Capítulo 16 | Março de 2021

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“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”.
— Provérbios 28:13-14.

Durante o jantar, Faní percebeu que, dessa vez, não precisava preocupar-se em camuflar os próprios sentimentos

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Durante o jantar, Faní percebeu que, dessa vez, não precisava preocupar-se em camuflar os próprios sentimentos. Ed estava tão envolvido com a conversa da mesa que nem a percebia. Notou certa reserva da parte dele em relação à Mary, mas, ainda assim, era nítido a quem sua atenção pertencia naquele momento.

Faní já tinha aceitado a verdade, mas isso não fazia doer menos.

Mudando o próprio foco, passou a prestar atenção em Camila e Tim, que mantinham uma conversa à parte.

— Talvez devesse tentar. É uma graduação bem diversa, você poderia atuar em várias áreas.

— Não sei, eu odeio matemática.

— Sabe que em todas as faculdades tem matemática, não é? Acho que só Letras não tem.

— Aí me complicou, não gosto muito de ler.

— Como consegue ser amiga da Faní? — Tim perguntou, percebendo a atenção da prima sobre eles. — Ela fala de livros toda hora.

— Uai, eu não gosto do ato de ler, mas gosto de ouvir minha amiga falar. Tem uma diferença.

— Jura, ela consegue falar quando está com você?

Isso fez Camila abrir a boca, em choque.

— Ei, não te dei essa liberdade! Me respeita!

— Estou só brincando com você, Camila. — Tim sorria.

— Não sei por que eu ainda tento conversar com você, Timóteo! Sempre acaba me irritando.

— Se você me chamasse de Tim como todo mundo, talvez eu fosse mais legal.

— Vai esperar sentado!

Ela cerrou os lábios, negando-se a continuar a conversa que até então estava indo bem. Camila havia perguntado a Timóteo como era o curso de administração, pois estava pensando na possibilidade de fazer aquela graduação, e ele respondera como gente normal até certo ponto. Sempre aproveitava qualquer mínima situação para tirá-la do sério, o que, diga-se de passagem, não era lá muito difícil.

Na hora da sobremesa, para redimir-se, Tim pegou um pedaço extra de bolo de chocolate com cobertura para dar à Camila. Ela aceitou, mas não abriu a boca além do necessário para dizer “obrigada”. Faní anotou mentalmente uma pergunta que queria fazer à amiga.

Depois de comerem, as duas pediram licença e foram para o quarto da Prado. Tia Alice até as chamou para assistirem “Prova de Fogo” com o restante da família e Mary, mas Camila se adiantou em negar pelas duas.

— Desculpa te privar do seu filme favorito, mas eu quero mesmo conversar com você — explicou à amiga, sentindo um tremor acometer suas mãos. Caminhavam em direção ao quarto de Ed, onde pegariam um colchão para Camila dormir.

Lago de Algodão | releitura de Mansfield Park, de Jane AustenWhere stories live. Discover now