GOSTO DE OCÊ - e saiu correndo do escritório depois que notei seus olhos marejados.

O que eu faço, senhor? Passei as mãos no cabelo tentando manter a calma, essa situação só piorava a cada minuto.

- Se me permite senhor, acho que o senhor deveria colocar a Olívia em uma escolinha, assim ela socializa com as crianças da idade dela, vai ajudar.

- Já disse que ela está muito nova para isso.

- Mas senhor...

- Jane, por favor. Suba e arrume a Olívia para passear com ela.





POV ZAYN

- Você tem certeza disso, Zayn? - Harry perguntou esticando as pernas na grama - O escritório do seu pai é reconhecido, seria bom para você trabalhar, não?

- Eu não quero ser o filho do chefe, aquele que todos vão sempre questionar a competência. Quero conseguir as coisas pelo meu trabalho...

- Meu Deus, parece que eu estou em um filme com esse diálogo - Louis resmungou com a cabeça deitada no colo do namorado.

- Vai ignorar seu...

Minha atenção foi roubada por uma garotinha pequena que corria pelo parque, ela estava de saia rosa com uma blusa de alça branca, seus cabelos castanhos e lisos estavam presos em um rabo de cavalo fazendo ele balançar a cada passo. Ela olhou na nossa direção, deixando evidente seus olhos castanhos e quando sorriu, duas covinhas se formaram na sua bochecha gordinha.

Olhei em volta procurando algum adulto por perto para achar só algumas pessoas da minha idade jogados na grama conversando com seus amigos.

- A garotinha está sozinha? - perguntei olhando para Louis e Harry que estavam presos no próprio mundo. Meneei a cabeça e levantei para me aproximar da garotinha que pareceu assustada com a minha aproximação.

- Oi pequena... - me ajoelhei ficando na altura dela.

A prática com minhas irmãs dizia que se abaixar para falar com a criança era o melhor a se fazer. Notei seus olhinhos me analisando.

- Já sei, sua mamãe disse para não falar com estranhos, certo? - ela continuou quieta - Eu sou o Zayn. Você tá perdida?

- Fuzi da Jane - respondeu baixinho e me segurei para não apertar suas bochechas fofas pelo "fuzi".

- Jane é sua mamãe? Ele deve tá preocupada, eu te ajudo a procurar.

Ela meneou a cabeça rápido me fazendo arregalar os olhos.

- Non tem mama - abaixou os olhos e eu fiquei me perguntando com o que ela quis dizer com não tem mamãe - Jane non gota de mim.

- Aposto que gosta, quem não ia gostar de uma princesa que nem você?

- So plincesa?

- Claro que é, e como é seu nome princesa?

- Olívia.

- Que nome lindo princesa Olívia - ela sorriu deixando suas covinhas se aparecerem - Agora vamos procurar a Jane, sim?

- OLÍVIA PAYNE - escutei um tom severo e uma garota que devia ter 23 anos no máximo se aproximar e senti a pequena se esconder atrás de mim - Quer me matar do coração?

- Ela já está assustada - respondi me levantando.

- Eu também, se essa pestinha some eu perco meu emprego. Senhor Payne, não é muito paciente.

- Não a chame de pestinha.

- Ah garoto, cuida da sua vida - se aproximou e pegou a pequena no colo.

- ME SOTA, ME SOTA, SUA BUXA - gritou com a voz chorosa - Zaaaaaaz salva eu.

- Chega Olívia - se afastou e eu ainda conseguia ouvir o choro da pequena.

Elo •ziam version•Onde as histórias ganham vida. Descobre agora