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Kyle tinha um fato azul turqueza vestido. Igual aos outros enfermeiros.
-Mia? O que é que fazes aqui?
-Isso pergunto eu!
-Eu trabalho aqui.
Trabalha?
Kyle agarrou me no pulso e levou me até uma sala isolada. Entrámos e as paredes estavam cobertas pelos frigoríficos gigantes e nos seus interiores... Sacos de sangue. Mais adiante vi uma caixa cheia daquelas garrafas que o Kyle me dá. Tudo começa a fazer sentido agora.
-Então é daqui que vem o sangue humano que me dás? Do hospital? Tu não podes roubar assim o sangue!
-Eu não roubo. O dono do hospital sabe.
Fiquei confusa. Como assim sabe? Não é muito normal alguém pedir para levar sangue.
Kyle viu a minha confusão e explicou tudo.
-O dono do hospital é o Sr. Ryan Kendal. Ele também é vampiro e muitos dos funcionários daqui também são e ele dá nos uma parte do sangue que o hospital recebe quando os dadores de sangue cá vêm. Acredites ou não, até à gente que vem cá só para nos dar sangue. Por isso não te preocupes não estás a beber sangue roubado.
Olhei para baixo envergonhada. Ele aproxima se e puxa o meu queixo para cima delicadamente e sorri quando olho para ele.
-Não fiques embaraçada. Eu já estava a achar estranho não perguntares onde é que eu arranjava o sangue.
A sua mão deixou o meu queixo, pegou na minha mão e apertou a suavemente. Sorri. Quente.
-Mia!
É a minha avó. Estraga momentos.
-É a minha avó. Deve estar à minha procura.
Largo a sua mão, mesmo não querendo, e saio da sala. Kyle vem atrás de mim.
Avisto a minha avó e corro até ela. Ela olha para mim e sorri e Kyle fica ao meu lado.
-Foi uma vampira a fazer me as análises. Era muito simpática.
Kyle olha para mim em pânico.
-Ela sabe. - sussurro.
Mesmo assim não relaxou.
-Vocês vieram daquela sala? Sozinhos? - perguntou ela apontando para a porta da sala de onde saímos.
Nenhum de nós respondeu e ela riu se.
-Vamos Mia?
-Sim, avó. Adeus Kyle!
-Adeus!

No carro a minha avó começou o ataque de perguntas.
-É teu namorado?
O quê?!
-Não! Eu e o Kyle? É claro que não! - a minha voz saiu mais tremida do que eu esperava. Porque é que estou nervosa afinal?
-Então o que é que faziam naquela sala sozinhos?
-Falávamos.
A minha avó não parece muito convencida mas é a verdade.
Antes que ela pudesse continuar o interrogatório eu falei primeiro.
-Chegámos avó.
-Obrigada pela boleia, querida. - ela sai do carro - Tens ali um vampiro jeitoso.
Rio me. Como é que ela distingue os humanos dos vampiros?
Despedimo nos e fui para casa.

Kate jantou comigo mas não passou cá a noite pois ía ao cinema com o Jared.
Vi um filme e adormeci mal caí na cama.
Mas não dormi por muito tempo. A meio da noite ouvi um barulho no terraço e fui ver.
Vesti o meu casaco com capuz preto por cima do meu pijama que é uns boxers pretos e uma t shirt cinzenta.
Espreitei pela janela do terraço e não vi nada nem ninguém. Deve ter sido imaginação minha.
Voltei a fazer o meu caminho até à cama mas algo partiu o vidro da janela e caí no chão com o impacto e o susto.
Levantei me rapidamente e olhei para a janela partida. Vi três sombras a entrarem.
Engoli em seco e fui recuando enquanto as figuras continuavam a avançar.

Mordida pelas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora