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E é assim que se mantém uma rapariga acordada a noite toda. Dando lhe um beijo e depois partir.
Depois de tantas interrupções ele finalmente beijou me. Era o que eu queria e pelos vistos também era o que ele queria mas agora não sei o que pensar. Um beijo não quer dizer nada, certo? Mas sinto borboletas na barriga e coro só de pensar no momento.
Impressionante como um beijo tão rápido me tira o sono.
Ontem à noite a minha mãe ligou me a dizer que chega daqui a três dias.

Por volta das cinco da manhã levantei me porque, se não tinha adormecido até agora também não ía adormecer.
Fui pôr me debaixo do chuveiro e deixei que a água fria congela se aquele pensamento. Escusado será dizer que não resultou.
Vesti uma camisola de malha bordô e umas calças justas pretas. Calcei as botas e penteei o cabelo deixando o solto.
Fui à cozinha e bebi o mesmo de sempre.
Tinha uma mensagem de voz no meu telemóvel. Do Kyle.

Vem ter comigo ao prado.
Não te preocupes não é nenhum treino só... Preciso de falar contigo. Até logo.

O Kyle precisa de falar comigo! Será por causa do beijo? E se é por causa do beijo? Oh meu Deus é por causa do beijo!
Ao menos vou ficar esclarecida sobre o que é que significou para ele, se bem que eu nem sei o que significou para mim. Agora estou mais confusa.
Peguei na mala e fui para o prado de carro.

Quando cheguei ele já lá estava sentado na relva seca e sorri me quando me vê. Retribuo o sorriso e sento me ao seu lado.
-Então, do que querias falar comigo? - pergunto com uma voz mais ansiosa do que eu queria deixar transparecer.
O seu sorriso aumenta quando começa a falar.
-Não te preocupes porque não vais ser mais atacada por vampiros por causa do teu sangue que na verdade é igual a todos os outros.
Não vai falar do beijo...
-Como é que sabes? - perguntei tentando não demosntrar o meu descontentamento pelo rumo da conversa.
-Estive a investigar, tal como te disse que ía fazer, e fui falar com o clã daqueles vampiros. Não ficaram muito satisfeitos por os termos matado mas eu ainda aqui estou e em segurança. Eles disseram que te viram sozinha na floresta e eu achei estranho porque só lá foste comigo e nunca sozinha. Certo? - confirmei com a cabeça - Pronto. E depois fui até à matilha de lobisomens mais próxima e eles mostraram me isto. - no ecrã do seu telemóvel está a imagem de uma rapariga morta. Essa rapariga é igualzinha a mim. Senti um arrepio que me atravessou a espinha.
-Ela está... - morta?
-Sim.
-E ela é... - vampira?
-É humana.
Engoli em seco.
-Esta é a rapariga que eles procuravam. O sangue dela é que cura a febre dos lobisomens. Os lobisomens acabaram com ela para manter a vantagem da sua raça sobre a nossa. Todos os clãs foram informados e contactaram me a dizer que estavas em segurança.
-Isso é muito bom! - sorri - tirando o facto que morreu uma pessoa, é muito bom!
Abracei o mas arrependi me logo de seguida. Nunca um abraço foi tão constrangedor como aquele. Ambos ficámos imóveis até que eu o larguei e me levantei.
-Tens mais alguma coisa para falares comigo? - pergunto esperançosa.
Ele hesita um pouco antes de responder.
-Não.
E desvia o olhar.
-Então adeus, Kyle.
-Adeus.
Começo a andar até ao carro e dirijo me para casa.

À noite, antes do jantar, estava a ver televisão e senti me sozinha. Não costuma acontecer. Afinal, eu já estou habituada a ficar sozinha em casa durante muito tempo. A minha mãe e o meu pai estão muitas vezes fora.
Pensei em Kyle e em como eu precisava urgentemente de respostas.
Fui à cozinha e enchi um copo com sangue. Ainda não me habituei a esta frase: "Copo com sangue". Não me sinto nada à vontade em dizer isto mas é a realidade.
Sentei me e estava a começar a minha refeição quando a campainha da porta me interrompe.
Suspiro e levanto me para ir ver quem é. Fico surpreendida quando vejo aqueles olhos verdes a olharem me fixamente.
-Kyle?
-Precisamos de falar! - diz entrando sem esperar pela minha permissão.
Agora tenho a certeza que é por causa do beijo.

Mordida pelas SombrasWhere stories live. Discover now