Capítulo 8: Onde?

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-Eu já disse que não sei onde tá tua filha mulher! -disse August aumentando o tom de voz perigosamente - ela é uma vadia burra e isso é culpa sua, você que é a mãe dela deveria saber onde ela se meteu.

-Não se faça de idiota August, sabe muito bem que Tessa não sairia sozinha no meio da noite!-Luize sempre demonstrou ser calma, mas agora tinha bons motivos para perdê-la.

-Vai ver ela cansou de ser o bichinho de estimação da mamãe -seu tom era viscoso repleto de veneno.

-Olha aqui seu infeliz, não sei quem você pensa que é...mas não vai gostar de saber quem eu sou-a raiva transparecia a cada palavra.

-E eu lá tenho medo de você! Olha para minha cara sua idiota, sei muito bem que você gosta de uma falácia.

-Eu só quero que você diga onde está Tessa! Você é o único além de mim que tem uma chave da nossa casa, quando levantei a porta estava aberta e a gata abrindo o berreiro do lado de fora...FALA INFELIZ!

-NÃO SEI ! mas pelo andar da carruagem ela deve tá do outro lado do mundo agora, dentro de uma caixinha igual um passarinho...-o homem grisalho movia os dedos de acordo com as palavras.

-Eu sabia que não deveria trazer alguém de fora aqui, mas você vai me devolver minha filha por bem ou por mal.

Luize apesar de uma mulher mais velha tinha seus truques na manga, seu passado escondia muito mais do que ela costumava mostrar.

Saber que sua filha estava correndo perigo por seu descuido, que poderia se machucar lá fora e não saberia se defender por nunca ter sido ensinada antes a deixava cada vez mais paranoica.

Não havia planejado manter sua menina isolada para sempre, foram 21 anos, mas o tempo ia se esgotando e cada passo deveria ser dado com cuidado.

"Eles não podem te machucar se não souberem que continua viva? Podem?"

Orion Vale, dezembro de 1987

Luize Weber, 7 anos

Querido Papai Noel, tia Eli disse que meus pais foram para o céu e que antes disso uns homens maus fizeram dodói neles.

Esse ano eu fui uma menina boa, ajudei Robert a colher amoras docinhas para a torta que sua mãe ia fazer (ps: se você não lembra ele é o garoto fofo que vira urso e mora na casa ao lado).

Robert é meu melhor amigo do mundo inteiro, ele deu um soco em Alfred quando o garoto ficou zombando de mim por ser diferente (ps: eu queria de presente de aniversário minha transformação, quero brincar com as outras crianças que viram urso...mas se não puder me mande um gatinho, o meu foi para o céu viver com mamãe e papai).

Orion Vale, outubro de 2001

Luize Weber, 21 anos

-Robert, eu não estou gostando nada disso-disse a mulher de cabelos escuros.

-Só mais um pouquinho girassol, eu prometo que vai adorar a surpresa!-o mais alto mantia o corpo da jovem grudado ao seu enquanto tinhas as mãos sobre seus olhos, impedindo a sua visão.

-Não me venha com gracinhas, você sabe que não sou fã delas durante o dia!

-Estamos chegando amor, você e esse seu mau humor matinal...

-Você sabe que não é algo matinal!

Cada passo os deixava mais próximos do bosque de Foz em Orion Vale, conhecido por ser onde ficavam as cabanas mais bonitas e poucos vizinhos ao redor .

Luize nunca foi conhecida por ser bem humorada, já Robert era gentil e amável com todos, suas personalidades eram um belo contraste mas tinha um belo encaixe. Enquanto ela não o deixava ser passado para trás por sua bondade, ele não a deixava se perder em sentimentos obscuros.

-Te apresento nossa humilde morada! -disse soltando a jovem e removendo a mão de seu rosto.

-Nossa?-seu tom era vulnerável, um que Luize nunca deixava transparecer a alguém além de seu noivo.

-Sei que deveríamos ter escolhido juntos, mas quando fiquei sabendo desse lugar não tive dúvidas de que deveria ser nosso-falava olhando nos olhos da sua companheira- Mas se você não...

-Eu amei, é tudo muito lindo Rob -juntou seu corpo ao do homem, passando suas mãos pequenas sob a pele quente e fazendo carinho nas costas do mesmo.

Luize e Robert se conheciam desde sempre, a família Bjorn e Weber criaram seus filhos juntos, até mesmo a garota que havia sido adotada por Elie esteve próxima da família vizinha.

A adaptação da garota foi simples, afinal era apenas um bebê e não conhecia outra realidade, mas tudo mudou quando a idade veio e a interação com as crianças shifters se tornou enfadonha.

"Bjorn deixa essa garota e vem brincar com a gente...não sabe que ela é um urso sem transformação? Ela vai te passar!"

"Ela nem mesmo pode falar com seu urso, coitadinha!"

"Não, você não pode brincar! Você pode contar se quiser"

"Minha mãe me disse que você não tem papai nem mamãe e nem mesmo pode se transformar "

Em uma noite Robert viu Luize em prantos por se sentir inferior, então conversou com a mesma e a convenceu a treinar defesa básica com o intuito de melhorar sua autoconfiança.

"Você pode se sentir pequena, mas saiba que tem alma grizzly".

Orion Vale - atualmente;

Tessa teria que aguentar o quanto pudesse, Luize sua mãe lutaria com unhas e dentes pela filha e não tinha medo algum de manchar suas mãos com um pedaço de trapo no processo.

Alguém de seu passado um dia disse "você pode até se sentir pequena, mas tem alma de urso, nunca será pequena em seu coração" serei forte, serei grizzly em minha alma até meu último dia.

-Não pretende abrir o bico August? Sabe que eu vou adorar tirar as respostas de você na marra.

-O que você está fazendo mulherzinha? Não tem amor pela sua vida? acha que pode me ameaçar e ficar por isso.

-Vamos pelo jeito difícil...-o primeiro golpe foi desferido na nuca do sujeito, August não era esperto e ágil, apenas muito falador. Logo o impacto o deixou atordoado.

Luize era treinada de muitas formas, além das habilidades físicas tinha passado por muitas situações que tomaram mais do que ela gostaria de dar de si mesma. Às vezes a exaustão dos confrontos e lutas trazia paz e a deixava anestesiada sobre tudo e todos.

-Nem sempre as pessoas são o que pensamos, não é mesmo August?

Esse momento era sobre as respostas rápidas então o confronto teria que esperar, estava adiado mas não acabado e deixaria August sentir um pouco antes que isso terminasse.

-As vezes é melhor seguir em frente, andar em linha reta antes de mexer com quem não conhece...ou pode acabar em uma cova com sete palmos de areia servindo de cobertor.

Se aproveitando do estado atordoado do infeliz, ela o golpeou mais uma vez o levando a inconsciência, só então poderia amarrá-lo e cuidar de todo o resto. Ele era apenas uma pedra no sapato da mulher, tinha quase certeza que seu problema não seria extinguido com o sumiço do homem insignificante.






Olá queridos leitores!
Aqui é a Holly 🥞🍓

"Por essa vocês esperavam? O que acham da atitude da mãe da Tessa? Antes tarde do que nunca ou sem chances..."

Votem e comentem, boa leitura!

Bambi- A garota dos ursosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora