Forçada a me adotar - Capitulo 21

34.4K 2.8K 851
                                    

- Alyce, o que diabos...?! - Ela se virou pra mim, com os olhos arregalados. Jane fez o mesmo, balançando a cabeça, pedindo em silêncio pra eu não arranjar encrenca. Alyce engoliu em seco, e não fez nada, além de ficar me olhando. Virei pra Jane, e perguntei:

- O que aconteceu? – Estava assustada com a cena.

- Nada - Jane balbuciou rapidamente. Eu caminhei até ela, que pareceu querer recuar. Ela secou as lágrimas rapidamente. Agachei do lado dela, e vi que seu rosto estava com um enorme hematoma.
Abafei uma exclamação de surpresa, e olhei pra Alyce, como se ela fosse um monstro.

- Porque você bateu nela?! O que ela fez?! - Eu berrei, mesmo sabendo que ela não iria entender. Jane arregalou os olhos, e balançou a cabeça desesperadamente, mas ela queria que eu ficasse quieta diante daquilo?! Minha raiva deu lugar ao espanto quando Alyce falou com um forte sotaque, tirando uma arma da cintura:

- Menina imbecil! Acha mesmo que eu não lhe entendo? Já estou cheia de você! Mimada! Quando fui forçada a adotar essa coisa, devia ter pensado mil vezes antes! - Ela disse. Senti meus braços tremerem, e meu estômago ir pra garganta com aquela arma apontada pra minha cabeça. Jane respirava pesadamente, assustada, recomeçando a chorar. Levantei as mãos lentamente, como o único pensamento que me ocorreu. O olhar de Alyce era pesado.

- Você sabe de mais. SE VOCÊ FICASSE QUIETA NO SEU CANTO, ESTARIA TUDO BEM, MAS NÃO TEM QUE SE ENTROMETER - Eu engoli em seco, mesmo não sabendo do que ela estava falando.

- Eu não sei do que... Do que você está falando... - Eu disse, tremendo. Alyce continuava com a arma apontada pra mim. Quando eu disse isso, ela arreganhou um sorriso, depois começou a rir histericamente.

-Você sabe muito bem do que estou falando. - Ela gritou, rindo. Minha cabeça fervia de perguntas, passava milhares de palpites e ideias naquele momento, qualquer coisa, mas tudo que eu mais tinha medo era que ela fizesse alguma loucura com aquela arma apontada pra minha cabeça.

Jack desceu lentamente da escada, indo se postar do lado de Alyce, com um sorriso cínico nos lábios, tentei pensar em alguma coisa boa, mas surpreendi-me ao ver que a primeira coisa que veio na minha cabeça foi Logan, logo após Lolla, meus pais, depois as lembranças boas se tornaram pesadelos passando para a casa incendiada. Os corpos dos meus pais, eu tremia da cabeça aos pés, agachada do lado de Jane, que soluçava cruelmente.

- Eu só não te mato agora, porque tem aquele idiota do seu advogado na sua cola. Ele iria desconfiar, porém não vou dar mais nada pra você, PESTE. O que eu não faço por dinheiro hoje em dia... – Alyce disse rindo pra Jack, que sorriu, friamente.

- Negra imprestável, tranque-a lá, dentro do sótão, aproveite e fique lá também, idiota. Não saia de lá de dentro ao meu comando, e não ouse deixar essa burra sair também. - Ela disse, pra Jane, que levantou rapidamente, soluçando. Alyce gargalhou e bateu em sua cabeça. Jane me levantou e a mesma chorava compulsivamente mal conseguindo ficar em pé.

Alyce me acompanhou com os olhos, até eu subir as escadas com Jane, que me conduziu pra frente do meu quarto, mas em vez de entrar nele, ela me conduziu para o outro lado que havia uma pequena sala totalmente vazia aonde até nossos passos faziam eco, com uma escadinha do lado da parede. Ela me levou até lá, e subiu as escadas, empurrando uma portinha que tinha no teto. Eu subi as escadas me relutando, quando passei pela porta senti o cheiro de pó, e assim que consegui ver o sótão, dei de cara com várias caixas empoeiradas, uma mísera janelinha no alto, e um pequeno espaço, onde tinha um colchão sujo. A outra parte do sótão era coberta com teias de aranhas.

Fechei a porta de modo desconfortável. Jane se encolheu do lado de uma caixa, e começou a chorar. A cada soluço que ela dava mais meu coração parecia apertar, e minha garganta parecia fechar aos poucos.
Sentei no chão e olhei para o teto. Algumas partes das telhas estavam quebradas, o que com certeza fazia com que chovesse lá dentro.
Observei Jane e pensei no que aconteceu, meu corpo estava paralisado.

Perguntei-me onde e com quem eu estava. Assassinos? Ladrões? Foragidos? Tudo e mais um pouco?

Engatinhei até Jane, e a observei. Meu estômago estava dando voltas sem parar.

- Jane... - Eu tentei dizer, mas minha voz saiu baixa e falha, a mesma ergueu a cabeça pra mim, sorri tentando quebrar o gelo - O que... O que aconteceu? - Eu finalmente disse, quase perdendo a calma.
Jane me olhou, por alguns segundos se acalmando. Logo depois, voltou a tremer com os soluços.

- A... Alyce... Não é o que você pensava... - Ela disse gaguejando. Encostei-me a uma caixa, nervosa, e disse:

-O que ela fez e por quê? - Eu perguntei, tentando resumir mil perguntas em apenas uma.

- Alyce... Aceitou dinheiro de uma estanha para lhe adotar... - Ela disse nervosa e de modo baixo, prestando atenção se ninguém ouviria.

- Prossiga... - Eu disse, afinal queria saber o que estava ocorrendo.

- Você não é a primeira criança que ela adota por dinheiro... E logo depois é morta por ela sem que ninguém saiba... - Ela disse, fazendo uma pausa. Fechei os olhos, tentando respirar.

- Alyce te adotou por milhões de dólares de um casal. Ela também já adotou milhares de crianças, e ficou rica por isso. Pagavam para ela adotar as crianças, mas com o passar do tempo, ela matava todas.

- Quem pediu pra ela me adotar? – Para de perguntar o porquê e pergunte quem.

- Não tenho essa informação.

- Eu preciso saber, por favor, me diz!

- Eu não sei senhora! Se eu soubesse eu lhe diria! – Jane disse nervosa. Esfreguei as mãos, e perguntei:

- Porque ela te bateu?

- Porque descobri que foi ela quem matou o cachorro da senhora. - Ela disse, entre soluços. Abri a boca atônita e pensei em descer e matar Alyce, mas lembrei-me de que ela tinha uma arma.

- Eu menti pra senhora. Menti dizendo que Taylor, a irmã de Alyce era má. –Ela deu uma breve pausa me fazendo ficar confusa- Alyce que matou Taylor! Taylor era menina feliz e sorridente. Alyce era assassina, matando a irmã arremessada da escada, dessa mesma casa. - Ela disse, chorando. Eu senti um calafrio ao lembrar que sempre que eu passava pela escada, eu tinha a sensação de que iria cair.

Não ligue para o passado, foque no presente.

- E agora?! O que vamos fazer? - Eu perguntei. Jane me olhou, tentando respirar:

- E agora nada. Ou Alyce te mata... Ou você escapa daqui. O que é impossível. - Ela sussurrou.

- Porque ela faz isso? - Eu perguntei. Não fazia sentido. Sair matando, sem ter por que. Nem com motivo se mata uma pessoa.

- Porque ela faz isso? Simples. Prazer de matar. Maníaca. Como Jack.

Tem alguém aí? - Volume 1 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora