Dia 15

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Sidney – 02 pm

Agência de Monitoramento de Atividade Extraterrestre – Divisão Austrália

Katherine Hobbes caminhava pelos corredores bem iluminados da AMAE, enquanto passava os olhos pelo relatório recém-chegado da sede em Nova Iorque. O número de mortos e desaparecidos sob circunstâncias que se encaixavam na classificação de Contato Imediato estava aumentando. Além disso, pessoas desnorteadas e/ou comportando-se de maneira hostil, anoxia repentina em grandes áreas, seguida ou não pela invasão de animais descontrolados e agressivos, tudo isto começava a formar um padrão. Tinha recebido um comunicado informando que a sede europeia estava deslocando uma unidade militar para um hospital em Atenas, onde uma médica da ala pediátrica havia feito seus pacientes de reféns e arremessado os outros funcionários pela janela. Aquilo estava à beira de se tornar um caos mundial.

Chegara à Sala de Exames 1. Enquanto o médico responsável deslanchava informações sobre o estado de saúde físico da paciente humana e o fato de que não haviam conseguido extrair nenhum dado concreto a respeito do outro paciente, Katherine se aproximou do vidro chumbado que lhe separava dos dois indivíduos dos quais deveria conseguir extrair alguma informação útil. Uma parede os separava entre si, também; não só a parede física, como o que parecia ser uma muralha entre seus comportamentos.

A jovem, Darri Jones, tinha os cabelos opacos e um tremor contínuo percorrendo-lhe o corpo às vezes sacudia-lhe os ombros, os braços, as pernas, ou lhe causava um esgar no canto da boca. Segundo a ficha médica, estava tomando fortes medicações e sendo mantida sedada, na maior parte do tempo. Fora ela quem acionara o serviço de emergência, dias atrás, reportando um ataque de crocodilo em uma enseada. No entanto, quando a equipe chegou, ela estava deitada no chão, em posição fetal, balbuciando coisas sem sentido e chorando. Um rapaz, que dizia ser seu amigo, informou à equipe que ela era mentalmente instável e que ele próprio não sabia nada sobre qualquer ataque de crocodilo. Foi só depois de alguns dias que a AMAE encontrou o relatório da chamada e resolveu checar a ocorrência. Surpreendentemente, o Indivíduo A, Eithan Johnson, não havia desaparecido ou feito qualquer coisa estranha à sua rotina, segundo os seus pais; embora também não tenha manifestado qualquer reação ao estado de saúde de sua amiga e ao desaparecimento dos seus outros dois amigos, os quais a senhorita Jones alegava estarem mortos. Indiferente era a melhor palavra para descrevê-lo; mesmo ali, sentado em uma sala dentro de uma base militar ultrassecreta, sob a supervisão e análise de vários cientistas.

— Eu vou entrar para falar com ele.

— Mas diretora... ainda não conseguimos estabelecer contato com o indivíduo A. Ele simplesmente não diz nada e parece nem dar atenção aos nossos esforços. Fizemos os exames e ele não esboçou nenhuma reação.

— O que os testes disseram?

— Bem, ele não é humano, por certo. Mas não temos a menor ideia de sua constituição. É como se ele fosse feito de uma série de fluidos instáveis e capazes de sofrer mutação quase instantaneamente.

— Eu vou entrar.

A InvasãoWhere stories live. Discover now