→ Chapter 34: Once more

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Minho estava estático, a visão tomada pelos lapsos de memória daquele dia doloroso. Ele não sabia dizer se estava vivenciando tudo mais uma vez ou se ainda estava no quarto.

Tudo soava confuso demais, as lembranças e a realidade se fundiam em uma só, assim como seus sons e sensações.

Em meio ao caos tomado pelo sangue, escutou algo. A voz de Jisung o chamando, como se viesse de longe, das nuvens, talvez. Ele sabia que aquele chamado era real, mas a própria mente insistia em aprisioná-lo.

Para Jisung, Minho estava imóvel, ainda agachado no chão. Não piscava ou respondia à sua voz. Ele tentou sacudi-lo, mas não obteve resposta mais uma vez.

Então, um único murmúrio, baixo, quase inaudível. Um único nome saindo de sua boca. Youngil. Minho agarrou os lençóis da cama, os olhos ainda sem focar em algum ponto, pareciam estar virados para o vazio.

Uma lágrimas escorreu, percorrendo o rosto dele em uma velocidade baixa. Jisung percebeu o que estava acontecendo e, preocupado, tentou tirá-lo do chão, mas não conseguiu. Então ele se sentou ao lado dele, acariciando as suas costas.

— Minho? — ele chamou uma última vez, sentindo os olhos encherem de água.

Dessa vez ele respondeu ao chamado. Os olhos se focaram em seu rosto, o horror marcado na íris, como se Jisung pudesse ver tudo também a qualquer momento.

Minho agarrou seu corpo, sentindo as lágrimas quentes descerem em um caminho por sua face. Abraçou-o com força, sem a intenção de soltar.

Jisung não disse nada, não perguntou o que tinha acontecido, nem se ele estava bem, apenas permaneceu em silêncio. Ele percebeu que Minho não precisava de palavras, ele precisava ser entendido em silêncio. Precisava dele.

Ele sentiu o pijama ficar molhado na região do ombro, as mãos de Minho apertando nas suas costas. Jisung não o soltou até que ele se acalmasse, recobrando a consciência aos poucos.

Minho respirou fundo uma última vez antes de dar dois tapinhas nas costas dele, um sinal de que já estava tudo bem. Ele o encarou com o olhar melancólico, afundado na tristeza que a própria mente lhe proporcionou. Sorriu mesmo com o peito apertado, mesmo sabendo que quase tinha chamado Jisung de Youngil mais uma vez.

Perdi a noção das coisas?

[...]

— Sungie, onde você pôs seu uniforme? — Minho subiu as escadas correndo, abrindo a porta do quarto com força. — Não está na secadora.

— Ah, eu já peguei. — respondeu enquanto tentava ajeitar a gravata. — Desisto. Faz você! — ele desfez o nó, deixando que Minho se aproximasse.

— Você não toma jeito. — ele riu, passando a mão pelo uniforme para tirar pelos de outras roupas. — Está muito bonito. Vai se sair muito bem mais tarde.

— Tem certeza? Eu não sei se vou conseguir fazer meu discurso na frente de todo mundo… — Jisung abaixou a cabeça.

— Vai sim. Eu confio em você. — Minho segurou seu rosto, levantando-o para que Jisung olhasse em seus olhos. — Mesmo que eu não possa estar lá, eu vou estar aqui torcendo por você.

— Uau, eu tenho o melhor namorado do mundo inteiro. — envergonhado, ele soltou uma risadinha.

— Eu que digo isso. — Minho olhava para os olhos castanhos de Jisung, os quais carregavam uma infinidade de histórias e memórias.

— Não me olha assim que eu fico com vergonha. — Jisung desviou o olhar sem graça, mas Minho não desviou. — Eu tô ficando com vergonha!

Minho se aproximou rapidamente, deixando um selinho rápido em seus lábios.

— Te amo. — ele ajeitou o cabelo de Jisung em seguida. — Está com fome?

— Você me beija, manda um te amo, mexe no meu cabelo e pergunta se eu tô com fome como se nada tivesse acontecido? — estalou a língua. — Eu não sei nem o que eu faço primeiro.

— Que você me ama eu já sei, agora não tenho como saber se está com fome. — Minho cruzou os braços, olhando para ele com satisfação.

— Depois dessa nem eu sei. — Jisung deu um soco fraco em seu ombro. — Eu preciso ir agora, Min. Até mais tarde. — saiu do quarto apressado.

— Tchau, boa sorte! — ele gritou, escutando apenas o sapato dele ecoando pelas escadas. — Se cuida!

— Pode deixar! — Jisung gritou antes de bater a porta no andar de baixo.

— Ele é mesmo um idiota. — Minho saiu do quarto. — Vou fazer algo para ele comer…

[...]

“Você ainda acha que consegue fazer algo direito?” Ele congelou ao escutar a voz do pai ecoando pela casa vazia. O quê? “Você sempre será um fracasso. Já nasceu como um.”

Minho tirou os olhos da batedeira, observando a silhueta do pai entrar pela porta. Suas pernas enfraqueceram ao ouvir a voz que há tanto tempo não ouvia, calafrios percorrendo cada centímetro do seu corpo.

Ele sacudiu a cabeça, sabia que aquilo era mais uma ilusão que a própria mente criou, mas a sua instabilidade o assustava, sentia que poderia misturar realidade e ficção a qualquer momento.

A figura se movia lentamente, adotando uma postura cautelosa. Minho sentiu o corpo desistir. Apoiou o corpo contra o balcão, o mundo girando ao seu redor, o ambiente ficando mais claustrofóbico. Ele segurou na forma do bolo, ainda com a farinha para untar.

Se arrastou até o chão, sujando tudo com farinha. Sua respiração era irregular, seus pulmões imploravam por mais ar, o peito subindo e descendo com mais intensidade a cada segundo.

— Desculpa. — murmurou quando a figura correu em sua direção, agachando ao seu lado. — Desculpa. Desculpa. Desculpa. — Minho apertou os olhos e abaixou a cabeça.

— Ei, Min. — a voz soou diferente. Era a voz de Jisung. — O que foi? Aconteceu alguma coisa?

Minho levantou a cabeça com o rosto vermelho e quente, as lágrimas se acumulando nos cantos dos olhos.

— Ah, me desculpe… Eu pensei que você fosse meu pai… — ele olhou ao redor, farinha espalhada por todo o chão. — Me desculpe… Eu sujei seu chão. Talvez nunca seja bom o suficiente para conseguir fazer algo.

— Para com isso! — Jisung o ajudou a se levantar. — Erros acontecem, tá tudo bem. Agora a gente só precisa fazer de novo, vai dar certo dessa vez.

...

O confuso se expande

⊹ ࣪ ˖


Oioie gente, não sou muito de por recadinhos no final dos capítulos, mas queria avisar que esse capítulo é mais como um filler e ficou bem pequenininho hihi

Infelizmente a história já tá chegando ao fim :((

Until Time Takes Us Apart • MinsungWhere stories live. Discover now