Capítulo 3: Companheira

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Odiava correr pela floresta todas as semanas, meu urso era o tremendo de um preguiçoso, mas não diria isso em voz alta

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Odiava correr pela floresta todas as semanas, meu urso era o tremendo de um preguiçoso, mas não diria isso em voz alta. Só tinha uma coisa que seu urso não admitia e era perder.

Então correndo com mais vigor acabei pegando um dos atalhos que Lola descobrira na tarde anterior ao correr para a floresta e esconder mais uma vez sua bolinha roxa.

"Longe, rápido"
-Vou chegar antes de todos, não precisa grudar na minha bunda.

Homem e urso dividem um só corpo, uma só alma, mas não os mesmos pensamentos, afinal o urso sempre era mais instintivo e selvagem. Algumas vezes arranhava as bordas da consciência ao ponto de balbuciar palavras simples.

"chegar, longe, olhar"
-já disse que falta pouco, chegaremos antes de todos nesse ritmo.

Sentiu uma coceira insistente ao se aproximar das árvores mais espessas que ao serem deixadas para trás dariam lugar à margem do riacho.

O que não chegava a ser algo comum, só se sentiu assim uma vez ao livrar seu irmão mais velho de uma armadilha de urso quando crianças e desde então ele nunca mais baixou a guarda. Podia brincar e provocar, mas tinha olhos atentos em cada movimento e ouvidos sintonizados em cada ruído que da floresta emergia.

"Companheira, caixa"

Fiquei confuso afinal essas palavras eram novas, meu urso nunca tinha citado a palavra companheira antes, apenas o instinto de acasalar logo e marcar mas nunca a ligação de companheiros. Parando vagarodamente os meus passos próximo a parte densa que se formava ao redor do riacho, vi uma cabana de caça, aquela mesma que eu e meus irmãos usavamos como esconderijo quando crianças.

"-Tanta mulher e nenhuma para nosso uso próprio Joe"

"-Com a grana que essas belezinhas vão dar...a gente pode ter quem quiser, um nível mais alto"

Seu urso rugia a cada palavra dita pelos homens, o gosto amargo tomava conta da boca ao associar os contêineres parados em frente a cabana exalando medo e um leve cheiro doce vindo dos dois, mas o que roubou sua atenção foi aquele que tinha um leve cheiro de amêndoas e pêssego maduro. Esse lhe causava arrepios, mas não do tipo que faria seu urso rasgar e morder, daquele que o faria se perder em meio ao prazer.

"-Eles chegam pela manhã para levar as garotas e o dinheiro tá na conta, vou embora para bem longe...viver do bom e do melhor "

"-Mas uma brincadeirinha não tira pedaço vai, a ruiva é bem gostosa"

"-Não sei cara...se ela fugir..."

"-A gente pega! Ela é uma e nós somos mais forte que uma garota que acabou de sair das fraldas"

"-Vou buscar a coisinha, mas tem que prometer não contar para eles ou o plano já era cara"

"-E eu lá tenho cara de quem fode com os planos por causa de uma buceta".

Bambi- A garota dos ursosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora