24. Ponto final: o fim das canções

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Depois do musical, muitas coisas mudaram. Com essas mudanças: Novembro chegou, Sana continuou desempenhando perfeitamente suas funções como presidente do Conselho Estudantil, mas agora estava fazendo terapia. Tinha virado trainee de uma gravadora e parecia verdadeiramente leve, tão leve que a necessidade de estar e ficar com Dahyun o tempo inteiro já não existia mais.

Não como se a felicidade da japonesa dependesse pura e somente daquele sentimento para continuar existindo, estava aprendendo a não temer a incerteza do amanhã. Aprendendo a admirar as pequenas coisinhas no presente. Queria viver o agora, dar uma chance a si mesma e ser pega de surpresa mais uma vez pela beleza da casualidade, sem esperar pelo melhor ou pior das situações, apenas se deixar levar como uma onda no mar.

Depois de tantos anos planejando cada um de seus passos até o musical, era bom não sentir aquela pressão obsessiva de ter que ser perfeita vinte e quatro horas por dia em todo canto. Era bom sentir que tinha algo, que fazia parte de algo, que não estava sozinha. Sem pensar em Haru e no que ela faria, o que diria se estivesse no seu lugar. Seu amor pela menina Kim soava exatamente assim, por isso não quis abrir mão quando teve contato com tamanho conforto. Mas, agora ela enxergava uma imensidão além daquele sentimento e tudo graças a Dahyun.

Nem sempre era fácil aceitar que as coisas eram direcionadas a ela, mas Minatozaki foi atrás de ajuda porque queria acreditar nas palavras da coreana. E tudo que antes costumava desabafar exclusivamente para Dahyun, passou a contar para sua psicóloga, seus pais e Jihyo se esquecendo muitas vezes de compartilhar com a mais nova porque estava ocupada demais falando sobre outras coisas. Eram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Era surreal, era o máximo.

Os colegas que fizera como trainee não sabiam como ela era na escola, lá na gravadora Sana não era a presidente do grêmio com as melhores notas do colégio, não era a garota que todos admiravam e queriam namorar, era só Sana: a menos experiente do grupo. Mesmo que Mina e Momo também fizessem parte daquela realidade, não existia qualquer expectativa em cima dela, muito pelo contrário, tudo o que faziam era ajudá-la, sem cobranças, bem como no musical.

Na verdade, era melhor que o musical. Infinitamente melhor. Sana nunca achou que pudesse realmente pertencer a algum lugar ou que sentiria vontade de fazer as coisas por si mesma, que seria acolhida, que teria um mundo todo de possibilidades fora o amor que nutria por Dahyun e sua irmã. Era fascinante. O que ela não via era que, certas vezes, parecia excluir a garota de sua vida quando não a contava o mínimo, como o fato de ter assinado um contrato de trainee com uma gravadora. Ou quando impedia que Dahyun retribuísse o gesto que fosse com a desculpa de que ela não era a apaixonada ali. Sana dizia estar feliz em apenas dar amor, não esperava de volta.

Acontecia com atos de serviço...

— Hyunie, já falei que lavo sozinha. — Minatozaki praticamente a expulsou da cozinha de sua casa, negando ajuda com a louça. A tirou do chão, carregando-a até o sofá no colo. A pôs sentadinha lá. — Fica aqui.

— Mas, eu quero ajudar. — Ela enfatizou, contrariada. — Se lavássemos juntas, a gente podia ficar livre mais rápido, Sana-unnie.

— Não te chamei aqui pra lavar louça, chamei porque te amo. — Sana a deu um beijo, abrindo um sorriso besta depois. — Então, faça algo divertido enquanto eu não volto. Porque depois vai enjoar de tanto me ver e muito provavelmente sua bateria social vai toda embora, vamos poupá-la pro que importa.

— Isso não--

— Já decidi, fique aí.

Acontecia com presentes...

— Pra você. — Dahyun entregou um livro de romance para Sana, depois que passaram horas conversando no outro dia sobre a sinopse do mesmo após a chegada dele na livraria de sua família. A mais velha pegou, sorrindo para ela. — Depois me fala se gostou?

Bloom Me - SaiDaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora