Fantasmas do passado

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Traaac, traaac. Não resisto.

- Eu não vou te dar uma entrevista, Kimberly Nóbrega. Está perdendo seu tempo. Preciso que saia. Vou estar em campo daqui a pouco e tenho que terminar de me arrumar. Me deixe sozinho, por favor.

Não, não e não.

Eu não fiz tanto sacrifício para aceitar uma negativa como resposta. Ele realmente não me conhece ou saberia o quão teimosa eu posso ser.

- Apollo, por favor, pense melhor. Milhares de pessoas dependem de seus empregos na emissora. Eu estou aqui em nome delas. Eu sequer me interesso por esportes. Meu negócio mesmo é investigação, mas ainda assim estou aqui. Te peço apenas um pouco de compaixão.

Ele não me dá qualquer resposta. Ainda sem olhar para mim, calça as meias e o par de tênis como se tivesse todo o tempo do mundo. Era como se eu não estivesse mais ali.

Repentinamente, ele decide que vale a pena me dar mais um pouco de sua atenção. Levanta impetuosamente e para diante de mim. Sua cabeça vira de lado e sua boca se abre em um sorriso sensual, porém sinto uma ponta de ironia nele. O que virá em seguida? Estou pagando pra ver.

Sinto as batidas fortes do meu coração quando Apollo se inclina, aproximando sua boca do meu ouvido. Ele fala baixinho, liberando ondas de arrepios pelo meu corpo.

- Até onde estaria disposta a ir para conseguir essa entrevista?

Deus, ele está me oferecendo o que estou imaginando mesmo? Será que meus ouvidos não estão me traindo?

- O que você quer dizer com isso? Eu sempre dou o máximo de mim para conseguir fazer meu trabalho direito.

- Ótimo. Era tudo o que eu precisava saber.

Sem que eu esperasse, Apollo me encosta na parede e segura meus pulsos, levantando meus braços sobre a cabeça. Seu toque é bruto, mas ao mesmo tempo extremamente sensual.

Minha respiração está irregular e me sinto dominada por um perfume másculo, envolvente. Não há forças em mim para reagir. Não sei se quero reagir. Seu olhar cruza o meu e percebo que ele está afogado em um misto de desejo e ódio.

Procuro um fio de raciocínio que me faça entender o motivo que o levaria a sentir ódio de mim, mas meus pensamentos logo são nublados pelo que vem a seguir.

Sem qualquer toque de leveza, de forma bruta, Apollo me beija. Sua língua invade minha boca como se tivesse propriedade sobre ela e meu corpo responde ao poder de sua dominação como se tivesse encontrado o seu dono.

Seu beijo é faminto, guloso e está me levando à perdição. Me pego enrolando meus braços em seu pescoço na esperança de manter meus joelhos vacilantes de pé. Ele segura meu rosto com duas mãos fortes e intensifica ainda mais o beijo, se é que isso é possível.

Repentinamente, sinto um vazio entre nós. Ele abandona meus lábios inchados e sedentos por sentir um pouco mais do seu sabor e, parecendo irritado, cruza os braços diante do seu peito, tomando um tempo apenas para me fitar.

- Você quer muito essa entrevista, não é mesmo, Kimberly?

Ofegante, tento encontrar ar para proferir uma frase inteira.

- Por que fez isso? Eu sou comprometida, sabia? Eu sou noiva e não tenho o costume de sair agarrando jogadores de futebol por aí. Respeito meu relacionamento.

O filho da puta sorriu. Deus, e que sorriso. Eu pensei que o sorriso de Rafa era o mais bonito que eu já tinha visto. Infelizmente meu noivo acaba de ser superado. Apollo pode derreter uma calcinha apenas ao sorrir. Ele é estonteante.

Apollo: Quando o Amor está em Jogo À venda na Saraiva e Qualis EditoraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora