Aquele momento se tornou essencial como ar; ambos precisavam daquilo. Toda a descarga emocional deles se dissipou ali, todo o amor presente naquele quarto — iluminado apenas pela luz tênue de um pequeno abajur — superava quaisquer sentimentos negativos. A reciprocidade os fazia sentir confortáveis, a confiança transbordava e preenchia o ar que entrava pela janela entreaberta.
Por fim, após longos minutos, o beijo se desfez, sendo logo seguido por uma troca de olhares, os quais transmitiam alegria, eles sabiam agora da paixão compreendida e que não precisariam esconder qualquer tipo de relacionamento que surgisse.
Minho se sentia nas nuvens, antes seus sentimentos pelo amigo eram confusos e inexplorados — e ele pensava que deveria enterrá-los o mais fundo que conseguisse. Em contrapartida, aquele instante acabou com todas as suas limitações, Minho agora poderia cogitar assumir sua sexualidade a todos sem medo de julgamentos, mas sua insegurança e traumas não o deixariam tão cedo.
Jisung estava extasiado, havia se apaixonado no mesmo instante que viu Minho, mas ele não fazia ideia até aquele momento de que tal sentimento era correspondido. A vitória havia chegado para ele, finalmente encontrou alguém que também sentia o mesmo.
Um silêncio embaraçoso subitamente surgiu, tomando o lugar do — anterior — conforto que sentiam. Eles se encaravam envergonhados, porém seguravam as mãos um do outro, ambos com a dúvida do que se seguiria dali para frente.
De maneira repentina, batidas suaves e lentas foram ouvidas do exterior do quarto, rasgando completamente a quietude do ambiente:
— Ji? Está aí? — a voz de Misook ecoou do outro lado, parecia urgente.
Jisung logo se levantou, acordando de seu transe e abriu a porta, dando de cara com a mãe.
— Ah, oi mãe. Precisa de alguma coisa? — a mulher soltou um suspiro ao encontrar o filho.
— Eu e seu pai vamos viajar agora, nosso voo foi adiantado para hoje e eu queria me despedir de vocês dois, mas não tava te achando. — Misook abriu os braços para abraçar o filho, mas logo percebeu a iluminação quase inexistente do cômodo, parando a ação e voltando a olhar para Han. — Aliás, o que vocês tão fazendo aí?
— Um trabalho de escola, mãe. — sorriu enquanto começou a abraçá-la, tentando desviar o foco do cômodo, sabendo da desculpa ruim que havia inventado.
— Fazendo trabalho com a luz apagada, Jisung? — a mulher deu uma risada e se separou do abraço. — Tchau, meninos. Juízo hein!
Misook beijou e bagunçou os cabelos do filho, que apenas murmurou uma reclamação. Minho se levantou e foi até ela, sendo também abraçado pela mesma.
Logo, saiu da porta e a fechou, deixando-os sozinhos na fraca iluminação novamente.
O clima pesado se instalou mais uma vez, os olhares confusos voltaram a se encontrar, dizendo tudo o que as palavras, que se recusavam a sair não diziam: aquele beijo não foi apenas um momento sem sentido ou levado por emoções passageiras, era algo genuíno, que vinha crescendo silenciosamente dentro de cada um.
— Bem, acho que já tá na hora de eu voltar pro meu quarto, ainda não tomei banho. — Jisung disse enquanto se virava para sair, tentando quebrar o clima. — Você deveria fazer o mesmo.
— Hm... Verdade... — Minho ainda estava envergonhado demais para formular frases corretamente, estava falando baixo, seu rosto corado encarando o chão e evitando contato visual com Han.
Jisung saiu do quarto sem dizer mais nada, toda a emoção e confiança de minutos atrás havia se dissipado, seu coração estava acelerado e a respiração encurtada, suas mãos suavam frio e tremiam, o cortisol e a adrenalina estavam a mil.
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Until Time Takes Us Apart • Minsung
Romance[Em andamento / capítulos iniciais sendo reescritos] 「 Lee Minho é um adolescente que cresceu em um período pós-guerra na Coreia, marcado pela opressão de pessoas fora dos padrões da época e pelo alto conservadorismo familiar. Ele não podia ser que...
