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Abri os olhos assustada. Estou na minha cama.
Tenho uma ligadura no pulso o que confirma que os acontecimentos de ontem à noite foram reais.
Levanto me devagar e vou até ao terraço e depois à cozinha. As janelas estão intactas e não há vestígios de sangue nem de cadáveres. Estranho.
Em cima da bancada da cozinha estava um bilhete.

Acho que deviamos treinar também defesa para o caso de mais como eles voltarem a atacar.
Já fui tentar tratar do assunto.
Vêmo nos hoje à tarde no prado para uma aula de auto defesa.
Kyle

Mais aulas...
A minha mãe ligou disse que em poucos dias ela volta. O meu pai continua em viagem.

Tomei um longo banho quente e deixei me estar deitada na banheira durante algum tempo a relaxar.
A ligadura saiu do meu pulso quando me estava a secar com uma toalha. Já não havia corte nenhum. Curei me depressa, mas acho que já estava à espera disso visto que sou vampira.
Seco e penteio o cabelo cabelo prendendo o com um rabo de cavalo. Visto uma camisola de alças preta, umas leggins da mesma cor e as botas com atacadores.
Fui ao frigorífico e tinha uma garrafa nova com um bilhete colado.

De nada.
O cavalheiro, Kyle

Dei por mim a sorrir e depois ri me da minha reação. Fiquei maluca de vez.
Bebi um pouco, peguei na mochila e saí.
Hoje fui a pé pois está um dia fantástico e decidi aproveitar.
Cheguei primeiro que Kyle mas ele não se demorou muito.
-Olá. - cumprimentou me.
-Olá.
-Que noite, hã?
-Mesmo...
-Hoje vamos treinar aqui.
Assenti e ele aproximou se. Num movimento rápido eu estava no chão. Senti uma dor nas costas com o embate no chão e soltei um gemido de dor. Kyle estendeu me a mão para me ajudar a levantar.
-Regra número um: Nunca te distraias nem por um segundo do teu adversário. - diz puxando me para cima para eu ficar de pé.
-Nem sabia que eras meu adversário. - resmungo esfregando as costas com a mão e recuando um pouco.
Kyle avança a correr para outro golpe. Eu desvio me e começo a rir me.
-Não me apanhas duas vezes!
O

meu sorriso desaparece quando não vejo Kyle em lado nenhum.
-Regra número dois: Nunca te aches vencedora antes de venceres. - sussurra ao meu ouvido e com outro movimento rápido estou no chão outra vez. Desta vez magoei o ombro.
Queixo me e vejo a mão dele estendida para me ajudar mais uma vez.
Agarro na sua mão mas ele não me ajuda a pôr de pé. Ele puxa me contra ele, iça me para o seu ombro e depois rebola para o chão ficando eu deitada na relva seca de barriga para cima e ele por cima de mim sustendo o seu corpo com os cotovelos que estão um de cada lado da minha cabeça.
Ele sorri e diz.
-Regra número três: Nunca confies no teu adversário.
Não sai de cima de mim. Começo a sentir a temperatura a subir tal como o meu nervosismo devido àquela proximidade entre nós. O toque do seu corpo contra o meu quase escaldava. A minha respiração era irregular e a dele também. A sua boca estava entreaberta tal como a minha. Os nossos narizes quase se tocam...tal como os nossos lábios. Os seus olhos fixam os meus e sinto me absorvida pelo verde do seu olhar. Não sei se ele está tão nervoso como eu, mas de uma coisa tenho a certeza. Ambos queremos o mesmo.
Com a minha perna empurro o para cima e agarro o nos ombros invertendo as nossas posições. Agora estou eu por cima.
Mostro um sorriso triunfante e sussurro.
-Regra número um e três: Nunca te distraias nem confies no teu adversário.
Dito isto levanto me deixando o deitado a olhar para mim surpreendido.
Solto o cabelo e pego na minha mochila pronta para me ir embora.
-Queres boleia? - pergunta Kyle depois de se levantar, esfregando a parte de trás do pescoço. Ao passar tanto tempo com ele reparei que só faz aquilo quando está nervoso. Sorrio com a ideia de o fazer sentir assim.
-Claro!

A viagem foi em silêncio e para a tornar mais constrangedora aumentámos o volume da música ao mesmo tempo e as nossas mãos tocaram se. Retirá mos as mãos rapidamente. Ele começou a esfregar o pescoço de novo e eu coloquei o cabelo à frente da cara para ele não me ver sorrir.
-Chegámos. - disse ele.
Não saí logo do carro. Respirei fundo e reparei que a minha mochila estava no banco de trás. Kyle também reparou e virámo nos os dois para trás ao mesmo tempo fazendo com que os nossos corpos se tocassem.
A temperatura no carro começou a aumentar. Ou então foi só a minha. As nossas caras tão próximas uma da outra. Ele olhou para os meus lábios e depois para os meus olhos. Começou a aproximar a sua boca da minha. Já quase a sentia, mas isso não aconteceu. O meu telemóvel tocou e estragou o momento.
Agarro na mala.
-Eu devia ir...
-Sim... Até amanhã Mia.
-Adeus.
Saio do carro e entro em casa.
Olho para o telemóvel e vejo que o que nos interrompeu foi uma mensagem sobre uma promoção qualquer na pizzaria. Agora estou frustrada.
Poucos segundos depois alguém bate à porta. Dirijo me lá e abro a. À minha frente estava Kyle.
Não me deu tempo para reagir ou falar, simplesmente prendeu a minha cara entre as suas mãos e beijou me. Um beijo intenso, inesperado e rápido. Quando acabou sorriu e disse.
-Já estava farto de interrupções.
E foi embora.

Mordida pelas SombrasWhere stories live. Discover now