Capítulo 1: Maldição

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¹ "Lágrimas salgadas molhavam meu rosto, mas eu não sentia coisa alguma, um urso, apenas um urso sem alma e sem perdão. Doses e mais doses de veneno não apagariam a dor que causei àqueles que um dia me amaram; eu levaria a dor e a amargura, pois me foram destinadas".

Orion Vale, outubro de 1980

Os ânimos se exaltavam a cada palavra discutida pelo homem e a mulher que um dia foram um casal e agora, mais pareciam desconhecidos discutindo o destino comum de sua filha. Era primavera quando se conheceram e a primavera marcava ciclos para os dois: a paixão, o nascimento e enfim, o término.

"-Ela é humana, Aziel, eu tenho certeza - Disse a mulher de cabelos loiros quase brancos.

-Mas isso é impossível, temos sangue de urso nas veias e a criança deveria tê-lo também.

-Ela é nossa, Aziel, mas não carrega nossa herança Grizzly... talvez tenha algo a ver com a maldição.

-A maldição foi algo antigo, Luna, algo sobre meu pai e meu avô que não chegou a me afetar. Faria sentido afetar nossa menina?

-Eu também não entendo, mas não tenho outra explicação. Eu falei com Eli sobre tudo e pedi para tomar conta de nossa criança enquanto procuramos uma solução, temos que saber o que está acontecendo e se isso pode afetar de alguma forma seu futuro.

-Fez certo, partiremos amanhã ao amanhecer para contatarmos alguns anciões - disse o homem enquanto se aproximava do berço e acariciava sua filha - Luna?

-Sim...

-Eu sei que ela é nossa..."

Orion Vale, março de 2025

Deletar, excluir, esses são alguns dos sinônimos de apagar que encontrei no dicionário velho que mamãe guarda na cômoda de madeira polida ao lado de sua cama

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Deletar, excluir, esses são alguns dos sinônimos de apagar que encontrei no dicionário velho que mamãe guarda na cômoda de madeira polida ao lado de sua cama. Eu provavelmente não deveria estar nesse quarto agora que August se mudou para nossa casa, mas só me aventuro assim quando os dois me deixam sozinha à própria sorte.

-Você é uma garota crescida, Tessa, vista suas calças de menina grande e tome conta do seu destino - falou encarando o reflexo no espelho.

-Bobagem, você não consegue enganar nem a si mesma com esse discurso... tem medo de tudo e todos, mamãe não me deixa nem sair.

-Eu estou presa nessa casa, a única que me entende é Estela - disse com a gata em seus braços, essa que soltou um ronronar alto seguido de um miado estridente.

-Já entendi, senhora dona da casa... ração, você quer ração. Acho que deveríamos tentar uma dieta, o que acha? - A gata miou fortemente enquanto lambia os pelos da pata.

-É, pensando bem, eu também não gosto da ideia, mas mamãe ficaria feliz.

Tessa nunca se incomodou com seu peso, ela não era magra como as garotas na televisão, mas adorava as dobrinhas e curvas que lhe foram dadas.

Seus cabelos loiros quase brancos formavam cachos no topo da sua cabeça em um coque; quando soltos, tinham tamanho médio e eram lindos para ela, seus olhos azuis quase cristalinos que não sabia de quem teria herdado assim como o montante de outras coisas, já que nunca se pareceu em nada com sua mãe.

O dia correu normalmente, abrindo espaço para a lua lá fora. Tessa adorava passar seus dias devorando um novo livro, o atual era um romance erótico, apesar de só descobrir isso após iniciar a leitura, já que a capa era bem discreta e isso iria livrá-la do olhar julgador de sua mãe.

Apesar de ser maior de idade há algum tempo, sua mãe não aceitava o fato da filha estar crescendo e a mantinha debaixo de rédea curta, vestidos eram permitidos, mas apenas aqueles abaixo dos joelhos, sem maquiagem, sem celular, apenas ela, Estela e os livros que lhe foram dados de presente.

-Hoje August não vem para casa? - Questionou Tessa, torcendo para que a resposta fosse a esperada.

-Você sabe que ele agora é meu marido, ele vem sim! Vai chegar mais tarde.

-Mais tarde? E como ele vai entrar? Vai esperar ele acordada, mãe?

-Ele tem as chaves, agora chega de perguntas e bom sono, filha, vou descer para fechar a porta.

A noite me abraçava de uma forma tão aconchegante e prazerosa, eu poderia até esquecer que estou presa em minha própria casa por conta desses momentos de paz.

Já passava da meia-noite quando senti mãos grossas tapando minha boca e segurando meus braços. Tentei me debater, mas o homem devia ter o dobro do meu tamanho, olha que não me considerava uma mulher pequena com meus 1,65 e quase 70 quilos.

A porta estava aberta e eu não conseguia ver muita coisa além dos clarões da noite, isso me fez questionar quem deixou a porta aberta e apagou as luzes.

-Xiii, coisinha.

-Eu prometo não te machucar agora, peças danificadas são devolvidas, mas nunca totalmente dispensadas.

-O idiota não mentiu quando disse que a enteada era uma coisinha bonita.

Maldição! Não pode ser, que tipo de monstro August era para entregar a filha da sua esposa para Deus sabe o quê esses brutamontes pretendem fazer.

-Vou tirar a mão para pôr a mordaça na sua boca, nem pense em fazer alguma gracinha, eu não tenho medo de quebrar um ou dois ossinhos do seu corpo.

O medo, eu culparia o medo e o desespero mais tarde. Gritei tão alto quanto podia, como se meu próximo suspiro dependesse daquela ação.

Tudo aconteceu muito rápido, o som não tinha totalmente saído da minha boca antes de sentir uma mão grande apertando meu pescoço, e aquele momento ficou marcado em minha pele, com certeza. E em um segundo, tudo desapareceu.

 E em um segundo, tudo desapareceu

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Olá queridos leitores 🥀

Esse capítulo foi curtinho, ainda estou estabelecendo uma rotina para as publicações.
(beijos da Holly)

Bambi- A garota dos ursosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora