26. Aos olhos de Sana

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Minatozaki Sana

Noite passada, Jihyo se confessou 'pra mim. Não é como se eu nunca tivesse percebido o quanto ela gosta de estar ao meu lado, é só que eu não parava muito 'pra pensar sobre isso porque ela é minha melhor amiga e... Sua falta de intenção em revelar seus sentimentos era, de certa forma, reconfortante. Parecia seguro viver ali. Mas, tudo tem mudado ultimamente. Eu, ela, Dahyun, até mesmo Momo que veio contar que acha que 'tá apaixonada. Apaixonada pela Dahyun... Logo ela, eu não consigo ignorar isso! São nesses momentos que percebo mais do que nunca que eu não tenho controle sobre nada. Não importa o quanto eu me esforce, a tempestade sempre chega.

Sra. Feifei, minha psicóloga, disse que a vida é como aquela citação de Heráclito:

"Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio. Pois quando se entra novamente, não se encontra as mesmas águas e o próprio ser já se modificou."

Mas, então... Como faz 'pra continuar gostando de uma pessoa que nunca vai parar de mudar se eu mesma nunca vou parar de mudar? São mudanças demais, então as chances de tudo dar errado são enormes. Eu queria saber... Em que momento Dahyun me olhou diferente e porquê, o que fazíamos, onde estávamos, sobre o que falávamos. Porque eu sei o instante, o motivo, lugar e o que ela fez e disse 'pra tudo mudar dentro do meu coração.

E não me orgulho disso.

Apesar de não ver um final feliz 'pra essa história cheia de linhas tortas, dói não poder estar juntinho da Dahyunie como costumávamos ficar. Ela é uma pessoa tão boa, me preocupa o que presenciei de sua confissão. Ela 'tava no limite. Aflita, tremendo e chorando com medo de me dizer o que sentia. Com medo de como eu reagiria. Com medo de... Mim. E só de pensar que fui eu que causou isso, não consigo me perdoar. Não é justo com a Dahyun, ela merece estar cercada de coisas boas, merece ser amada sem quaisquer interesses egoístas e merece ter a liberdade de amar de volta sem receios.

Sei que jamais poderia ser essa pessoa 'pra ela, apesar de desejar profundamente ser capaz. Continuaria errando com a Dahyun até o ponto dela cansar de mim e decidir ir embora. Ou pior ainda: concordar em viver infeliz ao meu lado pelo resto da vida porque é assim que ela é... Dahyun é a pessoa mais gentil que já conheci. E eu não posso simplesmente prendê-la comigo, não posso assistir seu brilho desaparecendo por minha causa, não posso tirar sua voz e fazê-la chorar como eu acabei fazendo mesmo sem intenção alguma. Eu voltaria a me odiar por isso... E mal aprendi a me amar direito.

Não posso estar com ela dessa forma, mas gostaria muito que continuássemos amigas 'pra sempre. Não sei se em algum momento eu deixaria de querer tocá-la ou se o meu coração pararia de bater tão forte na presença dela, mas eu daria um jeito de fingir o contrário só 'pra vê-la feliz e tê-la por perto.

Livre.

Sem obstáculos no caminho – no caso, eu e minhas loucuras. Tudo o que ela me deu e proporcionou que eu não consegui retribuir, tudo isso, espero que ela tenha em dobro, triplo, o que for. É tudo o que eu mais desejo agora, além de ter equilíbrio emocional, me encontrar profissionalmente e aprender a amar a mim mesma verdadeiramente, deixando de lado o luto e as comparações rotineiras com Haru. Só que o mínimo pensamento da Dahyun retribuindo os sentimentos da Momo me enlouquecem! Não 'tô pronta 'pra isso.

Talvez, nunca esteja.

E, nesse momento, meu egoísmo grita mais do que tudo e eu já não penso em mais nada se não nos meus próprios sentimentos e interesses. Odiei ter ficado sabendo que Momo gosta dela, por que tinha que ser a Dahyun? Eu quero ser uma pessoa melhor, mas 'tá difícil... Não consigo me controlar, não quero ninguém tão perto dela assim. Meu estômago se revira, meu corpo ferve, minhas mãos suam frio.

Bloom Me - SaiDaWhere stories live. Discover now